Ao longo dos anos, diversos restaurantes em Portugal perderam as suas estrelas Michelin, refletindo a dinâmica e os desafios da alta gastronomia. Este artigo explora alguns desses casos e analisa os fatores que contribuem para tais mudanças no cenário gastronómico nacional.
A perda de estrelas Michelin em Portugal nos últimos anos
Nos últimos anos, vários restaurantes portugueses perderam as suas estrelas Michelin, refletindo as exigências e a constante evolução do setor gastronómico.
Em 2025, o restaurante 100 Maneiras, do chef Ljubomir Stanisic, em Lisboa, perdeu a sua estrela Michelin, assinalando uma mudança no panorama da alta cozinha nacional.
No ano anterior, em 2024, três espaços gastronómicos perderam a distinção: Eneko Lisboa, na capital, Casa da Calçada, em Amarante, e Vistas, em Vila Nova de Cacela, deixando críticos e apreciadores da boa mesa surpreendidos com as reavaliações.
Já em 2021, foi a vez do São Gabriel, em Almancil, perder a sua estrela, enquanto, em 2020, dois restaurantes do Algarve — L’And, em Montemor-o-Novo, e Willie’s, em Quarteira — também ficaram sem a sua distinção Michelin.
Estas mudanças sublinham a natureza competitiva do mundo Michelin, onde a excelência tem de ser constantemente comprovada para manter o reconhecimento.
Ano | Restaurantes |
2025 | 100 Maneiras, Lisboa |
2024 | Eneko, Lisboa Casa da Calçada, Amarante Vistas, Vila Nova de Cacela |
2021 | São Gabriel, Almancil |
2020 | L’And, Montemor-o-Novo Willie’s, Quarteira |
O que leva um restaurante a perder uma estrela Michelin?
A perda de uma estrela Michelin pode resultar de vários fatores, refletindo as exigências e a competitividade do setor da alta gastronomia. Entre as principais razões encontram-se:
- Alterações na equipa de cozinha – a saída de um chef de renome ou mudanças significativas na equipa podem comprometer a consistência e a qualidade da cozinha, fatores essenciais para manter a distinção.
- Encerramento temporário ou remodelação – se um restaurante fecha para obras ou reestruturação, pode perder a estrela, uma vez que o Guia Michelin avalia a experiência gastronómica no momento da sua visita.
- Desafios financeiros – manter os padrões exigidos pelo guia implica custos elevados. Dificuldades económicas podem impactar a qualidade dos ingredientes, do serviço e da experiência geral, colocando em risco a distinção.
- Pressão e esgotamento na cozinha – o ambiente altamente exigente da restauração pode levar ao esgotamento dos chefs e equipas, afetando o desempenho e, consequentemente, a manutenção da estrela.
- Mudança nas tendências e critérios dos inspetores – a gastronomia está em constante evolução, e os inspetores Michelin adaptam-se a novas expectativas. Se um restaurante não acompanha essas mudanças, pode ver a sua classificação revista.
A perda de uma estrela Michelin não significa necessariamente uma quebra na qualidade, mas pode refletir mudanças internas ou no próprio panorama gastronómico.
A perda de estrelas Michelin: um desafio ou uma oportunidade?
Apesar do impacto da perda de uma estrela Michelin, muitos restaurantes encaram este desafio como uma oportunidade de renovação. Alguns regressam ao guia nos anos seguintes, depois de ajustarem a sua oferta e estratégia, enquanto outros reinventam a sua identidade, apostando numa experiência gastronómica mais descontraída e acessível. A verdade é que o sucesso de um restaurante não se mede apenas pelo reconhecimento Michelin, mas também pela sua capacidade de cativar clientes e manter a excelência ao longo do tempo.