Elsa Santos
Elsa Santos
06 Dez, 2018 - 10:20

12 segredos que deve manter dos seus filhos

Elsa Santos

Para garantir um crescimento saudável e equilibrado, há alguns segredos que deve manter dos seus filhos. Nem todos os aspetos da vida devem ser expostos.

mãe a falar com filho numa tenda tipi

Talvez nunca tenha pensado nisso, mas há, de facto, segredos que deve manter dos seus filhos. Ou, se preferir, há coisas que eles dispensam saber.

Algumas informações sobre o que faz, pensa ou sente podem não ter qualquer relevância para aqueles que dependem de si, por outro lado, podem revelar-se verdadeiramente prejudiciais.

Para construir e manter uma imagem forte e positiva, para os ajudar a crescer da forma mais correta, é fundamental que modere essa transparência na comunicação que acredita ser a mais correta e perceber que há mesmo segredos que deve manter dos seus filhos, pelo menos durante a infância.

As crianças aprendem, essencialmente, pelo exemplo. Agora, será que você consegue ser sempre exemplar? Com certeza que não. Haverá coisas que não gosta, que o incomodam, que o preocupam ou que até gostaria de mudar e não consegue. Mas, quais os segredos que deve manter dos seus filhos?

Tudo o que possa causar preocupação, insegurança, medo e gerar comportamentos negativos, deve ser evitado a todo o custo.

Educar exige algum trabalho e  ponderação. As suas inseguranças ou dificuldades pessoais e profissionais são alguns dos segredos que deve manter dos seus filhos, para garantir que os mesmos crescem equilibrados, seguros, responsáveis e livres.

Os filhos não precisam de saber estas 12 coisas

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1. Preocupação e proteção

Os pais têm, muitas vezes, uma tendência natural de se preocuparem constantemente com o bem-estar dos filhos (tantas vezes exagerada) e desejarem protegê-los de todo o mal que existe no mundo. Com certeza que deseja o melhor para os seus, mas é fundamental dar-lhes espaço para crescerem com liberdade e responsabilidade. Errar faz parte do processo de crescimento, vai ter de aceitar isso.

Crianças superprotegidas podem tornar-se ansiosas e podem desenvolver uma problemas de auto-estima. As crianças têm de conhecer e experimentar o que as rodeia.

2. Relação (difícil) dos pais

Não há relações perfeitas e é normal um casal ter as suas dificuldades. As próprias rotinas e o cansaço gerado pela gestão familiar, acabam por interferir, inevitavelmente, na relação a dois.

Evitar discutir ou ter quaisquer atitudes agressivas na presença das crianças é fundamental. Uma criança que vive num ambiente de violência tem tendência a reproduzir as mesmas atitudes em relação a outros. Há muitos estudos que o comprovam. Portanto, perante um problema, o casal deve aguardar por ficar a sós, para conversar e resolver o problema.

Por outro lado, uma parte dos pais separados não consegue manter uma relação pacífica para bem do equilíbrio dos filhos em comum. Por vezes, as crianças são usadas como armas de arremesso, com o objetivo de se magoarem mutuamente. Porém, os únicos que sofrem realmente com esse tipo de atitude, são os filhos.

3. Problemas financeiros

Não tem de comprar tudo aos seus filhos para que eles sejam felizes. Há muita coisa que o dinheiro não compra e que eles vão valorizar e guardar para a vida.

Se o dinheiro é pouco e as dificuldades de gerir as contas são uma constante, faça-o discretamente e nunca coloque esse peso sobre os ombros dos seus filhos culpando-os, por exemplo, de gastar tudo com eles. Se não tem, não dê, compense de outras formas possíveis, gratuitas e igualmente valorizadas por eles.

Ensine-lhes bons hábitos de poupança, como cuidados com o consumo de água, evitar compras supérfluas ou confecionar alimentos em casa em vez de comprar já prontos e mais caros, por exemplo. Desta forma, vai estar a passar bons momentos em família e ao mesmo tempo a gerir o dinheiro disponível de uma forma responsável.

É claro que as dificuldades financeiras geram stress, o que não é fácil de gerir, mas esforce-se por impedir que isso interfira na sua relação com aqueles que lhe são mais queridos. O facto de lhes falar dos problemas financeiros que enfrenta, pode gerar neles sentimentos de frustração e insegurança relativamente aos outros. Guarde isso para si, por mais que lhe custe.

4. Doenças

A menos que seja algo que precise, de facto, de explicar por ser evidente ou incapacitante, evite falar de seus problemas de saúde aos seus filhos. Isso vai preocupá-los e gerar medo e ansiedade relativamente à sua possível ausência no futuro próximo.

Se sofre de alguma doença grave, dê especial atenção à forma como passa essa informação, de preferência de um modo simples, através de uma história, usando metáforas, por exemplo, e reforçando aspetos positivos. Caso não saiba, de facto, quanto tempo terá para estar junto dos seus filhos, aproveite cada dia da melhor maneira e de-lhes o máximo tempo e atenção possíveis. Construa memórias. Evite a culpa ou o sofrimento antecipado.

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5. A sua opinião dos outros

Ninguém gosta de todas as pessoas, mesmo que sejam da família. Isso é perfeitamente legítimo. No entanto, os seus filhos não precisam de saber isso. Criticar os outros em frente aos filhos pode dar origem a alguma confusão e repulsa, especialmente se falamos de crianças, além de poder dar lugar a situações muito embaraçosas.

Evite fazer comentários depreciativos em relação a outras pessoas, em frente aos seus filhos e influenciá-los a gostar ou não dessas pessoas. Eles têm opinião própria. Para além disso, o respeito pelos outros é um pilar essencial na educação.

6. Preconceitos

Pode ter sido educado de acordo com determinadas ideias preconceituosas, relativamente à distinção entre mulheres e homens – o que uns e outros devem saber fazer – relativamente à aparência (uso de piercings e tatuagens), ou à orientação sexual, por exemplo. Mesmo que lhe seja difícil lidar com algumas situações, pessoas ou ideias, faça um esforço por respeitar aceitar. Sobretudo, não transmita ou incuta esses preconceitos aos seus filhos.

É fundamental que eles cresçam respeitando a própria liberdade e a liberdade dos outros, sem julgamentos. Lembre-se que também um filho seu pode vir a integrar um determinado grupo agora marginalizado por si. E isso não vai acontecer por ter crescido a aceitar os outros, mas porque é uma possibilidade como outra qualquer. Se isso acontecer, não o vai rejeitar, pois não?!

7. Falta de paciência

Por mais que queira exercer a parentalidade positiva em todas as suas vertentes, a verdade é que muitas vezes, falta paciência. No fim de um dia de trabalho, ainda com mil e uma tarefas para fazer – jantar, banhos, trabalhos de casa – as birras, as muitas perguntas e as asneiras próprias de qualquer criança saudável e feliz levam a paciência ao limite e impõe-se o berro e o castigo.

Educar exige um esforço extra e, por vezes, também dói, mas é fundamental que qualquer criança cresça a saber respeitar limites e regras, independentemente, de mais ou menos disponibilidade física ou mental dos pais.

Seja firme e esforce-se sempre por manter a calma, mesmo nos momentos mais críticos. Evite perder o controlo. Lembre-se que os seus filhos aprendem essencialmente pelo seu exemplo.

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8. Medos e receios

Todos os pais têm medos e receios, quer em relação a si próprios, quer ao mundo ou aos filhos. O bullying, os abusos sexuais, os raptos e os assaltos, doenças, possíveis acidentes rodoviários ou outros. Os medos e receios dos adultos podem influenciar negativamente o desenvolvimento das crianças.

Informe adequadamente os seus filhos relativamente a questões importantes, mas evite impedi-los de participar em quaisquer atividades da escola e incutir-lhes receios e inseguranças.

9. Frustrações pessoais

Existe, por vezes, uma tendência de os pais resolverem algumas frustrações pessoais através dos filhos.

Por exemplo, uma mãe que desistiu de estudar muito cedo e cujo sonho era ser médica, pode colocar esse peso nos ombros de uma filha que quer ver seguir esse mesmo caminho, concretizando o sonho que era seu. Não raras vezes, os filhos seguem caminhos “empurrados” pelos pais e que em nada correspondem aos seus gostos ou preferências… alguns têm a coragem de se desviar, outros há que o fazem como se isso fosse a sua obrigação, apesar da frustração ou dificuldades que essa escolha possa significar.

Não use os seus filhos para resolver as suas frustrações passadas, dê-lhes liberdade, respeite e apoie os desejos deles.

10. Dificuldades da maternidade

Tantas vezes, a maternidade representa um caminho difícil e doloroso, da gravidez ao parto, passando pelos primeiros tempos de adaptação a uma nova realidade, o que pode mesmo ser marcado por momentos traumáticos. Se por vezes é difícil concretizar o sonho de ter um filho, não são raros os casos em que uma criança não é desejada.

Seja qual for a realidade, deve focar-se no que realmente importa e no momento de contar a um filho a história do seu próprio nascimento, recorra apenas aos aspetos positivos. De nada vale fazê-lo sentir-se culpado por qualquer situação que tenha corrido menos bem. Acima de tudo, faça-o sentir-se especial e muito amado.

11. O filho preferido

Por muito que se deseje e defenda gostar dos filhos da mesma forma, acontece, por vezes, haver uma preferência por um dos descendentes. Ou porque partilham mais semelhanças ou, porque as circunstâncias promoveram mais ou menos a construção de laços, alguns pais reconhecem gostar mais de um dos filhos e sentem-no, de facto, apesar de não o deverem expressar em voz alta, sobretudo para os próprios.

Muitos filhos também se identificam mais com o pai ou com a mãe, por diversas razões possíveis. Ainda assim, o gostar mais não significa não gostar, longe disso. Dizê-lo apenas servirá para magoar, o que não faz qualquer sentido. Se é o seu caso, se tem uma ligação mais forte a um dos filhos, simplesmente guarde isso para si.

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12. O descanso do guerreiro

Claro que os filhos são o melhor do mundo e nunca poderão sonhar sequer que os pais ficam um bocadinho aliviados quando eles finalmente adormecem, até porque o habitual é que eles se mantenham alerta, a vigiar-lhes o sono e os movimentos, a ver se choram, têm tosse ou estão tapados. É bom para eles saberem que não estão sozinhos.

No entanto, relaxar e dormir é importante para qualquer ser humano. Adultos descansados, são pais mais disponíveis e felizes e isso reflete-se nas crianças. Já lhe passou pela cabeça que daria jeito os seus filhos terem um botão para desligar? Sente-se aliviado quando os pequenos vão dormir, porque também quer descansar? Tudo normal. Só não lhes passe essa mensagem, eles preferem acreditar que é incansável e que o facto de os “obrigar” a ter um horário para deitar é importante para eles crescerem fortes e saudáveis.

Não dizer tudo pode ser visto como uma forma de os proteger, mas com um propósito muito claro. Afinal, eles estão a crescer e para além das emoções negativas que poderão retirar dos problemas que lhes transmite, nada conseguem ainda retirar dessa informação.

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