Descobrir o histórico de um carro pode ser um processo moroso e trabalhoso. Porém, pode ajudá-lo a evitar desgostos maiores e a fazer uma ótima compra.
Há quem diga que os automóveis têm memória e o histórico de um carro pode ser visto não só através dos seus documentos, mas também através de várias marcas que ficaram gravadas no veículo, ao longo do tempo, que podem indiciar o bom ou mau tratamento que os anteriores donos lhe deram.
Conheça estas dicas para saber como conhecer o histórico de um carro e compre em total segurança um automóvel em segunda mão.
Como saber o histórico de um carro em alguns passos
Livro de revisões do veículo e as folhas de inspeção
Antes de mais, devemos começar por ver o livro de revisões do veículo e as folhas de inspeção, porque é, na maioria das vezes, o que está mais acessível.
O livro de revisões está quase sempre na posse do respetivo proprietário. Aqui encontramos algumas informações sobre o veículo, desde o concessionário que vendeu o carro, à assistência ou manutenção que o veículo já recebeu.
É também importante ter em atenção as folhas de inspeção do veículo, que normalmente estão junto à restante documentação do automóvel. Aqui, vemos notas de possíveis problemas registados, ao longo dos anos.
Certidão do Registo Automóvel
De seguida, devemos saber se o carro que queremos adquirir é em segunda, terceira ou quarta mãos. Para isso, devemos obter a respetiva certidão do registo automóvel.
Depois disso, é necessário ir a um balcão de atendimento do Instituto dos Registos e Notariado (IRN), loja do Cidadão ou conservatória do registo automóvel mais próximo e pedir uma certidão com o histórico do veículo.
Esta certidão tem, por norma, um custo de 17€, é entregue na hora e contém informações acerca da identificação da viatura, do(s) titular(es) e, ainda, informações sobre penhoras e reservas, caso existam.
Seguro
Caso trabalhe numa seguradora terá uma vantagem no ponto que se segue. Para descobrir qual a seguradora de um determinado automóvel, podemos pesquisar a respetiva matrícula no portal do consumidor da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).
Se a matrícula estiver registada e o registo se encontrar atualizado na base de dados nacional, é apresentada informação sobre a entidade seguradora, data de início do seguro, data de fim do seguro e até o número da apólice.
Assim, podemos saber se o veículo em que estamos interessados está parado há muito ou pouco tempo, vendo a data do último registo do seguro. Os dados relativos a sinistros não podem ser facultados, apenas as seguradoras possuem essas informações.
Por vezes, pode ser difícil verificar todos estes pontos, mas não desespere. Há mais formas de obter informações sobre o histórico de um carro, verificando, por exemplo, alguns dos componentes do automóvel.
Conhecer histórico de um carro através de 6 componentes
Verificar determinados componentes pode ajudar a conhecer o histórico de um carro, no sentido em que podem ser levantadas algumas questões que, de outra forma, não teria conhecimento.
Assim, será uma chamada de atenção. Nestes casos, questionar o vendedor é sempre a melhor opção. Para além disso, garante que sabe tudo sobre o carro antes de fechar negócio.
Chassis
Antes de qualquer inspeção mais detalhada a todos os componentes do automóvel, devemos começar pelo número do chassis inscrito nos documentos.
Se o número, de alguma forma, não coincidir com o que está na chapa de identificação ou no livrete, anule imediatamente o negócio.
Isto prova que, na melhor das hipóteses, o automóvel esteve envolvido num acidente tão grave que obrigou à substituição da carroçaria ou, então, pode-se tratar de um automóvel roubado.
Vidros
Da mesma forma, como acontece com o chassis da viatura, também os vidros têm um número de série, o qual funciona como uma espécie de bilhete de identidade, que inclui ainda origem e o nome do fabricante.
Se estes dados não coincidem em todos os vidros do automóvel, significa que houve necessidade de substituição por quebra. No entanto, também pode indicar que o carro esteve envolvido em algum acidente.
Caso isto se verifique, deve questionar o proprietário ou os proprietários anteriores.
Juntas e uniões
É praticamente impossível que um veículo sofra um acidente e não deixe vestígios nenhuns. Mas temos de estar muito atentos e fazer uma “inspeção” bem criteriosa e olhar bem para todas as juntas e uniões desniveladas ou irregulares, bem como pontos de soldadura que pareçam ser feitos à mão, parafusos com marcas de utilização, etc.
Detalhes como estes podem revelar que o veículo já teve algumas intervenções, devido a possíveis acidentes de viação.
Pintura
Para verificar o estado da pintura deve fazê-lo num local muito bem iluminado, pois é necessário ver se as cores de todos os painéis (portas, capota, mala, etc.) são iguais.
Caso haja uma ligeira diferença, há uma grande probabilidade de o veículo ter sido reparado, devido a um acidente. Isto porque uma pintura de reparação muito dificilmente fica igual à pintura de fábrica, pois a cor nunca será a mesma.
Por outro lado, a cor original vai-se desgastando uniformemente e, caso alguma peça seja pintada de novo, esta diferença vai-se notar. Caso o veículo tenha sido completamente pintado, irá ser mais difícil detetar estas diferenças.
Portas
Deve ter em atenção algum desnivelamento das portas, da mala e, até mesmo, do capot. Se algum destes elementos tiver alguma folga e não abrir nem fechar na perfeição, significa que já teve uma reparação (e mal feita). Confirme também se todas as dobradiças e hidráulicos parecem de origem.
Dentro do capot, veja bem e verifique se existem peças novas, por exemplo os faróis ou o radiador. Isto porque em caso de colisão frontal, estes componentes são normalmente “sacrificados”.
Direção e condução
Se possível, marque um test-drive e fique atento a qualquer ruído ou folga que a viatura possa ter. Isto pode dar-lhe grandes pistas, no caso de se tratar de um acidentado. Os ruídos mais importantes são os das suspensões.
Um outro indicador bastante importante é a direção, que caso esteja desalinhada mostra, desde logo, falta de cuidado por parte do último dono do veículo. Se isto acontecer, não devemos fazer negócio até se alinhar a direção.
Ela deve ser alinhada e, caso necessite de uma regulação exagerada, muito provavelmente o veículo é acidentado.