Os rumores de que a SEAT vai acabar há muito tempo que faziam o seu caminho e tornaram-se, de um momento para o outro realidade.
Isto para dizer que, em recente entrevista à revista britânica Autocar, na abertura do 2023 IAA Mobility – Salão da Mobilidade de Munique, o CEO do Grupo VW, Thomas Schäfer revelou que a SEAT terá um papel diferente no seio do grupo alemão.
Segundo Thomas Schäfer a anunciada ‘morte’ da marca espanhola não é definitiva. A empresa vai passar a ter um papel diferente num futuro próximo – 5 a 7 anos –, deixando de existir tal como se conhece para ser transfigurada numa unidade de serviços de mobilidade. Pelo que a atual geração de veículos não será renovada.
Na entrevista Thomas Schäfer afirmou mesmo que “o futuro da SEAT é a CUPRA” e que os clientes se afeiçoaram à CUPRA, marca independente do Grupo VW, que em tempos foi a divisão desportiva de alto desempenho da marca espanhola.
A CUPRA, tal como se conhece hoje, foi criada, em 2018, pela SEAT como filial independente de alto desempenho, sendo a SEAT Sport oficialmente substituída pela CUPRA Racing.
SEAT vai acabar para dar espaço à CUPRA
A CUPRA atualmente é uma das marcas que mais cresce na Europa. Entre os lançamentos programados, alguns presentes no salão 2023 IAA Mobility, em Munique, estão o CUPRA Tavascan e o protótipo DarkRebel. Outros lançamento previstos são os modelos: Raval e o SUV Terramar.
É sabido que o Grupo VW tem realizado forte investimento na CUPRA, marca de desportivos elétricos e de veículos eletrificados. Investimento que, segundo Thomas Schäfer, “irá aumentar”.
Os modelos com o símbolo CUPRA continuarão a ser produzidos na unidade fabril de Martorell, Espanha, alguns tendo por base automóveis SEAT existentes, enquanto outros utilizarão as plataformas elétricas do Grupo VW.
Estão, neste caso, os modelos CUPRA Born (desportivo compacto) e o CUPRA Tavascan (SUV). Com estes, a marca dará continuidade à produção de modelos com carácter Premium, com preço mais elevado. Logo, proporcionando maior fatia de lucro.
Entretanto, os modelos SEAT Ibiza, León, Arona, Ateca e Tarraco serão mantidos em produção nos próximos anos, dando corpo aos respetivos ciclos de vida. Mas, como se infere das palavras do CEO do Grupo VW, não serão substituídos por novas gerações. É expectável que recebam algumas atualizações para se manterem atrativos comercialmente.
Mesmo assim, de referir que a SEAT é uma importante marca no seio do Grupo VW, produzindo cerca de meio milhão de automóveis anualmente e, ao longo da sua história, tem tido uma projeção muito forte, embora seja a única do grupo alemão que não colocou no mercado um automóvel elétrico.
SEAT fornece serviços de mobilidade
O papel da SEAT irá ser diferente no futuro próximo. A atuação no mercado será como fornecedor de serviços de mobilidade. Neste contexto, está a nova linha de scooters elétricas MÓ que a marca espanhola promove há já algum tempo.
Paralelamente às scooters elétricas, indicador do novo foco de atuação da marca, está um novo produto: um quadriciclo elétrico com vocação urbana.
A proposta chama-se SEAT Minimó foi anunciada no Mobile World Congress de 2019, em Barcelona, e revelada pela primeira vez no Salão Internacional do Automóvel de Genebra no mesmo ano, paralelamente com os concept CUPRA Born e CUPRA Formentor.
Uma versão de produção do Minimó esteve prevista para entrar em comercialização, em 2021, o que não ocorreu. Em dezembro de 2021, a SEAT divulgou que estava a ponderar lançar o veículo no mercado de carsharing sob a marca SEAT MÓ.
Fundada em 1950
A SEAT “Sociedad Española de Automóviles de Turismo” – Empresa Espanhola de Automóveis de Turismo – fundada em 9 de maio de 1950 –, vê a sua atividade principal mudar radicalmente.
O seu primeiro automóvel, o SEAT 1400, foi construído entre 1953 e 1963 numa ampla gama de versões. Ao longo dos seus 73 anos, a construtora espanhola lançou dezenas de modelos de sucesso e desde 1986 integra o Grupo VW.
Agora, começa a chegar o momento em que a SEAT vai acabar. É o rolo compressor do progresso a fazer a sua seleção natural.