Share the post "Rainha Isabel II. As lições de moda (e atitude) deste ícone pop"
“Quero ser famoso como a Rainha de Inglaterra” – já dizia Andy Warhol, em referência à Isabel II. Não há como negar que a Sua Majestade atravessou sete décadas solidificando a sua imagem como, entre outras coisas, um símbolo pop inabalável.
Dos looks monocromáticos aos cabelos brancos platinados, sem retoques, do batom vermelho ou cor-de-rosa, de sempre, aos incontáveis modelos de chapéu que apresentou ao mundo… Sem nos podermos esquecer das suas tradicionais malas retangulares, cujas réplicas foram vendidas aos milhares às suas súditas. Há uma lista de lições de moda e beleza que a monarca deixou.
Vamos ver algumas?
O legado de moda e beleza: 7 inspirações
Falar de uma mulher de tantos tempos, que atravessou gerações a inspirar não apenas pelo seu papel de liderança, talvez implique falar da sua elegância. Não foi uma mulher de tendências, dado o seu papel de soberana, mas foi fonte de inspiração também na moda e na beleza. Duvida? Então acompanhe as lições que Isabel II nos deixou.
Batom, sempre. Cor-de-rosa, de preferência
Se há um produto de beleza que foi companhia pública da rainha ao longo de toda a sua trajetória, não haja dúvidas: foi o batom. Nunca faltou e foram várias as situações em que, diante de todos os holofotes, o retocou com o seu espelho de mão.
Dons tons cor-de-rosa aos vermelhos, desde sempre os tons mais chamativos nunca foram um problema para a Sua Majestade.
Cabelos brancos, sem retoques
A monarca passou pelo tempo sem ceder a questões de padrão estético. Envelheceu como os anos lhe permitiram e bastava olhar para a sua pele e para os seus cabelos para perceber que o padrão era construído por si.
Nos fios, foi do castanho natural ao grisalho, até atingir o platinado que marcou a sua imagem dos últimos anos. O corte permaneceu mais ou menos o mesmo, desde à juventude – sóbrio e simétrico.
Pele hidratada, sempre
Foi rainha até aos seus 96 anos e se alguma característica estética marcou as suas aparições públicas, sem dúvida, a sua pele foi uma delas – impecavelmente hidratada.
Malas que fizeram história
Ao longo dos seus 70 anos de reinado, houve um acessório que nunca falhou: a sua mala de eleição.
O chapéu nunca pôde faltar
O chapéu foi aquele acessório que tornou-se numa marca registada da monarca – diríamos, até, que a sua coleção reúne peças dignas de exposição em museus.
Mas será que sabia que, para além de ser um item tradicional no armário da rainha, carregava outras funções? Proteger do sol durante as longas aparições públicas era uma delas, mas há mais: as penas coloridas e chamativas, em cores mais ou menos berrantes, serviam para distinguir a realeza.
Lenços nunca foram demais
Enquanto o chapéu era aquele item de moda destacado para os grande eventos, os lenços percorreram a história de Sua Majestade durante os seus momentos mais casuais – como os passeios no campo, em que tantas vezes foi fotografada e que tanto adorava.
Looks monocromáticos
Dos tons pastel aos mais mais berrantes, sempre foi certo o seu visual monocromático. De cima abaixo, um só tom e a mesma elegância real que se viu ao longo de 70 anos de reinado.
Vermelho, violeta, turquesa, verde néon, rosa (blush ou fúcsia) foram algumas das cores que marcaram as aparições públicas dos últimos anos da rainha.
O ícone pop
Claro, nunca foi apenas um legado de moda e beleza. Mesmo na velhice, Isabel II saltou muros, quebrou barreiras e fez as delícias dos fãs da monarquia. A série “The Crown”, o filme “The Queen”, a canção “God Save The Queen”, do grupo punk Sex The Pistols, os inúmeros retratos feitos pelos maiores nomes da pintura britânica – e, até, pelo artista (alternativo e pop) Banksy. Quem não se recorda do retrato da rainha, numa versão muito Ziggy Stardust, inspirado no icónico David Bowie?
Quer se goste mais, quer se goste menos… A verdade é que os anos só ajudaram a criar uma imagem destinada a marcar a história.
Acompanhe as grandes lições da monarca britânica, que vão muito para além das suas escolhas de moda.
A suprema feminista
Olivia Colman, atriz que interpretou a Rainha Isabel II na quinta temporada da bem sucedida série The Crown, e vencedora do Oscar, definiu o seu mergulho na personagem monárquica como surpreendente. “The ultimate feminist”, foram as palavras que usou para descrever aquilo que descobriu ao vestir a pele da rainha.
Isabel II não foi uma feminista declarada, é facto. Não usou das palavras para defender claramente os direitos das mulheres (ao menos não na política) e esteve, mais do que uma vez, envolvida em momentos disruptivos que puseram em causa a posição de mulheres como Diana e Meghan Markle – personagens importantes do seu clã. Mas precisamos recordar que toda a sua movimentação pública teve como base a suprema subtileza.
Então, o que faz de Elisabeth uma figura feminista? Ora, vejamos 5 factos. Eles falam por si.
Na família real, foi a primeira mulher a servir as Forças Armadas
Isabel II foi a a única Chefe de Estado do mundo a servir durante a Segunda Guerra Mundial. Foi, ainda , dentro da família real britânica, a primeira mulher a servir às Forças Armadas.
Era responsável por conduzir camiões e aprendeu, inclusive, a arranjar carros durante o conflito histórico.
Conduziu um carro com o rei da Arábia Saudita
Se não se lembra, vamos recordar este episódio histórico: durante a visita do Chefe de Estado da Arábia Saudita, o rei Abdullah, Isabel II agarrou no volante e levou o convidado para um passeio pela sua propriedade de Balmoral, Escócia. O lugar do pendura foi ocupado, propositadamente, pelo líder de um país onde, na altura (2003), as mulheres não tinham o direito de conduzir.
Alterou as regras de sucessão ao trono
Até 2011 as regras da monarquia eram claras: o herdeiro, com direito ao trono, seria sempre o (homem) primogénito do monarca. A rainha deu à volta à questão de género: a partir de então, se o neto William tivesse uma primogénita, ela seria indicada ao posto máximo da monarquia britânica.
Andou sempre “à frente” do marido
Segundo o protocolo que rege a tradição da família real, a família caminha sempre numa ordem de “importância” na hierarquia. Assim, a rainha esteve sempre à frente do príncipe Filipe, falecido em 2021.
A ordem respeita a linha de sucessão ao trono de Inglaterra, ou seja, Elizabeth vinha sempre antes de Filipe, Carlos, Camilla, William e Kate.
Pagou salários mais altos às mulheres
Isabel II promoveu a igualdade salarial e valorizou o trabalho feminino.
A Comissão de Igualdades e Direitos Humanos do Reino Unido, em 2018, tornou público um relatório que mostrava que a rainha pagava salários mais altos às mulheres – apesar de empregar mais homens em cargos superiores.
Entre os empregados da Casa Real Britânica, na altura, as mulheres recebiam mais 8,3% por hora.
Foi símbolo de liderança no feminino
Talvez seja este o maior feito de Isabel II, naquilo que diz respeito ao feminismo: ocupar o espaço que ocupou. Ser uma líder máxima, uma mulher distinguida no topo, ao lado de grandes líderes mundiais (em geral, homens).
Curiosidade: em 2015, em Londres, a rainha foi a fala de abertura da 100ª reunião do Women’s Institute (WI), no Royal Albert Hall. O seu discurso comemorou as conquistas das mulheres ao longo do último século.
Subtileza monárquica nas mensagens políticas ao mundo
As atitudes da rainha foram grandes até mesmo antes do fim da sua monarquia. É difícil não recordar que, em março deste ano, após vencer a Covid-19, Isabel recebeu o Primeiro-Ministro do Canadá, numa visita ao Reino Unido para debater a situação da Ucrânia com Boris Johnson. Na foto oficial, atrás da rainha e de Justin Trudeau, um enorme vaso com flores amarelas e azuis – cores da Ucrânia – saltaram à vista. Uma subtil, porém não silenciosa, mensagem de solidariedade ao país invadido pela Rússia em fevereiro.
Durante o mesmo mês, a rainha doou uma quantia generosa, de valor nunca anunciado, a uma plataforma de apoio e ações humanitárias que destinam suportes a refugiados ucranianos. De recordar que a soberana foi, também, conhecida pelas doações a causas humanitárias.
Será que conhecia as grandes lições da rainha Isabel II? Encerramos com uma convicção: entre admiradores e aversos, guerras, casamentos e divórcios, paparazzis, polémicas e grandes crises, o reinado mais longo da história de Inglaterra tem muito o que ensinar, até hoje, sobre branding pessoal, estilo e imagem, mas marca a história, também, por ser um case de sucesso naquilo que diz respeito à diplomacia, lealdade e superação – no feminino.