Pedro Andersson
Pedro Andersson
08 Set, 2016 - 08:00

Regresso das férias – ano novo, vida nova?

Pedro Andersson

Acabaram as férias, não é? Gastou mais do que previa, certo? E os manuais escolares e o material escolar vão ser (ou já foram) outra talhada no orçamento, adivinhei?

Regresso das férias – ano novo, vida nova?

Não se preocupe, todos sofremos do mesmo. Quando chegamos a setembro, depois de umas merecidas férias, quando deveríamos recomeçar o ano de uma forma descansada, a sensação que fica é que ainda não regressamos em força ao trabalho e já estamos em sufoco outra vez. E em novembro vem outra vez o IMI (caso pague em duas ou três vezes). E talvez os seguros do carro, da casa e a inspeção do carro (e os respetivos arranjos se chumbar).

Haverá forma de dar a volta a isto? Sim. Chama-se “planeamento”. É uma palavra difícil para o português típico pronunciar. São raríssimas as pessoas que conheço que planeiam as suas despesas ao longo do ano. Vou deixar-lhe algumas sugestões que para mim são práticas.


Planeamento do regresso às aulas

Por exemplo, em relação à escola. Todos os hipermercados vão oferecer-lhe descontos e promoções para comprar todo o material escolar. Muitos de nós vamos a correr a comprar tudo e mais alguma coisa e enchemos o carrinho das compras ou um saco numa papelaria para que não falte nada aos nossos filhos. E bem. Mas não tem de ser a todo o custo.

Eu já aprendi a lição em anos anteriores: primeiro fazer uma lista do que eles realmente precisam (e não o que gostavam de ter). Normalmente aguardo pela lista da escola para não estar a comprar materiais desnecessariamente. Depois de ter a lista, percorro as prateleiras e a mochila do meu filho mais velho para ver o que ele (ainda) tem. Fazer isto já me fez poupar muito dinheiro. Uma vez descobri que ele tinha 3 conjuntos de régua, esquadro e transferidor (2 por estrear) numa gaveta. O mesmo se aplica a canetas, lápis e borrachas. Tenho no escritório uma caixa cheia de meias-borrachas. Para quê comprar mais? Só por serem novas?

Segundo, comprar material que seja bom. O barato sai caro. Há dois anos tive de comprar 2 compassos no mesmo ano letivo porque se estragaram. Decidi comprar um bom. Durou o ano inteiro e este ano ainda está ótimo. O mesmo com a mochila. Descobri uma marca que resistiu pela primeira vez a um ano letivo inteiro. Este ano não é preciso comprar-lhe uma nova. Portanto, este ano antes de comprar o material escolar confirme primeiro se tem parte desses objetos em casa em bom estado. Daqui a umas semanas, quando o material escolar estiver em “saldos” pondere comprar já algum material para o ano que vem, mas exige saber muito bem o que vai precisar e depois em 2017 não se pode esquecer de que os comprou, claro.



Desafio: planeamento até Dezembro

Em relação a pôr as contas em ordem, faça um levantamento das despesas grandes que vai ter até ao fim do ano. Vá lá, são só 3 meses…

Repito, tem o IMI, talvez os seguros e as prendas em dezembro (se fizer parte da sua tradição). Faça já um orçamento de quanto quer/pode gastar. Lembre-se que se as comprar já (agora em saldos) pode comprar melhor ou para mais pessoas por menos dinheiro. Se esperar por dezembro vai comprar à pressa e mais caro.

Em relação às despesas deste ano provavelmente já não vai poder fazer muito. Mas pode planear o ano que vem. Vai ver que, quando regressar de férias em 2017, vai ter um regresso descansado. Como?

Some as despesas anuais que tem (para começar, podem ser os tais próximos 3 meses para não doer muito) e divida-as por 12 meses. Registe esse valor. 

Por exemplo, suponha que vai ter de pagar 150 € de segunda prestação de IMI, 200 € de seguro do carro e prevê gastar 200 € em prendas. Dá um total de 550 € que obrigatoriamente terá de gastar de agora até dezembro. 550 a dividir por 12 dá 45,83 €. Como vê não é uma fortuna.

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Se lhe sobrar dinheiro no fim de cada mês (espero que sobre), reserve essa verba num envelope ou numa conta bancária em que não mexa frequentemente (o ideal é que se esqueça dela). Quando chegar a setembro do ano que vem, depois das novamente merecidas férias, quando chegarem as contas para pagar vai ter lá ter o dinheiro que precisa sem stress e vai ser mais fácil pagá-las. Diga comigo: “pla-nea-men-to”. Como vê, não é difícil e descomplica o regresso das férias.

Se quiser tornar este processo ainda mais simples, quando receber o subsídio de Natal guarde logo nessa conta/envelope por exemplo 250 €. E divide os 300 € restantes pelos tais 12 meses. Passa a apenas 25 € por mês (dá 80 cêntimos por dia) para ter 3 meses descansados no fim do próximo ano. Convenhamos, não é assim tão difícil, não acha?

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Se aceitar o desafio, pode avançar um pouco mais. Some todas as despesas anuais (os impostos e os seguros) e faça a tal divisão por 12. Se começar não agora mas em dezembro – quando receber o subsídio ou sempre que tiver um rendimento inesperado – para juntar para esse bolo e fizer disso um hábito nunca mais vai ser apanhado desprevenido por essas despesas. E vai tirar-lhe um peso de cima.

Setembro é um mês de recomeço. Aproveite a embalagem do regresso ao trabalho para fazer alguma coisa também por si e pelas suas finanças.