Share the post "Sistemas de segurança obrigatórios nos carros: o presente e o futuro"
Com o objetivo de baixar os elevados números associados à sinistralidade rodoviária, a União Europeia (UE) pretende que todos os veículos que circulem nas estradas estejam equipados com alguns sistemas de segurança obrigatórios por lei, para assim ajudarem a salvar vidas.
Estes sistemas e tecnologias permitem proteger os ocupantes dos veículos, mas não só. Contribuem também para uma maior proteção de peões e ciclistas.
Mesmo não sendo o principal responsável pela diminuição da sinistralidade rodoviária, o aumento dos sistemas de segurança passiva tem contribuído muito positivamente para a redução do número de vítimas.
Enumeramos quais são os sistemas de segurança obrigatórios até à data e quais os sistemas de segurança que serão obrigatórios implementar por todas as marcas a partir de 2022.
Sistemas de segurança obrigatórios
De acordo com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), o conceito de segurança passiva tem a seguinte definição:
“Diferentemente daquilo que é chamado de “segurança ativa”, que atua na condução com vista à prevenção do acidente, a segurança passiva atua essencialmente na proteção dos ocupantes em caso de acidente.”
Sistemas de segurança passiva obrigatórios
1. Cinto de segurança
De uso obrigatório para todos os que circulam no automóvel, o cinto de segurança é o principal sistema de segurança passiva.
É também aquele que mais garante a integridade física do ocupante do veículo, em caso de colisão. É um dispositivo de retenção que reduz a força que é aplicada sobre o corpo do ocupante do passageiro, em caso de colisão frontal ou lateral.
2. Encosto de cabeça
Tal como o cinto de segurança, o encosto de cabeça também é um dispositivo de retenção. A sua função principal é evitar um golpe, potencialmente grave, no pescoço e na região cervical conhecido como o “golpe de coelho”.
3. Pré-tensores
Este sistema é um acréscimo aos cintos de segurança. São ativados instantaneamente em caso de colisão e reduzem a folga entre a correia do cinto e o corpo do ocupante.
4. Airbags
São um dos sistemas de segurança obrigatórios que atuam apenas após a colisão. Os airbags são um complemento do cinto de segurança.
Trata-se de uma espécie de almofada que protege a parte superior do tronco do ocupante, nomeadamente a cabeça. Estes encontram-se no interior do volante e no interior do tablier do lado do passageiro, à frente.
Podem existir também airbags laterais destinados a proteger a cabeça dos ocupantes em caso de colisão lateral e airbags que protejam os ocupantes que circulam nos lugares de trás dos veículos.
O airbag entra em funcionamento em colisões acima dos 23km/h. Abaixo desta velocidade o “airbag” pode atuar.
5. Deformação estrutural
Os veículos automóveis possuem uma estrutura chassis/carroçaria que é deformável, por um lado, e resistente, por outro.
O objetivo é garantir espaço no habitáculo que permita a sobrevivência dos seus ocupantes, e, ao mesmo tempo, flexão suficiente para uma absorção eficiente da energia cinética produzida no momento da colisão.
6. Sistemas de Retenção Infantil
Considerando que o acidente rodoviário é a 1ª causa de mortalidade nas crianças com menos de 10 anos, é muito importante desenvolver sistemas que potenciem a sua segurança.
As crianças devem ser transportadas, desde o nascimento até aos 12 anos, e se tiverem menos de 150 cm de altura, utilizando sistemas de retenção (“cadeiras-auto” ou “cadeirinhas”) apropriadas para a sua idade e peso.
As crianças devem ser sempre transportadas nos bancos de trás, exceto se tiverem menos de 3 anos, não existir banco de trás ou este não possuir cintos de segurança.
Ao serem transportadas à frente, a “cadeiras-auto” deve estar virada para trás e o airbag desligado.
Sistemas de segurança ativa obrigatórios
Para além destes, são ainda obrigatórios alguns sistemas de segurança ativa.
De acordo com o IMT, estes são
“sistemas que permitem prevenir ou evitar os acidentes, pois atuam em situação de emergência, antes do acidente”.
1. Sistema Anti-bloqueio de travagem (ABS)
Permite um controlo direcional mais eficaz quando existe um desvio de trajetória provocado por uma travagem a fundo e reduz a distância de travagem, especialmente em piso escorregadio.
2. Sistema de controlo de tração
O sistema de controlo de tração tem como objetivo manter a estabilidade em momentos de aceleração/tração.
3. Sistema ESC (ESP)
Utiliza os sensores e funcionalidades do ABS, do sistema de assistência à travagem e do sistema de controlo de tração e combina-os para corrigir a trajetória e derrapagem do veículo.
4. Sistema de assistência à travagem (EBA)
Como o próprio nome indica, o objetivo é auxiliar o condutor nos momentos de travagem.
Quando repentinamente surge um obstáculo que nos obriga a travar com maior urgência, os sensores do veículo detetam que o pedal de travão foi acionado mais rapidamente.
Com base nesta informação, a força de travagem é multiplicada (cerca de 4 vezes – devido a uma característica especial do servo-freio), imobilizando o veículo num espaço substancialmente mais curto.
5. eCall (SOS)
Desde 31 de março de 2018, passou ainda a ser obrigatório que todos os modelos aprovados a partir dessa data contenham o sistema de chamadas de emergência conhecido como eCall.
Este sistema está ligado ao carro e, em caso de acidente, realiza automaticamente uma chamada de apoio.
Para além disso, os ocupantes do veículo podem também ativar o serviço de socorro manualmente através do botão SOS presente no veículo.
Quais serão as mudanças a implementar em 2022
Com a introdução de mais 12 sistemas de segurança obrigatórios a partir de 2022, a UE estima que serão salvas, até 2038, mais de 25.000 vidas, e evitados 140.000 feridos graves.
O Programa Vision Zero tem como objetivo chegar perto do número zero no que diz respeito a mortos e feridos graves provocados por sinistros rodoviários.
Neste sentido, a UE reviu o Regulamento Geral de Segurança e irá obrigar os construtores automóveis a instalarem uma maior variedade de sistemas de segurança nos veículos por si produzidos.
Alguns destes sistemas já são comuns em alguns segmentos, mas vão agora passar a ser obrigatórios.
O sistema de travagem automática, por exemplo, que é já obrigatório para que o modelo tenha cinco estrelas nos testes de segurança do EuroNCAP, passará agora a ser obrigatório e permitirá reduzir as colisões em cerca de 38%.
Para além disso, outros sistemas protegerão o condutor das suas próprias ações, como o detetor de álcool que bloqueará a ligação do motor, caso o condutor tenha bebido.
Assim, estes novos sistemas são também uma espécie de transição para a condução autónoma e terão que estar implementados nos veículos lançados após maio de 2022, sendo que existirá uma fase de implementação de dois anos (até maio de 2024).
12 sistemas de segurança que serão obrigatórios a partir de 2022
1. Travagem autónoma de emergência
Um conjunto de câmaras, sensores e radares têm como propósito facilitar o reconhecimento de obstáculos.
Em situações de colisão iminente, o automóvel conseguirá travar ou reduzir a sua velocidade sem que o condutor tenha que intervir.
2. Integração de alcoolímetro bloqueador de ignição
Os automóveis terão agora que estar equipados com um alcoolímetro que bloqueia a ignição.
Em termos práticos, se o condutor não soprar para o alcoolímetro, o automóvel não ligará. Da mesma forma, se este sistema detetar valores de alcoolemia acima dos legalmente permitidos, a ignição será bloqueada de imediato.
Numa primeira fase, os alcoolímetros não serão legalmente obrigatórios, mas os automóveis terão que estar preparados para a instalação este sistema.
3. Sistemas de monitorização constante da atenção do condutor
Este sistema de segurança detetará sinais de sonolência, cansaço ou distração, alertando o condutor.
4. Registo de dados em caso de acidente
Funcionará como uma espécie de “caixa negra” dos aviões. Este sistema de registo de dados irá guardar e gravar vários dados relativos aos veículos, tais como a velocidade, as travagens e outros.
Com este registo, será mais fácil apurar o que esteve na origem do sinistro e quem é o culpado.
5. Sinalização luminosa de travagem de emergência
No caso de uma travagem brusca, este sistema ativa a luz dos quatro piscas. Este sistema permitirá alertar os condutores que circulam atrás do veículo em questão.
6. Atualização do crash test frontal a toda a largura do veículo
Os crash tests terão melhorias e novas atualizações.
Assim, o teste será estendido ao impacto a toda a largura do veículo, o que irá incluir o teste do poste. Neste teste, a lateral do veículo é atirada contra um poste.
7. Alargamento da zona da absorção de impacto com a cabeça para peões e ciclistas
O novos automóveis terão que ter sensores capazes de distinguir peões e ciclistas.
Para além disso, o pára-brisas terá que sofrer alterações com o objetivo de causar o mínimo de ferimentos possível, em caso de colisão, mais concretamente, no caso de atropelamentos.
8. Cruise control adaptativo
Este sistema tem a capacidade de limitar, automaticamente, a velocidade do veículo.
Com o propósito de reduzir o cansaço em viagens longas, para além de limitar a velocidade, o cruise control adaptativo também alertará o condutor sempre que este estiver a exceder o limite de velocidade permitido.
9. Assistente de manutenção de faixa de rodagem
Este sistema envia sinais sonoros ou faz com que o volante vibre para alertar o condutor de que está a sair, por distração, da faixa de rodagem.
10. Proteção dos ocupantes em casos de impactos laterais
Serão realizadas melhorias, a nível estrutural, das zonas laterais dos automóveis, para que estas tenham uma maior resistência à colisão.
11. Câmara traseira ou sistema de deteção
Este sistema é particularmente útil para evitar atropelamentos ou sinistros relacionados com estacionamentos.
Entre as suas diversas funções distingue-se a análise de tráfego cruzado, facilitando o reconhecimento de objetos que possam surgir durante uma manobra de marcha à retaguarda.
12. Sistema de monitorização de pressão dos pneus
Este sistema já se encontra instalado em quase todos os veículos recentes. No entanto, tornar esta tecnologia obrigatória é mais um passo para a prevenção rodoviária.