Miguel Pinto
Miguel Pinto
11 Out, 2024 - 10:05

Renault Emblème: visão de uma mobilidade cada vez mais limpa

Miguel Pinto

As emissões de gases nocivos são um dos grandes desafios da indústria automóvel. O Renault Emblème é uma proposta do que se pode fazer.

Renault Emblème

O Renault Emblème será uma das novidades do Salão Automóvel de Paris, que decorre entre 14 e 20 de outubro, uma espécie de laboratório que apresenta as inovações desenvolvidas pela Renault, a Ampere e os seus parceiros.

O principal desafio deste projeto de referência reside no facto de a descarbonização ter sido maximizada ao longo de todo o ciclo de vida do automóvel, do berço ao fim de vida.

Na sequência do conceito Scenic Vision H2-Tech de 2022, o Renault Emblème vai mais longe, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa (CO2 eq.) em 90%, em relação a um automóvel equivalente construído atualmente; para produzir apenas 5 toneladas de CO2 eq. do berço ao fim de vida.

Para tal, o projeto explorou uma multiplicidade de combinações inteligentes, credíveis e viáveis: materiais reciclados com uma pegada de carbono reduzida, materiais naturais, processos de produção inteiramente baseados em energias renováveis, implementação geral de peças reutilizadas e circularidade. O mesmo se aplica às escolhas técnicas, incluindo o grupo propulsor.

Renault Emblème: eficiência no design

O Renault Emblème simboliza, diz a marca, uma nova abordagem holística do design automóvel. O seu design exterior combina desportivismo, elegância e emoção, através de curvas sensuais e linhas gráficas de carácter técnico, criando um objeto ultra-desejável.

O design é também o resultado de uma otimização meticulosa da aerodinâmica, concebida para ser eficaz através de uma abordagem mais sustentável, sem comprometer a estética.

No Renault Emblème, por exemplo, o espelho retrovisor exterior é substituído por duas câmaras integradas nas cavas das rodas, os limpa para-brisas são ocultos sob o capot e os puxadores das portas são elétricos e embutidos na carroçaria. Duas aletas no capot e duas saídas de ar no para-choques canalizam o fluxo de ar para o para-brisas e para trás das rodas, respetivamente.

As jantes são de disco completo, de modo a conduzir o fluxo de ar ao longo da carroçaria. O design de fundo plano inspirado na F1 é reforçado por um difusor ativo, que se inclina para baixo e para trás, para equilibrar o fluxo de ar e minimizar a resistência aerodinâmica.

O design foi aperfeiçoado graças à tecnologia dos gémeos digitais e aos equipamentos de simulação digital, de última geração, fornecidos pela BWT Alpine F1 Team, no âmbito de uma colaboração frutuosa entre a Renault e a Ampere. A conjugação dos seus conhecimentos permitiu otimizar a aerodinâmica passiva e ativa para uma penetração eficaz do ar.

Brake familiar sem comprometer a eficiência

As curvas fortes e o estilo “shooting brake” do Renault Emblème são evidenciados pelo efeito dicroico da carroçaria verde, que faz com que a cor seja diferente consoante o ângulo de observação.

O automóvel é uma combinação elegante de uma carrinha, com uma ampla distância entre eixos de 2,90 metros, e um coupé com uma altura moderada de 1,52 metros e uma linha de tejadilho fluida.

Este concept car tem 4,80 metros de comprimento, o que o torna ideal para viajar confortavelmente em família, com passageiros e bagagens. Simboliza também a ambição reafirmada pela Renault de continuar a inovar no segmento C e superiores, em linha com a sua estratégia de valor.

Explorando novos caminhos de design inspirados no emblemático logótipo Renault, a assinatura luminosa pretende ser, simultaneamente, high-tech e facilmente identificável.

O peso de um automóvel, que está parcialmente ligado ao seu tamanho, tem impacto nas suas emissões de CO2 eq. a vários níveis.

No âmbito da sua conceção ecológica, os designers e engenheiros procuraram eliminar todos os quilogramas supérfluos, com o objetivo de atingir um peso de 1750 kg, incluindo as baterias.  O Renault Emblème pesa, assim, menos que a maioria dos SUV híbridos ou automóveis elétricos de dimensões semelhantes.

Frente do Renault Emblème

Baixas emissões de carbono

O Renault Emblème dispõe de um grupo propulsor elétrico de dupla energia, alimentado por uma bateria recarregável “clássica”, suficiente para a utilização quotidiana, e por uma pilha de combustível a hidrogénio, para as deslocações mais longas.

Baseada na plataforma AmpR Medium, a arquitetura de tração traseira acolhe os diferentes componentes do grupo propulsor (motor elétrico, bateria, pilha de combustível e depósito de hidrogénio), mantendo um centro de gravidade baixo e uma repartição de peso ideal para favorecer o desempenho e o rendimento.

O motor elétrico de rotor bobinado de 160 kW do Emblème não utiliza terras raras. É alimentado por uma bateria NMC (40 kWh), mais leve, mais barata, menos volumosa e mais respeitadora do ambiente do que a de um automóvel elétrico familiar de longo alcance.

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Tem uma autonomia de várias centenas de quilómetros, mais do que suficiente para as deslocações quotidianas. A pilha de combustível PEMFC de 30 kW funciona com hidrogénio, com baixo teor de carbono, através de um depósito de 2,8 kg, fornecendo a potência necessária para viagens longas, com uma eficiência máxima de cerca de 60%.

Esta configuração maximiza a versatilidade deste tipo de automóvel, capaz de percorrer uma distância de até 1.000 km tão rapidamente como um veículo ICE: sem carregamento, mas com apenas duas paragens para reabastecimento de hidrogénio – menos de cinco minutos de cada vez – para uma autonomia de 350 km.

Método de trabalho inovador

Tendo em conta os ambiciosos objectivos de descarbonização, o automóvel de demonstração Emblème exigiu novos métodos de trabalho. Mais de 20 parceiros, todos especialistas nas suas áreas, trabalharam no projeto com a Renault e a Ampere. Cada um contribuiu com a sua própria tecnologia ou experiência para reduzir as emissões de CO2 eq. em 90% durante todo o ciclo de vida do automóvel.

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