Teresa Campos
Teresa Campos
04 Mar, 2024 - 11:54

Refluxo gástrico: como atenuar a azia e a regurgitação

Teresa Campos

O refluxo gástrico e a azia são problemas relativamente frequentes, sobretudo entre os adultos. Conheça as causas e sintomas.

Quando falamos em refluxo gástrico, referimo-nos à chegada de conteúdo ácido do estômago ao esófago. Este refluxo, por si só, não é uma doença. Porém, quando há outros sintomas associados, como lesões na parede esofágica, então estamos perante aquilo a que se pode chamar de doença de refluxo gástrico.

Esta doença pode afetar mulheres e homens de todas as idades e pode ser erosiva e não erosiva, em função das caraterísticas das lesões provocadas. Fique a saber mais.

Refluxo gástrico: tudo o que precisa de saber sobre este problema

Causas e fatores de risco

Na origem do refluxo gástrico, estão anormalidades nos movimentos e na estrutura do esófago e/ou no funcionamento do esfíncter esofágico inferior. Alguns dos fatores de risco para este problema são:

  • Diabetes;
  • Hérnia do hiato;
  • Diminuição da saliva;
  • Deitar-se logo após as refeições;
  • Obesidade;
  • Gravidez ou tratamento com estrogéneos;
  • Tabagismo;
  • Doenças do tecido conjuntivo e/ou doenças que aumentem a secreção de ácido no estômago;
  • Alguns medicamentos;
  • Ingestão de alimentos como citrinos, gordura, chocolate, pimenta, derivados do tomate, cafeína e álcool.

Sintomas

A intensidade, a duração e a frequência dos sintomas de refluxo gástrico podem variar de pessoa para pessoa. Contudo, os seus sintomas mais comuns são azia ou pirose e regurgitação.

  • Azia: pode definir-se como uma sensação de queimadura na região central do tórax, a qual também se pode expandir para o pescoço e para a boca. Geralmente, este sintoma surge depois das refeições, agravando-se na posição deitada ou inclinada para a frente.
  • Regurgitação: carateriza-se pela sensação ao nível da boca ou da garganta de conteúdo gástrico ácido refluído e misturado com pequenas porções de comida não digerida.

Outros sintomas possíveis

  • dor na parte central do tórax;
  • dificuldade em deglutir;
  • dor ou sensação de “nó” na garganta;
  • produção excessiva de saliva;
  • tosse crónica;
  • falta de ar;
  • dor de ouvidos;
  • gengivite;
  • rouquidão;
  • anemia;
  • úlceras;
  • vómitos com sangue.

Diagnóstico

O diagnóstico do refluxo gástrico pode seguir vários passos e etapas. Alguns dos elementos a considerar podem ser:

  • história clínica do paciente;
  • prova terapêutica: prescrição de medicamentos que inibem a secreção de ácido do estômago, seguida de avaliação da evolução dos sintomas;
  • endoscopia digestiva alta;
  • radiografia do esófago, estômago e duodeno;
  • pHmetria: introdução de um cateter da narina até ao estômago que, durante 24 horas,  avalia o pH do esófago;
  • manometria esofágica: exame que avalia a posição e a função do esfíncter esofágico inferior e dos movimentos do esófago.

Tratamento

De um modo geral, o problema do refluxo gástrico pode ser tratado através da prescrição de medicamentos que diminuem a secreção de ácido pelas células do estômago. Alguns desses fármacos podem ser: inibidores da bomba de protões, antiácidos e protetores da mucosa gástrica. Em casos mais graves, pode ser sugerida cirurgia anti refluxo, através de uma laparoscópica.

Além disso, são aconselhadas algumas mudanças no estilo de vida, tais como:

  • Evitar alimentos que agravem o problema;
  • Evitar excesso de peso ou obesidade;
  • Evitar comer, duas horas antes de ir dormir;
  • Fazer refeições pequenas e frequentes;
  • Não ingerir bebidas alcoólicas;
  • Não fumar;
  • Não usar roupa apertada;
  • Não praticar exercício físico após as refeições;
  • Elevar a cabeceira da cama.
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Refluxo gástrico: consequências possíveis

A inflamação continuada do esófago ou os recorrentes processos de cicatrização/adaptação da mucosa aos fatores agressores podem conduzir a alguns problemas.

  • Esofagite: carateriza-se pelo surgimento de erosões ou úlceras causadas pelo ácido e pela consequente destruição da mucosa do esófago. Alguns dos sintomas deste problema são: dor, hemorragia e/ou dificuldade de deglutição.
  • Estenoses do esófago: a cicatrização da esofagite pode diminuir a largura do esófago, provocando estenoses que dificultam a passagem dos alimentos. Em alguns casos, pode ser necessário proceder a dilatações destas regiões.
  • Esófago de Barrett: situações recorrentes de refluxo gástrico podem conduzir à adaptação e transformação da mucosa do esófago, originando o Esófago de Barrett, o qual é mais propício ao desenvolvimento do cancro esofágico, principalmente em homens de idade mais avançada.
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