Afonso Aguiar
Afonso Aguiar
05 Jan, 2024 - 11:31

Reprogramar a centralina: sim ou não?

Afonso Aguiar

Quer melhorar o seu carro e não sabe se deve ou não reprogramar a centralina? Saiba o que está em causa antes de decidir.

Reprogramar a centralina

Para aqueles que gostam de transformar carros, tornando-os mais potentes, há uma questão incontornável que costuma ocorrer quando se está a desenvolver o início desse vício ou paixão: será que deve ou não reprogramar a centralina?

Não interessa verdadeiramente a razão. A realidade é que quer otimizar o seu carro e ou está a pensar em reprogramar a centralina, ou ouviu algum amigo dizer que essa alteração é essencial.

Se está em alguma destas categorias, ou se simplesmente quer saber mais, continue a ler e a descobrir em que é que consiste, quais as vantagens e desvantagens e, finalmente, se reprogramar a centralina é legal ou não.

Saiba que a reprogramação da centralina, conhecida na linguagem corrente como “repro”, é um processo meramente eletrónico, efetuado por especialistas, que tem como objetivo alterar os parâmetros do computador do carro.

Reprogramar a centralina: em que é que consiste?

Todos os veículos têm uma espécie de computador, apelidado de ECU (Engine Control Unit em inglês).

O ECU tem como função gerir algumas das características essenciais da parte mecânica automóvel, como a duração de injeção, a pressão na régua injecão, a pressão do turbo, a posição geometria, a borboleta de admissão, o volume de gases recirculados (EGR), a mistura de ar com combustível (AFR), o tempo de ignição, o início da injeção, etc.

Recorrendo a um programa próprio, e descobrindo como está programado o ECU, consegue alterá-lo e adaptá-lo às suas necessidades. A reprogramação da centralina costuma ter um custo associado de 250 euros.

Vantagens

Normalmente, os apaixonados por automóveis optam por reprogramar a centralina essencialmente por duas razões.

O aumento da potência

Segundo especialistas, ao reprogramar a centralina consegue otimizar a potência máxima do seu veículo e ampliá-la em cerca de 30 %. Isso significa que se um carro tiver cerca de 100 cavalos, ao fazer este processo a potência vai aumentar para cerca de 130 cv.

Também a velocidade de ponta poderá sofrer alterações. Isso significa que poderá conduzir mais rápido cerca de 10 ou 15 km/h.

Pode ainda verificar-se uma diminuição dos consumos, uma vez que acaba por recorrer menos à caixa de velocidade e, ao mesmo tempo, pode programar todos os atos da combustão automóvel para estarem otimizados. Assim, acaba por consumir cerca de 0.5 a 1.5 litros a menos a cada 100 quilómetros.

É reversível

Além disso, se não estiver satisfeito com o resultado final pode fazer novamente uma reprogramação da centralina e restabelecer os parâmetros de fábrica.

mecânico a reprogramar a centralina

Desvantagens

Pode prejudicar algumas peças

Apesar de se dizer que uma repro prejudica várias peças automóveis, nomeadamente o turbo e a embraiagem (os quais correspondem a mais de 90% dos problemas relacionados com uma reprogramação da centralina), os casos costumam ser inferiores a 1%.

Ainda assim, é um facto que há um aumento de risco da saúde do seu automóvel, com especial incidência sobre os seguintes componentes:

Perda da garantia automóvel

Uma vez que altera o automóvel, vai perder qualquer direito sobre a garantia. Ao contrário dos Centros de Inspeção, as fabricantes e até os stands (caso tenha adquirido o veículo neste último) normalmente verificam minuciosamente se foram feitas alterações significativas ao seu carro, inclusive “repros”, de forma a assegurar que o acordo de garantia automóvel foi cumprido.

Obriga a aprovação

Embora não seja oficialmente ilegal em Portugal, todo o processo para legalizar qualquer transformação ao nível da motorização de um veículo deve ser aprovado pelo IMT (Instituto de Mobilidade e Transporte).

Ou seja, tem de submeter para avaliação todo um projeto estruturado, com um custo que varia entre os 50 e os 150 euros só pela análise, onde também deverá constar um certificado do próprio fabricante a atestar que a transformação não coloca em causa os níveis de segurança do veículo, assim como não prejudica o meio ambiente.

Por várias razões, as marcas nunca aceitam passar esse atestado. Quer seja porque o veículo foi projetado com essa potência de forma a cumprir com as normas europeias de diminuição de gases poluentes, ou simplesmente porque a possibilidade de reprogramar a centralina acaba por não compensar financeiramente às marcas.

É que o cliente acaba por gastar cerca de 250 euros para aumentar a potência de um veículo e torná-lo idêntico a um outro cerca de 4.000 euros mais caro…

Ainda assim, apesar de ser praticamente impossível conseguir legalizar este processo, há muitas oficinas especializadas que têm fama de conseguir tornar a reprogramação da centralina indetetável nas inspeções periódicas.

Agora que já sabe em que é que consiste o reprogramar a centralina pode tomar uma decisão sobre se deve ou não fazê-lo e, acima de tudo, porque é que optou por essa escolha. Afinal, decisões que poderão pesar na carteira ou na segurança rodoviária devem ser sempre bem ponderadas.

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