Num momento em que está a chegar ao mercado o novíssimo Renault 5 elétrico, lembramos uma carro cheio de performance, estilo e inovação. Falamos do Renault 5 Turbo, ou simplesmente R5 Turbo, produzido pela marca francesa entre 1980 e 1986.
Este desportivo lançado no Salão Automóvel de Bruxelas, em janeiro de 1980, foi projetado para a competição, nomeadamente para os ralis, mas também foi vendido na versão de rua.
Logo na apresentação revelou-se uma pedrada no charco, com a Renault a apostar numa potente motorização, e na utilização de inovadora tecnologia de turbo alimentação. Pormenor que tornou o R5 Turbo pioneiro, ao ser o primeiro carro francês a receber esta tecnologia de série.
Pensado e desenvolvido por Jean Terramorsi, vice-presidente de produção da Renault, surgiu para responder ao sucesso do Lancia Stratos (com motor central), nos ralis.
Tendo por base o popular Renault 5, a imponente e distintiva seção traseira foi redesenhada por Marc Deschamps, na Bertone, sob liderança do designer chefe Marcello Gandini (que tinha participado no desenvolvimento do Stratos e é autor do icónico Lamborghini Countach).
Os três homens desenvolveram em segredo o automóvel, conhecido pelo nome de código ‘Projeto 822’, que teve autorização de produção de Bernard Hanon, responsável máximo da marca francesa e de Gérard Larousse, então diretor da Renault Sport.
Renault 5 Turbo: visual agressivo
O desenvolvimento do Renault 5 Turbo foi muito rápido. Antes da revelação oficial em Bruxelas, em 1980, o modelo foi dado a conhecer aos jornalistas, em 1978, na pista de Lédenon, conduzido por Guy Fréquelin.
Nos anos posteriores seguiram-se diversas evoluções do protótipo conhecidas por “822-01”, “822-02” e “822-03”, tendo esta última participado na “Volta da Itália”, em 1979, igualmente, com Guy Fréquelin, ao volante.
Cumprindo milhares de quilómetros, com o intuito de ser o carro perfeito de ralis, o Renault 5 Turbo acabou por entrar em produção. Neste contexto, um total de 4.987 unidades (1.820 Turbo 1 e 3.167 Turbo 2) R5 Turbo foram fabricados durante seis anos de produção, com a versão de rua, Turbo 2, a ser revelada, no Salão Automóvel de Bruxelas, em 1980.
Com visual agressivo e aerodinâmico, o Renault 5 Turbo caracterizava-se pela carroçaria de três portas (largura de 1,77 metros e altura de 1,34 metros), que o torna compacto e ágil. O motor colocado em posição central, na traseira, ocupava o espaço do banco traseiro e conferia ao carro o imprescindível equilíbrio dinâmico.
O capot dianteiro tinha entradas de ar, para rápida refrigeração do radiador e do intercooler, enquanto, nas laterais, outras duas tinham o propósito de alimentar o turbo e o motor.
As jantes de liga leve traseiras eram largas, com pneus de perfil baixo (tinham de lidar com a tração), garantiam aderência e estabilidade superiores; enquanto o spoiler traseiro, tinha por função a pressão aerodinâmica e reduzir a resistência ao ar.
Ainda na traseira as luzes de travão colocadas em posição vertical contribuíam para o design desportivo do modelo.
Habitáculo espartano mas confortável
O icónico modelo, que este ano completa 44 anos, destacou-se, igualmente, pelo estilo do habitáculo, que foi concebido para oferecer o máximo de conforto e funcionalidade, sem comprometer segurança e aerodinâmica.
O painel de instrumentos integrava conjunto de mostradores analógicos e digitais, que permitiam ao condutor acompanhar o funcionamento do motor, transmissão, suspensão e travões.
Os bancos dianteiros do tipo baquet, com apoios laterais e lombares, garantiam boa posição de condução, ótima estabilidade em curvas, e recebiam cintos de segurança de três pontos. O volante, de três raios, tinha excelente pega e o logótipo da Renault no centro.
Mecânicas poderosas
O Renault 5 Turbo estava equipado com motor central, de 1.397 cc Cléon-Fonte, de quatro cilindros em linha e duas válvulas por cilindro. A injeção era Bosch K-Jetronic e o turbo compressor Garrett AiResearch T3. Debitava 158 cv de potência máxima às 6.000 rpm e tinha tração traseira.
Tanto as versões Turbo 1 como Turbo 2 tinham um desempenho excelente, com velocidade máxima de 200 km/h e faziam o sprint 0-100 km/h em 6,9 segundos. Era o carro francês mais rápido da altura.
As primeiras 400 unidades do Turbo 1 foram destinadas à homologação para as competições de rali no Grupo 4. Construídos na fábrica da Alpine, estes automóveis, receberam componentes do Alpine A310, nomeadamente, jantes de liga leve e suspensões. Nas provas mais exigentes a Renault utilizou motores, que debitavam 178 cv ou 207 cv.
Curiosidades do icónico Renault 5 Turbo
Em 1984, a marca francesa refina o 5 Turbo ao apresentar uma mecânica ainda mais potente: o R5 Maxi Turbo, construído exclusivamente para competição. Tratava-se de uma versão equipada com motor 1.5 litros, com turbo maior, que podia chegar aos 350 cv de potência. Além disso tinha carroçaria mais larga e leve, devido à utilização de elementos em fibra de carbono e kevlar.
Do currículo do R5 Maxi Turbo constam vitórias nos ralis de Monte Carlo (1981), Tour de Corse (1982 e 1985) e Portugal (1986).
O Renault 5 Turbo foi campeão mundial de rali em 1981, com o piloto francês Jean Ragnotti.
O modelo é considerado um dos carros mais divertidos e desafiadores de conduzir, devido à combinação de potência, tração traseira e curta distância entre eixos.
Sendo um dos carros mais valorizados por colecionadores o seu valor pode atingir os 100 mil euros.