Se já sonha com o dia em que vai deixar de trabalhar, certamente que todas as ideias para que se possa reformar mais cedo são bem-vindas.
Se o objetivo é aproveitar mais a vida, poupança, disciplina financeira e investimento são as palavras-chave.
Com a subida da idade da reforma (que apesar de uma descida em 2023 se vai manter acima dos 66 anos) e as questões da sustentabilidade da Segurança Social, quem está em idade ativa pode sentir que o momento da reforma está ainda demasiado longe. Ou que, quando chegar essa etapa, o seu rendimento vai baixar substancialmente.
Por isso, a perspectiva de se reformar mais cedo e de manter um bom nível de vida pode parecer impossível. Mas será mesmo assim?
Reformar mais cedo: 12 dicas para se preparar
A não ser que cumpra as condições para pedir a reforma antecipada, reformar-se mais cedo sem penalizações pode parecer difícil. No entanto, e independentemente da idade que tem neste momento, há formas de conseguir alcançar esse objetivo.
Comece a poupança o quanto antes
Se está no seu primeiro emprego e acha que ainda é demasiado cedo para pensar na reforma, este aviso é para si: se começar já a preparar a sua reforma, tem mais hipóteses de deixar de trabalhar antes de atingir a idade legal para o fazer.
Quanto mais cedo começar a poupar, mais depressa e mais facilmente pode atingir um montante que lhe permita viver confortavelmente quando deixar a vida ativa.
Além disso, quanto mais cedo começar a poupar e a investir, maior será a sua tolerância ao risco. Isto é, como tem ainda tempo para recuperar eventuais perdas, pode optar por investimentos sem capital garantido, que geram por norma maior rentabilidade.
Os PPR (Plano Poupança Reforma) são uma boa forma de economizar, tendo em vista o objetivo a longo prazo e sem um esforço desmesurado. Quanto mais cedo subscrever este produto, mais benefícios fiscais terá.
Crie um complemento de reforma
A qualquer momento da sua vida ativa deve considerar a criação de um complemento de reforma. Isto é, algo que lhe permita, após a reforma, ter um rendimento extra para compensar a sua pensão.
A ideia é compensar os rendimentos perdidos e poder viver confortavelmente na velhice. Isto é ainda mais relevante para quem se quer reformar mais cedo. As opções que lhe permitem ter uma renda vitalícia existem tanto no setor público como no privado e podem ser a solução para ter mais dinheiro disponível quando deixar de trabalhar.
Calcule quanto vai precisar na reforma
Para ter uma noção exata de quanto vai precisar de poupar, terá que calcular também quanto dinheiro terá de ter de lado para viver dignamente se se reformar mais cedo. Lembre-se de que antecipando a reforma terá mais anos sem trabalhar, logo, menos dinheiro a entrar.
Faça contas às suas necessidades da altura, não esquecendo cuidados de saúde que com o avançar da idade são maiores. No entanto, nessa altura é possível que já não tenha despesas com dependentes ou com créditos.
Contabilize o número de anos que lhe faltam até se reformar mais cedo para perceber quanto precisará de poupar por mês.
Não mexa nas poupanças para a reforma
Se começou a poupar para a reforma, não caia na tentação de usar esse dinheiro para trocar de carro, ir de férias ou para outro fim diferente do que foi destinado.
Para evitar ter de mexer nessa poupança, garanta que tem um fundo de emergência para fazer face a situações de doença, desemprego ou outras que possam provocar uma quebra de rendimentos.
De forma a garantir que o dinheiro que está a poupar para se reformar mais cedo fica intacto, faça uma poupança realista. Ou seja, mais vale poupar menos por mês, mas de forma regular, do que ter de usar essa poupança para pagar despesas do dia a dia.
Avalie o impacto das penalizações
A reforma antecipada vai trazer penalizações. Isto é, se pedir a reforma antes de ter idade para isso, vai receber menos do que se se reformar na idade normal. Pode contar com um corte de 0,5% por cada mês que falta para a idade legal, a que acresce o fator de sustentabilidade, cujo valor varia anualmente.
As circunstâncias específicas de cada trabalhador (idade exata, número de anos de descontos, tipo de profissão e regime profissional) vão condicionar o valor que irá receber. Para saber o valor exato pode consultar o simulador de pensões da Segurança Social.
Assim, é importante perceber quanto vai perder caso se reforme mais cedo e a partir de que momento pode pedir a reforma sem sofrer cortes significativos.
Aprenda a rentabilizar o seu dinheiro
Para além de poupar, para se reformar mais cedo vai, provavelmente, ter que multiplicar o seu dinheiro. Nesse sentido, é importante saber onde vai aplicar as suas poupanças.
Existem produtos financeiros, como fundos de investimento ou seguros, que lhe garantem maior rentabilidade. Analise as opções, sempre de acordo com o seu perfil de investidor. Ou seja, percebendo que algumas soluções não oferecem garantia de capital, o que significa que pode perder parte ou a totalidade do que investiu.
Ainda assim, há sempre um produto que se adapta ao seu perfil e que lhe permite rentabilizar o seu dinheiro.
Diversifique as fontes de rendimento
Contar só com os rendimentos de trabalho pode não ser suficiente para se poder reformar mais cedo. Para conseguir ter mais algum dinheiro quando deixar de trabalhar, é importante ir somando rendimentos.
Assim, pondere encontrar outras formas de ganhar dinheiro: por exemplo, alugando um imóvel onde não resida ou recuperando uma casa antiga para depois a vender ou colocar numa plataforma de alojamento local. Investir em ações, acumular trabalho dependente e independente ou rentabilizar um hobby são algumas ideias para diversificar fontes de rendimento.
Elimine créditos
Pagar dívidas ao banco é uma obrigação que leva muitas pessoas a adiarem o pedido de reforma. Se, por exemplo, tem um crédito habitação pondere fazer um esforço extra para abater essa dívida, de forma a eliminar esse crédito o quanto antes.
Se fez um crédito pessoal, procure saldar quanto antes essa dívida, libertando uma parte do orçamento para pensar na reforma. Assim, o ideal é pagar as dividas que tem e não contrair novos empréstimos.
Lembre-se que, enquanto tiver despesas fixas elevadas, será difícil antecipar a reforma.
Escolha o melhor momento para se reformar
Deixar o seu emprego de um dia para o outro não é opção, a menos que receba um prémio de jogo de valor elevado ou tenha uma pequena fortuna no banco.
Daí a necessidade de poupar desde cedo. Para se reformar mais cedo tem que planear o melhor momento para deixar de trabalhar. Se tem filhos, por exemplo, considere a altura em que vão acabar os estudos e começar a trabalhar.
Se tem créditos para pagar, faça contas a quando os poderá liquidar. Pode usar o simulador do Banco de Portugal para perceber quanto poupa se amortizar parcial ou totalmente um crédito habitação ou um crédito ao consumo.
Ou seja, a melhor altura para se reformar será aquela em que os encargos serão menores.
Prepare-se emocionalmente para a reforma
Por muito que sonhe em deixar de trabalhar, é importante perceber que, quando esse momento chegar, a sua vida vai mudar muito. Vai passar a viver num ritmo diferente e deixar de ter o convívio com os colegas de trabalho ou horários a cumprir.
É importante, por isso, estar muito seguro de que quer deixar de trabalhar e preparar-se emocionalmente para uma fase diferente da sua vida. Leve tudo isso em consideração quando tomar a decisão de se reformar mais cedo. Se, por exemplo, o seu cônjuge ainda estiver a trabalhar quando se reformar, poderá ser mais difícil adaptar-se ao novo ritmo.
Planeie como quer viver a reforma
Muitas pessoas sentem-se inúteis e deprimidas quando se reformam. No entanto, deixar de trabalhar não significa parar.
Quando bem planeada, a reforma pode até significar enriquecimento pessoal e intelectual. Pondere voltar a estudar, fazer voluntariado, viajar ou até trabalhar em part-time em algo que lhe dê prazer fazer.
Ou aproveite o tempo disponível para acompanhar os netos e dar mais atenção à sua família. No fundo, reformar-se mais cedo pode ser a hipótese de fazer o que até aí não conseguia fazer por falta de tempo.
Saiba gerir o seu dinheiro na reforma
Calcular bem o dinheiro de que vai precisar durante os anos de aposentação é meio caminho andado, mas tem também que saber gerir bem o seu dinheiro para que dure durante todo o período de reforma.
Os princípios de poupança e boa gestão financeira devem, portanto, manter-se. Tente gerir os seus fundos de forma a gastar apenas o necessário para viver confortavelmente, para que a sua reforma possa ser verdadeiramente descansada.
Artigo originalmente publicado em julho de 2019. Atualizado em dezembro de 2023.