Paula Landeiro
Paula Landeiro
26 Jul, 2021 - 15:03

Vale a pena subscrever um seguro de desemprego?

Paula Landeiro

Conheça as regras do seguro de desemprego, saiba que detalhes deve considerar na escolha e saiba se compensa subscrever este serviço.

seguro de desemprego

Sabia que pode subscrever um seguro de desemprego? A oferta existe em várias instituições bancárias e seguradoras, ainda que possa ser apresentado com nomes diferentes: proteção ao vencimento, proteção ao salário ou plano proteção ao desemprego. A promessa é mais ou menos comum a todas: se ficar desempregado, não tem de se preocupar em pagar as suas contas.

Este guia serve para compreender melhor o que cobre este tipo de seguro, as diferentes modalidades existentes, quando pode ser ativado e o que recebe quando precisa dele.

Como, na sua generalidade, tem o nome de proteção de vencimento, vamos usar esta denominação.

O que é o seguro de desemprego ou de proteção do vencimento?

O seguro de desemprego ou proteção ao vencimento é, no fundo, um rendimento que recebe quando fica sem trabalhar. Em troca, claro, tem de pagar uma mensalidade, como acontece em qualquer outro seguro.

Aplica-se a trabalhadores por conta de outrem ou por conta própria, embora as condições sejam diferentes.

Este serviço consta da oferta das seguradoras e instituições bancárias e pode estar associado a outros produtos, como o crédito habitação, por exemplo. Pode ser subscrito sozinho ou pode ser uma cobertura adicional de um outro seguro, como o seguro de vida.

poupar nos seguros associados ao crédito

Como funciona este seguro?

Há duas formas de subscrever este tipo de seguro: pode ter uma cobertura independente, ou seja, de um valor fixo, ou uma cobertura no valor de um encargo determinado.

De forma mais simples, o seguro estabelece que, mediante o pagamento de uma mensalidade pré-acordada, recebe um determinado valor mensal quando ficar desempregado. Esse valor, é na maioria dos casos uma percentagem do valor do seu ordenado líquido. Mas com valores máximos estabelecidos e por um período tempo limitado.

No caso de ser trabalhador por conta própria, o pagamento será também uma percentagem dos rendimentos declarados, tendo igualmente limites máximos e prazo temporal de seis meses.

Já quando está  associado a um encargo garante-lhe, mediante o pagamento de uma mensalidade, que em caso de desemprego esse encargo será pago. Por exemplo, se o seguro for indexado ao crédito habitação, garante-lhe que a prestação desse crédito continuará a ser paga mesmo que perca o emprego.

Detalhes a que deve estar atento no momento da escolha

Há vários detalhes que mudam entre as ofertas das diferentes instituições e que podem fazer diferença na hora do aperto.

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Cobertura

O primeiro tem a ver com a  cobertura: no caso de trabalhadores por conta de outrem a cobertura engloba apenas desemprego involuntário. Mas as situações que cabem dentro deste podem não ser iguais, nomeadamente quanto à inclusão de desemprego por caducidade de contrato. Noutros, o segurado pode contar com o seguro também em caso de invalidez que o impeça de trabalhar.

No caso de trabalhadores por conta própria, a cobertura só abrange situações de incapacidade temporária absoluta por doença ou acidentes.

Também é importante olhar para a duração da cobertura, porque ela não é infinita. Independentemente da quantidade de anos em que pagou o prémio do seguro, o rendimento compensatório em caso de desemprego é limitado a um número certo de meses (na sua generalidade de seis meses). O que significa que é possível pagar o seguro durante cinco anos e, ficando desempregado, receber a ajuda durante apenas seis meses.

Ainda no mesmo capítulo, é essencial esclarecer com a seguradora se os meses de cobertura podem ou não ser intercalados, sob pena de poder usufruir do apoio apenas uma vez no mesmo ano.

grau de incapacidade
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Períodos de carência

Igualmente relevantes são os períodos de carência, que também podem pregar-lhe partidas desagradáveis na hora de ativar o seguro de desemprego.

Tenha o cuidado de analisá-los para saber, números no papel, quantas mensalidades tem de pagar até poder ativar o apoio, até porque convém saber se não vai precisar de pagar mil euros em mensalidades para usufruir de 400 euros de cobertura (o que será um negócio ruinoso para si).

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Pagamento do valor

É também importante saber quando lhe será pago o valor. Existem seguros em que o valor é pago logo desde o primeiro dia, e outras em que o pagamento só é feito após cessação do subsídio de desemprego. Mas tenha em atenção que terá de estar inscrito no centro de emprego.

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Condições pré-existentes

Finalmente, muita atenção para as condições pré-existentes. Insista com a seguradora para que lhe diga quais são e como agiria mediante determinados cenários previsíveis.

Uma das pré-existências mais traiçoeiras no seguro de desemprego é a “previsibilidade de desemprego”, ou seja, a seguradora pode argumentar que, à data da subscrição do serviço, o segurado já sabia que ia ficar desempregado e, com isso, “saltar fora” no momento de pagar a cobertura.

Como escolher o melhor seguro para cobrir uma situação de desemprego

Antes de mais, lembre-se que este seguro será sempre mais uma despesa no seu orçamento familiar e, como acontece com todos os seguros, é uma despesa preventiva, ou seja, dinheiro que gasta sem saber se vai ou não beneficiar dele depois.

Se for financeiramente disciplinado, a verdade é que compensa sempre muito mais separar, todos os meses, o equivalente ao prémio do seguro e guardar o dinheiro numa poupança sua. Se ficar desempregado, esse dinheiro está lá incondicionalmente. E mesmo que isso não venha a acontecer, pode sempre aproveitar o dinheiro para outras coisas e não o dá como perdido.

Se, no entanto, a poupança não é algo que consiga fazer por si, então um seguro de proteção ao vencimento pode ser uma boa opção, sobretudo se tiver encargos mensais com os quais não pode mesmo falhar. Neste caso, para fazer a sua escolha faça uma avaliação conjunta da despesa envolvida e da eficiência da cobertura.

Como fazer as contas?

Parece complexo, mas é bastante simples. Primeiro olhe para os seus encargos mensais: se tiver um crédito habitação para pagar, por exemplo, elimine da lista todos os seguros cuja cobertura não seja capaz de pagar a prestação.

Deve considerar apenas as ofertas cujo valor do pagamento que permitir cobrir as contas mais importantes, aquelas que não quer mesmo deixar cair. Depois olhe para os prémios de cada uma e escolha o mais baixo. À partida será a melhor oferta possível, porque consegue o objetivo mínimo com a menor despesa.

O seguro proteção do vencimento acaba, então, por ser uma forma de comprar uma almofada financeira. Se tiver capacidade orçamental para subscrevê-lo, vale a pena dormir mais descansado. Mas se tiver mesmo vontade de cuidar do seu dinheiro, convém sempre começar o processo por avaliar a possibilidade de separar algum por si. Assim estará sempre disponível e vai poder usá-lo quando quiser, sem dar satisfações a ninguém.

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