A pneumonia é uma inflamação aguda dos alvéolos, espaço aéreo terminal ou do parênquima pulmonar que pode apresentar diferentes graus de severidade. É a doença respiratória com maior impacto na mortalidade e ninguém está imune.
Afeta mais e com mais gravidade, geralmente, crianças e idosos. A Sociedade Portuguesa de Pneumologia aponta que, num cenário sem a Covid-19, todos os anos, 12 pessoas de cada grupo de mil adoece por pneumonia.
Vamos conhecer as suas causas, sintomas e tratamento – tudo sob o ângulo além da pandemia.
O que é uma pneumonia?
De forma simples e clara, uma pneumonia é uma infeção respiratória que atinge os pulmões. Os alvéolos pulmonares e os bronquíolos são preenchidos por um líquido resultante da inflamação, deixando de ser possível fazer as trocas gasosas normais na respiração. Assim, é afetada a área do pulmão onde se dão as trocas gasosas essenciais à vida.
A pneumonia é uma das principais causas de hospitalizações e mortalidade em Portugal, sendo que crianças e idosos são os mais afetados e os que apresentam maior vulnerabilidade. Pode ser contraída no dia-a-dia, por qualquer pessoa, mas está muitas vezes associada a ambientes hospitalares.
Apesar da propagação da doença ser mais comum nas estações mais frias (outono e inverno) é possível contrair pneumonia em qualquer altura do ano, pelo que importa estar atento aos fatores de risco à nossa condição de saúde.
Causas da pneumonia
A pneumonia pode ser causada por bactérias ou vírus – sendo que, num cenário normal no âmbito da Saúde, a colocar de lado as altas taxas de pneumonias mais recentes causadas pela Cond-19, a maioria das pneumonias são bacterianas (pneumonias pneumocócicas).
Estas pneumonias surgem devido à aspiração de bactérias (por exemplo, a Streptococcus pneumonia) que habitualmente existem na parte superior da nasofaringe e se tornam perigosas e agressivas. Já nos casos virais, a pneumonia ocorre devido à inalação de gotículas infetadas provenientes de outros doentes.
Há alguns fatores de risco para a pneumonia que devem ser acautelados, nomeadamente:
1. sistema imunitário debilitado;
2. desnutrição;
3. viver em ambientes densamente povoados ou poluídos;
4. tabagismo;
5. idade avançada (mais de 65 anos);
6. doentes institucionalizados (por exemplo, idosos a residir em lares de terceira idade) ou internados em hospitais;
7. alcoolismo;
8. toxicodependência;
9. ser portador de determinadas patologias tais como diabetes, asma, doença cardíaca ou doença pulmonar obstrutiva crónica.
Sintomas da pneumonia
Os sintomas desta doença são também comuns a outras patologias do aparelho respiratório, sendo pouco específicos. De forma geral aparecem de forma rápida e podem existir todos ao mesmo tempo ou não. Alguns dos sintomas mais comuns são:
1. febre alta;
2. arrepios de frio;
3. dificuldade respiratória;
4. falta de ar;
5. dor torácica;
6. tosse com ou sem expetoração;
7. dores de cabeça;
8. dores musculares.
Perante os sintomas e recolhida a história clinica do doente, o diagnóstico de pneumonia é confirmado através da realização de exames médicos, nomeadamente através da realização de uma radiografia do tórax. A duração de uma pneumonia pode variar entre alguns dias, uma semana ou até mais, e o tratamento com antibiótico dura habitualmente entre 7 e 14 dias. O estado geral e a energia anterior à doença muitas vezes só são recuperados após algumas semanas.
Tratamento da pneumonia
Na grande maioria dos casos o tratamento é realizado fora do ambiente hospitalar, havendo alguns casos específicos de maior gravidade que requerem internamento.
Na variante bacteriana habitualmente é prescrita a administração de antibiótico, enquanto na variante viral é comum o recurso a medicamentos antivirais. Podem ainda ser prescritos outros fármacos direcionados ao alívio dos sintomas, como por exemplo antipiréticos quando há febre.
No caso de pneumonia grave por Covid-19, um medicamento com ação inibidora sobre a replicação vírus SARS-CoV-2 tem-se mopstrado capaz de reduzir, muitas vezes, o tempo de recuperação: o remdesivir. No entanto, à medida que avançam os conhecimentos sobre a doença, são analisadas novas abordagens, com recursos a novos medicamentos.
Apostar na prevenção é importante
Para além de tratar, importa prevenir o surgimento de pneumonia, nomeadamente através das seguintes medidas:
1. controlar doenças crónicas;
2. ter uma vida saudável: não fumar, ter uma alimentação saudável, uma vida ativa e uma higiene cuidada;
3. frequentar ambientes não poluídos e passear ao ar livre, de forma a manter uma boa saúde respiratória;
4. não negligenciar a vacinação, quer a vacinação contra a gripe sazonal, quer a vacinação específica contra a pneumonia (vacina pneumocócica) e, ainda, a vacinação contra a Covid-19.
Quem tem maior risco de contrair uma pneumonia causada pela Covid-19?
A ciência afirma que todos, de igual forma, têm as mesmas chances de contrair o vírus SARS-CoV-2, contudo, sabe-se que há determinadas características e condições que aumentam a probabilidade de desenvolver uma doença grave em decorrência da infeção.
Idade avançada, diabetes, cancro (do pulmão, do sangue ou doença metástica), doença pulmonar crónica, doença renal crónica, tabagismo e obesidade são exemplos que a ciência destaca.
Porque é importante identificar se a pneumonia é causada por uma gripe comum, uma bactéria ou pela Covid-19?
Grande parte dos sintomas de pneumonia pela infeção através do vírus Influenza (gripe comum) é comum aos sintomas verificados na doença pela infeção pelo SARS-CoV-2 (novo coronavírus). Torna-se extremamente útil e urgente distinguir uma infeção da outra por duas razões:
- a abordagem terapêutica do tratamento da pneumonia por Covid-19 é diferente;
- no caso do doente estar infetado pelo SARS-CoV-2, são adotadas medidas fundamentais para o controlo da pandemia, como isolamento, identificação de contactos e vigilância.
Os números da pneumonia em Portugal antes da pandemia
Em Portugal, a pneumonia já mostrava números alarmantes mesmo antes da pandemia de Covid-19 – quando comparados com os da média europeia. Sempre foi uma doença que afeta pessoas de ambos os sexos, de todas as idades, à qual ninguém está imune.
Os estudos realizados acerca da expressão desta doença no nosso país, datados de antes do impacto que o surto do novo coronavírus, já espelhavam bem a necessidade de um conhecimento mais profundo sobre a doença, bem como de uma maior capacidade de identificar e interferir nos mecanismos subjacentes à mesma.
- Os custos com o internamento rondavam, num panorama sem pandemia, os 80 milhões de euros por ano.
- Os custos diretos por internamento hospitalar chegaram a rondar os 2.706€ por doente.
- Os custos destes internamentos representaram, por exemplo, 1% do orçamento para a saúde em 2016.
- Antes da turbulência causada pelo novo coronavírus, a pneumonia já era uma doença que mata -números oficiais apontavam para uma média de 23 pessoas por dia, só nos hospitais públicos.
- Todos os dias eram internados, em média, 81 doentes adultos com pneumonia.
- 79% dos internamentos durante o período pré-pandemia eram de doentes com mais de 65 anos.
- Num cenário dito normal, a duração média de internamento por pneumonia é de 10 dias.