Por causa da guerra e, antes disso, por causa da Covid-19, muitos dos nossos investimentos sem capital garantido estão ou estiveram em queda. Dito de forma simples, imagine que investiu 1.000 euros num fundo PPR, por exemplo, e agora vou lá ver ou recebeu o extrato por carta ou e-mail e verificou que o saldo só está em 900 ou 800 euros.
É por situações como esta que milhões de portugueses nunca colocaram um cêntimo que fosse em investimentos sem capital garantido. Eu era um desses portugueses. Nas últimas semanas tenho recebido muitas mensagens de pessoas que perguntam, aflitas, se devem resgatar o dinheiro que investiram antes que o valor investido desça ainda mais. Compreendo muito bem esses receios porque já os tive também.
Será que deve resgatar investimentos?
Lembro-me bem, no início da crise da Covid-19, de uma senhora que me contactou dizendo que tinha acabado de perder 5 mil euros num PPR porque se assustou e resgatou tudo antes que descesse mais. Perguntava ela se podia fazer alguma coisa. Não. Infelizmente, depois de resgatar já não pode voltar atrás. Aquela senhora, se não tivesse feito nada e esperasse, passada a crise, em vez de ter perdido 5 mil euros teria visto o investimento valorizar 10 mil euros. É a diferença entre ter literacia financeira e não ter.
Acontece que a mesma pessoa, tendo tido provavelmente lucro logo após o aparente fim da crise da Covid-19, agora volta a ver o mesmo investimento desvalorizar novamente por causa da guerra na Ucrânia. O que é que se faz quando vemos um investimento em queda? Resgatamos tudo com medo? Claro que não! Ou mantemos ou, melhor ainda, reforçamos o nosso investimento.
Obviamente, para meter mais dinheiro num investimento (Fundo PPR, Fundo de investimento, ETF, ações, etc) em que está a perder dinheiro exige coragem, em primeiro lugar, e confiança de que no futuro aquele investimento recuperará assim que a situação que deu origem à queda esteja resolvida.
O grande medo das pessoas é “perder tudo”. É principalmente por essa razão que nunca começam a investir parte das suas poupanças. Ora, para perder tudo era preciso que todas as empresas a que o seu dinheiro está ligado fossem à falência. Convenhamos que isso é muito improvável. Não é impossível, mas é tremendamente improvável.
O segredo está na diversificação
Por exemplo, se investisse algum dinheiro num ETF ligado ao índice SP500, para perder o dinheiro investido, todas as 500 maiores empresas dos Estados Unidos da América tinham de falir e fechar portas ao mesmo tempo. O segredo está em diversificar os seus investimentos e não colocar tudo em apenas uma ou poucas empresas na Bolsa. Aí o risco é de facto maior. Foi por isso que muitas pessoas perderam dezenas ou centenas de milhares de euros quando foram lesadas em alguns investimentos bancários no passado. Puseram tudo no mesmo cesto.
Em resumo…
Em resumo, e fazendo você o que quiser com o seu dinheiro, eu aproveito estas crises (não sabemos quanto tempo vai durar esta guerra) para reforçar os meus investimentos. O importante é ter tempo para esperar pela recuperação. Tinha, por exemplo, um fundo de investimento em que acredito, a cair 30%. Foi esse que acabei de reforçar. Assim que a guerra acabar e a situação voltar ao “normal” já terei ganho 30% sem fazer nada.
Posso garantir-lhe que isso vai acontecer? Não. Rendimentos passados não garantem rendimentos futuros. Mas o que lhe posso dizer é que ao longo dos últimos 100 anos foi isso que aconteceu. Só perde dinheiro quem resgata. Enquanto não resgatar, não perdeu dinheiro. Este é um princípio básico das finanças pessoais e dos pequenos e grandes investidores. É simples, mas exige coragem.
Se isto lhe faz confusão, o melhor é não se meter nisto e continuar apenas com produtos com capital garantido. Se perceber como funciona, pode ganhar muito dinheiro a longo prazo.