Os sintomas de diabetes podem não ser facilmente percecionados, uma vez que esta doença crónica é, na maior parte das vezes, assintomática e considerada uma doença silenciosa. Muitas vezes, quando o diagnóstico é estabelecido, as pessoas podem já ter a doença há meses ou mesmo há anos.
A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que faz com que as células produtoras de insulina no pâncreas sejam destruídas, impedindo que o corpo seja capaz de produzir insulina suficiente para regular adequadamente os níveis de glicose no sangue.
Pode ser diagnosticada em qualquer idade, embora seja comummente diagnosticada em crianças e jovens.
A diabetes tipo 2 é um distúrbio metabólico que resulta em hiperglicemia (níveis elevados de glicose no sangue) devido ao corpo ser ineficaz no uso da insulina que produziu. Geralmente, é diagnosticada em pessoas acima dos 40 anos.
Como reconhecer os sintomas da diabetes?
A maior parte dos sintomas de diabetes resulta de uma alteração dos níveis de glicemia, que é um tipo de açúcar presente no sangue. Nos diferentes tipos de diabetes, a maior parte dos sintomas é semelhante.
A grande diferença é que, enquanto os sintomas da diabetes tipo 1 surgem de forma repentina; no caso da diabetes tipo 2, eles surgem de forma mais gradual, deixando de ser tão óbvios.
Polifagia ou hiperfagia – fome frequente
Quando se ingere comida, esta é convertida em glicose, mas é necessária insulina para transportar a glicose para as células.
No caso da diabetes tipo 1, como não ocorre a produção de insulina, e no tipo 2, como ocorre resistência à insulina, as células não conseguem alcançar a glicose necessária para gerar energia. O corpo compreende esta situação como se estivesse em constante jejum e, como necessita de energia, faz aumentar o apetite.
O simples facto de comer não elimina a sensação de fome.
Cansaço extremo
A glicose é a fonte de energia para as células, como em ambos os tipos de diabetes 1 e 2 ocorre uma alteração ao nível da insulina, as células captam menos glicose que o necessário e, assim, o corpo produz menos energia, revelando sintomas de cansaço, fadiga e falta de energia.
Poliúria – urinar com mais frequência do que o habitual
Normalmente, o nosso corpo reabsorve a glicose quando ela passa pelos rins. Mas, quando a diabetes tipo 1 e 2 aumentam os níveis de glicose no sangue, os rins deixam de conseguir reabsorver tanta glicose e permitem a perda de glicose pela urina.
A glicose precisa de ser diluída para poder ser eliminada. Assim, quanto maior for a glicemia, maior será a quantidade de urina produzida durante um dia e maior a glicosúria (perda de glicose na urina).
Polidipsia – constante sensação de sede
Este sintoma da diabetes encontra-se relacionado com o sintoma anterior, uma vez que quanto mais água o nosso organismo perder, mais desidratado fica, e a sede é um mecanismo do nosso corpo para combater a desidratação, daí a constante sensação de sede.
Xerostomia – sensação de boca seca
Apesar da ingestão constante de água, o nosso corpo também a vai eliminando através da urina, deixando-o desidratado, sendo a sensação de boca seca, um sintoma de desidratação resultante deste ciclo.
Perda de peso
Geralmente a pessoa com diabetes perde muito peso, mesmo que esteja a ingerir constantemente alimentos. Como a insulina não é produzida, a glicose não é aproveitada e acaba por ser eliminada pela urina, o que leva a um ciclo de aumento de apetite e de perda de peso.
No caso da diabetes tipo 2, esta perda de peso não é, geralmente, tão acentuada, uma vez que ainda ocorre a produção de insulina, fazendo chegar glicose às células, mas como a insulina não é suficiente, a restante glicose é expelida na urina e a outra parte é transformada em reserva de gorduras.
Cicatrização mais lenta das feridas
Com o tempo, o alto nível de açúcar no sangue pode afetar o fluxo sanguíneo e causar uma diminuição da função das células que reparam os tecidos, provocando uma diminuição da proliferação celular, alterando a capacidade de formar novos vasos sanguíneos e a tendência para criar lesões ao nível dos nervos.
Todos estes fatores fazem com que a pessoa perca a sensibilidade nos membros inferiores e qualquer ferida pode aparecer e agravar sem que a pessoa sinta.
Mau hálito
Este sintoma pode surgir devido a infeções das gengivas ou dos dentes ou pela utilização da gordura armazenada no corpo que faz libertar três substâncias identificadas como cetonas: β-hidroxibutirato, acetoacetato e acetona.
Estas cetonas são eliminadas na urina e nos pulmões, por isso o hálito pode ficar com um odor adocicado e azedo ao mesmo tempo.
Cetoacidose metabólica
A cetoacidose diabética é um dos sintomas de diabetes mais graves que ocorre quando o organismo produz altos níveis de ácidos sanguíneos chamados cetonas.
Sem insulina suficiente, o corpo começa a fracionar a gordura para usar como energia. Este processo produz a acumulação de cetonas, levando eventualmente à cetoacidose diabética, isto é, à acidificação do sangue.
Infeções frequentes
Em geral, as doenças infeciosas são mais frequentes e graves em pacientes com diabetes, o que, potencialmente, aumenta a sua morbimortalidade. A maior frequência de infeções em pessoas diabéticas é causada pelo ambiente hiperglicémico, que favorece a disfunção do sistema imunitário. As infeções mais frequentes podem ser pneumonias, infeções na pele, candidíase ou infeções urinárias.
Visão turva
A visão turva é frequentemente um dos primeiros sintomas de diabetes. A visão pode estar turva, porque o excesso de glicose causa um inchaço no cristalino (lente do olho), alterando a sua flexibilidade e forma. Estas alterações dificultam a capacidade do olho em focar, o que faz a visão ficar embaçada.
Diabetes tipo 1
Nas crianças, a diabetes tipo 1 pode aparecer de forma repentina. Por norma, pode haver queixas de fadiga, muita sede, aumento da quantidade de urina, aumento do apetite – apesar de estar a emagrecer.
As pessoas que sofrem desta doença têm o que se chama uma cetoacidose diabética – que é a formação de corpos cetónicos. Isto quer dizer que emitem um cheiro no hálito a acetona, mas também têm outros sintomas, nomeadamente vómitos, enjoos e dores de barriga.
Nestes casos, o corpo deixa de um momento para o outro de produzir insulina. Nos jovens adultos, entre os 25 e os 30 anos, a diabetes tipo 1 evolui mais lentamente, podendo mesmo ser confundida com a diabetes tipo 2. O doente que sofre de diabetes tipo 1 precisa sempre de suplementação com insulina e esta nunca poderá ser suspensa.
Diabetes: como medir os níveis de glicose no sangue?
É importante medir os diabetes para saber como está a reagir à medicação que está a fazer e até para saber a quantidade exata de insulina a aplicar, se for o caso. Ao manter o nível de glicose no sangue dentro do intervalo desejado, está a prevenir ou a retardar o aparecimento de complicações associadas à diabetes. Existem 2 maneiras de medir a glicose.
Teste a HbA1c
Este teste é feito através de uma amostra de sangue retirada de uma veia do braço. Os valores obtidos como resultado mostram o controlo geral dos níveis de glicose ao longo dos últimos 2-3 meses.
Este teste de sangue mede a quantidade de glicose que aderiu a uma parte dos glóbulos vermelhos e que está a ser transportada pelo organismo. Normalmente, tem que ser feito duas vezes por ano.
Teste à glicose atual
Através de um medidor de glicemia e de tiras de teste de glicose no sangue, faz-se o autocontrolo com um medidor. É importante conhecer quais são os seus intervalos-alvo de glicose no sangue e o que os seus resultados querem dizer.
Existem muitas opiniões divergentes sobre o intervalo ideal para os níveis de glicose, uma vez que cada indivíduo é uma pessoa com necessidades diferentes. Os valores seguintes servem apenas de guia:
- 60-100 mg/dl antes das refeições
- Menos de 140 mg/dl, duas horas após as refeições.
Considera-se:
- hipoglicemia, se os níveis de açúcar no sangue forem baixos, ou seja, valores de glicemia inferiores a 70mg/dl;
- hiperglicemia, se os níveis de açúcar no sangue forem altos, ou seja, valores de glicemia superiores a 200 mg/dl.
7 cuidados a ter
- Lavar bem as mãos com água morna e secá-las bem, antes de realizar o teste. Desta forma, está a “colocar” sangue às pontas dos seus dedos.
- Colocar os braços para baixo para que, com a ajuda da gravidade, o sangue chegue a toda mão.
- Massajar a mão e o dedo na direção do local da punção, principalmente no tempo frio, antes de fazer a picada, para que assim o sangue chegue mais facilmente aos dedos.
- Escolher o local de punção adequado. Encoste firmemente o dispositivo de punção sobre a parte lateral das pontas dos dedos, uma vez que nesta zona poderá ser mais confortável.
- Não usar tiras à temperatura ambiente ou fora da validade.
- Ter o medidor bem calibrado.
- Usar uma gota de sangue com tamanho suficiente.
Alimentos aconselhados para quem tem diabetes
Os indivíduos com diabetes devem ter um plano alimentar individualizado, adaptado às suas condições de vida, peso, género e idade. Além de controlar o peso, a dieta de um diabético visa, essencialmente:
- evitar ou minimizar as flutuações dos níveis de glicemia;
- atingir um perfil lipídico que reduza o risco de doença cardiovascular;
- contribuir para níveis de pressão arterial normais;
- ajudar a reduzir a evolução de certas complicações microvasculares, como as renais.
Para controlar esta condição, quem padece de problemas de diabetes deve privilegiar, na sua alimentação, produtos ricos em hidratos de carbono complexos, tais como os cereais integrais, as frutas e as verduras. Estes alimentos, além de hidratos de carbono complexos, possuem fibras, o que também beneficia os doentes diabéticos.
As proteínas são também importantes numa dieta diabética, devendo apostar-se em carnes magras e peixe. Tome nota dos principais alimentos que devem compor a dieta de um diabético:
- macarrão, arroz, pão, cereais (tipo muesli sem
açúcar e integrais); - acelga, escarola, almeirão, bróculos, courgette,
vagem, chuchu, cenoura; - maçã, pera, laranja, melão, melancia;
- leite desnatado, queijo magro, iogurte (light);
- carnes magras como frango e peru, peixe, frutos
do mar.
Alimentos desaconselhados para quem tem diabetes
Se há alimentos bons para diabéticos, também há alimentos proibidos que importa elencar, pois devem ser evitados na dieta diária de um diabético.
- açúcar, mel, geleia, compota, marmelada;
- produtos de confeitaria e pastelaria;
- chocolates, rebuçados, gelados;
- fruta em calda, frutos secos e fruta muito doce,
como banana, figo, uva ou dióspiro; - refrigerantes e outras bebidas açucaradas.
Nota: Quem tem problemas de diabetes, deve estar particularmente atento aos rótulos dos produtos industrializados e evitar alimentos que possuam açúcar sob a forma de glicose, xilitose, frutose ou maltose.
Há, ainda, os alimentos salgados ou com cafeína que devem ser evitados tanto por quem tem problemas de diabetes, como por hipertensos, e de que são exemplo:
- bolachas de água e sal, bolachas salgadas,
aperitivos salgados; - manteiga com sal, queijos, frutos secos gordos
com sal, azeitonas, tremoços; - enlatados, enchidos, fumados, carnes salgadas,
peixes salgados; - molhos, caldos concentrados, alimentos pré-confecionados;
- café, chá preto e chá verde.
Quando estamos perante casos de diabetes com colesterol alto associado, devemos preferir alimentos naturais e frescos, como frutas e legumes crus ou cozidos.
Além disso, na confeção dos produtos devem ser evitados óleo, manteiga, molhos com creme de leite concentrados de tomate. Quem tem problemas de diabetes deve também evitar produtos pré-confecionados.