Share the post "Casos de roubo de identidade na Internet aumentam. Saiba como evitar"
O roubo de identidade na Internet consiste na apropriação de uma identidade ou de informações pessoais alheias, que podem ser utilizadas para cometer qualquer tipo de ações, mais ou menos ilícitas.
O furto de identidade pode ser concretizado de várias formas. A mais comum está relacionada com o acesso ilegítimo a um dispositivo digital, como um computador ou smartphone, que permite ao criminoso aceder a dados ou contas de correio electrónico e de redes sociais, obtendo toda a informação que necessita para se fazer passar por outra pessoa.
Isso quer dizer que um criminoso na posse de uma identidade falsa passa a poder fazer de tudo um pouco em nome da pessoa que roubou, desde prestar declarações a fazer transações bancárias, desde aceder a serviços online até fazer chantagem com a própria vítima.
Este tipo de fraude informática não tem parado de crescer em toda a Europa e o roubo de identidade tornou-se mesmo um dos crimes com maior expressão, inclusive em Portugal.
Segundo dados da DigitalSign – empresa especializada em certificação digital -, referentes a 2018, acontecem no nosso país cerca de 15 mil roubos de identidade por ano, sendo que pelo menos 50% desses roubos são online. E tudo indica que, à medida que transferimos cada vez mais as nossas atividades para o mundo virtual, este número aumentará.
Como acontece o roubo de identidade na Internet
O roubo de identidade na Internet acontece, normalmente, em duas fases. Na primeira fase, o criminoso obtém o acesso às suas informações pessoais e, na segunda fase, utiliza-as para se fazer passar por si e cometer fraudes, mais ou menos graves.
Os tipos de fraudes mais comuns incluem abrir contas bancárias em seu nome, efetuar transferências a partir da sua conta bancária, pedir cartões de crédito e débito, solicitar empréstimos bancários ou fazer-se passar por si em sites de serviços ou outros como, por exemplo, nas redes sociais. Da injúria ou maledicência em seu nome até à grave fraude financeira, tudo pode acontecer.
Como ponto de partida para obter sucesso na primeira fase do roubo, o criminoso pode optar por duas vias de ataque. Pode utilizar um vírus ou malware para se infiltrar no dispositivo da vítima e aí instalar um software capaz de armazenar as informações que lhe interessam, enquanto o próprio utilizador as digita. Ou pode também tentar ganhar a confiança da pessoa a quem quer roubar a identidade, para mais facilmente conseguir as informações que pretende.
Pode, por exemplo, interagir diretamente com a pessoa visada, criando perfis falsos que lhe permitem tornar-se amigo da vítima nas redes sociais ou noutros fóruns de partilha e conversa.
A fase seguinte já sabe qual é. Uma vez na posse da informação pessoal capaz de identificar uma vítima online, este criminoso passará a ser o seu sósia no mundo virtual, mas com plenos poderes para afetar o mundo real da sua vítima.
4 conselhos para se proteger do roubo de identidade na Internet
É importante ter em mente que as vítimas do roubo de identidade na Internet podem ficar numa situação muito desagradável. Desde ter de gastar tempo e dinheiro para desfazer as situações que o ladrão criou, até, não o conseguindo desfazer de todo, perder oportunidades importantes no campo profissional e pessoal, acabando mesmo, em alguns casos, por ter de se responsabilizar pelos crimes cometidos em seu nome.
Tendo esta situação em mente, a primeira atitude a tomar para não ser vítima de roubo de identidade na Internet é a prevenção contra a primeira fase da fraude, isto é, conseguir limitar ao máximo o acesso às suas informações pessoais. Veja como.
1. Segurança máxima na forma como utiliza a Internet
Eliminar e-mails suspeitos, não clicar em anexos que desconfia, não aceder a sites que não lhe pareçam oficiais, não descarregar programas sem reverificar a sua origem e manter um antivírus permanentemente atualizado e ativo, são os conselhos básicos.
O objetivo é manter o seu sistema a funcionar livre de malware ou qualquer vírus. Para isso terá também de optar por utilizar palavras passe diferentes para cada serviço em que entre e tornar estas senhas fortes o suficiente para não serem facilmente decifradas.
Tenha também bastante cuidado com o browser que utiliza para navegar. Se ele estiver corrompido, como é a sua porta de entrada para o vasto mundo virtual, os seus dados também correrão risco. Atualize-o regularmente e opte por um que contenha criptografia interna e um detector de sites de phishing.
Estes sites são criados para imitarem na perfeição os sites reais, como sites bancários ou de lojas, e o que vão fazer é pedir-lhe que atualize os seus dados. Os browsers com filtro de phishing terão melhor capacidade para os detetar do que o seu olho não especializado. Não arrisque entrar no site do seu banco que era afinal apenas uma boa imitação.
2. E nas compras
O armazenamento de dados com preenchimento automático online pode ser conveniente em inúmeras ocasiões, mas não os utilize quando faz compras.
Este conselho é particularmente importante se fizer as suas compras através de um dispositivo móvel, já que as informações financeiras armazenadas nos telemóveis podem mais facilmente levar a fraudes financeiras, especialmente se forem armazenadas utilizando uma rede de Wi-Fi pública.
Escolha sempre “Não guardar senha” ou “Não guardar as informações” quando fizer compras online.
3. Tenha contenção nas redes sociais
Quanto menos informação pessoal colocar nas redes sociais, melhor. Os hackers cruzam informação entre as suas contas, quer seja no Facebook, no Twitter ou no MySpace.
Como já vimos, eles criam formas de o convencer a digitar grande quantidade informação pessoal, quer em conversas privadas quer, por exemplo, respondendo a um questionário engraçado.
Neste caso, basta cumprir uma regra simples: “less is more” quando publica os seus dados e nunca forneça número de telefone, data de nascimento ou morada real no perfil das suas redes sociais.
Se algum site lho pedir, tente reconfirmar se o pedido é verdadeiro por outra via que não o site onde lho estão a pedir. Telefone ou envie o e-mail para um contacto desse serviço que tenha obtido de outra fonte.
O mesmo é valido para quem recebe esse pedido por telefone, através de alguém que se identifica como sendo do seu banco ou de outra empresa com quem se relaciona. Desligue e ligue de volta recorrendo ao número habitual da sua lista telefónica ou a outro que saiba ser real.
4. Controle de perto as suas contas bancárias
Este controlo é essencial porque é aqui normalmente que aparecem os primeiros sinais de que pode estar a ser alvo de um roubo de identidade. Se se mantiver vigilante e atento sobre os seus movimentos bancários, poderá detetar mais cedo qualquer anomalia, conseguindo assim agir atempadamente para conter danos mais graves.
Como agir em caso de roubo de identidade na Internet
Fechar a conta bancária afetada
Os movimentos estranhos numa conta bancária costumam ser o primeiro sinal de alerta para as vítimas de roubo de identidade. Se for contactado pelo seu banco acerca de movimento financeiros fora do habitual ou se os detetar sozinho, denuncie de imediato a situação ao banco, pedindo-lhe que congele ou que cancele de imediato essa conta.
Deverá reconfirmar também todas as outras contas que possa ter, para perceber se está a acontecer o mesmo em todas elas ou se é um caso isolado. Avise imediatamente as respetivas instituições financeiras para que saibam desta situação. O seu gestor de conta saberá aconselhá-lo sobre um congelamento temporário ao não, mesmo das contas ainda não afetadas.
Procure contas novas em seu nome
Analise com cuidado todos os seus relatórios do banco para ver se aparecem novas contas misteriosas em seu nome. Pode também verificar se existem contas em seu nome noutros bancos.
Uma forma fácil de o fazer é entrar neste site do Banco de Portugal. O objetivo é perceber se está ser vítima de um roubo de identidade, o que seria verdade se tivesse novas contas abertas em seu nome, ou apenas vítima de fraude com o seu cartão de crédito.
Caso aconteça qualquer uma destas situações, deve denunciá-lo imediatamente aos respetivos bancos. Nestas situações deverá contar com o apoio do seu gestor financeiro em cada banco, para adotar um política de gestão de contas que lhe permita, no futuro, evitar este tipo de situação e perceber se já se encontra livre de “perigo”.
Pense que isso pode implicar ter de contratar serviços de segurança extra ao seu banco ou mesmo recorrer a um congelamento temporário do seu crédito para se manter a salvo.
Faça queixa na polícia
PSP e GNR podem receber a sua queixa se verificar que está a sofrer um roubo de identidade na Internet. O objetivo é que a situação entre em processo de investigação para que possa comprovar que não é de todo responsável pelas ações que a sua identidade falsa anda a executar.
Independentemente de o relatório da investigação policial poder encontrar os culpados ou não, o objetivo é que essa queixa ajude a travar a cobrança de dívidas feitas em seu nome, ou mesmo a ilibá-lo de tais acusações.
Mude passwords e feche as contas online afetadas
Se suspeitar que alguém se está a fazer passar por si, por exemplo, nas redes sociais ou noutros sites online, mesmo que ainda não tenha chegado à fraude financeira, procure mudar imediatamente as suas passwords de acesso e as configurações de privacidade das suas contas.
O mesmo deve ser feito em contas e serviços como e-mail ou sites de lojas. O objetivo é que o pirata não volte a conseguir entrar com o seu perfil nos sites que precisa de utilizar.
Claro que isso tem de ser feito apenas depois de limpar o seu dispositivo de qualquer malware ainda instalado que possa tentar repetir o roubo de novo. A ordem de atuação deve seguir sempre esta cronologia temporal: desconfia do roubo, cancela ou bloqueia as contas criando passwords temporárias, limpa o dispositivo com antivírus ou reinstala sistema operativo e cria novas credenciais de acesso.