Sente que a bateria do seu telemóvel já não dura o que durava quando o comprou? Acha que demora mais tempo a carregar? Se tem um smartphone com bateria viciada, chegou ao sítio certo e já vai ficar a perceber tudo sobre o assunto.
A expressão “bateria viciada” vem do tempo das baterias de níquel cádmio (NiCd) dos anos 80 e 90, que, quando não eram descarregadas até ao limite inferior de tensão, pareciam perder parte das suas capacidades nas cargas posteriores. Como se ganhassem o vício de fornecer cada vez menos energia.
Aconselhava-se os utilizadores a deixar a bateria chegar até ao fim e a carregar a totalidade de uma só vez para manter as suas capacidades originais. Nas baterias actuais sabemos que não se deve fazer isso.
Actualmente, todos os smarthphones têm baterias de iões de lítio (lithium-ion), que têm muito maior capacidade de armazenamento de energia e não parecem ter este efeito memória.
Uma bateria destas está desenhada para um tempo de vida entre os 300 e os 500 ciclos de carregamento completo (do 0% ao 100% de carga) – o que lhe dá uma durabilidade média de 3 anos, em utilização moderada. No entanto, já perto do final de vida poderá oferecer apenas 80% da sua capacidade original.
Se troca de telemóvel de dois em dois anos, provavelmente nunca saberá se é dono de um smartphone com bateria viciada. Mas se é dos que gosta de ficar com o seu equipamento mais anos ou, mesmo trocando frequentemente, quer que ele funcione no seu melhor durante o máximo de tempo, dizemos-lhe o que deve fazer.
Smartphone com bateria viciada: o que deve saber
O pior é a temperatura extrema
Um bateria de iões de lítio é composta por químicos carregados eletricamente. Dado o seu tamanho, cada vez mais pequeno, os polos positivos e negativos estão separados milimetricamente – daí que a sua produção industrial exija uma cuidada filtragem de ar para não entrarem poeiras que possam causar futuros curtos-circuitos.
Mas não precisa de ficar assustado. Apesar do caso das baterias da Samsung explosivas, que tudo indica terem origem num erro no processo de fabrico, este tipo de baterias foram submetidos a muitos anos de testes de segurança para chegarem às mãos dos utilizadores.
Sabendo que as reações químicas que carregam baterias geram muito calor, todos os fabricantes arranjaram forma de travar, de uma forma ou de outra, esse sobreaquecimento – mas o utilizador também pode ajudar, já que o calor é o maior inimigo da longevidade da sua bateria.
As temperaturas de referência para uma utilização normal estão entre os 0oC e os 35oC. Se precisar de utilizar um smartphone no exterior em condições mais extremas, saiba que pode escolher modelos “todo o terreno” preparados para grandes choques térmicos. Se for com o seu smartphone normal, pode ficar sem bateria.
Frio e calor a mais causam corrosão e reduzem grandemente a capacidade e o tempo de utilização da bateria.
Por isso, é importante ter isto em conta quando o assunto é evitar ter um smartphone com bateria viciada. A temperatura ambiente é especialmente importante durante o carregamento, quando o aquecimento pode aumentar ainda mais.
Boas práticas para controlo do aquecimento da bateria
- Não carregar dentro de caixas ou sobre/sob materiais que aumentem a temperatura (cobertores, aparelhos elétricos, superfícies aquecidas);
- Nunca deixar exposto ao sol directo ou indirecto (não deixar dentro do carro ao sol);
- Se notar o telemóvel muito quente, desligue-o e verifique se a bateria está inchada ou com alguma deformação física. Se estiver, não volte a carregar nem a usar sem ir a um centro de reparações;
- Se notar que aquece sempre que carrega, experimente outro carregador. Nunca use carregadores de qualidade inferior aos indicados pelo fabricante. Pode reduzir a vida da bateria e correr riscos de sobreaquecimento.
Como e durante quanto tempo deve carregar
Para optimizar os ciclos de vida fixos das baterias de iões de lítio, os fabricantes são unânimes em dizer que se deve evitar deixar descarregar até 0% ou carregar até 100%. Ambas as situações causam stress nas reacções químicas necessárias ao funcionamento da bateria, acabando por diminuir o seu desempenho.
E o que dizer a quem deixa o telemóvel toda a noite a carregar? Ainda pior do que deixar chegar à carga máxima é o risco de sobreaquecimento que pode acontecer.
Quando a bateria já carregou, mesmo que fique ligada à corrente, quer iPhones quer Androids possuem um chip para impedir que a corrente elétrica chegue à bateria.
Mas se continuar com o carregador ligado à corrente elétrica, o seu smartphone fica sujeito a picos de corrente e também ao sobreaquecimento dos materiais de plástico e metal que rodeiam a bateria. O melhor é optar por não deixar ligado toda a noite.
Boas práticas para carregar a bateria
- Faça uma utilização ideal do seu smartphone com a bateria entre os 30% e os 80%. Se deixar cair abaixo dos 10%, desligue o aparelho e carregue um pouco. O ideal é fazer vários períodos de carregamento curtos;
- Carregar na corrente elétrica é melhor do que na USB. Aquece menos a bateria, que não fica sujeita a tensões e picos provenientes da utilização do portátil;
- Evite carregar e utilizar ao mesmo tempo. Assim não atrasa o tempo de carga e evita o aquecimento extra que o funcionamento de certas aplicações podem trazer;
- Os carregadores sem fios e os de carga rápida também aquecem a bateria. Ainda está por testar eficazmente se reduzem o tempo de vida das baterias – por isso, se desconfiar, invista sempre num carregador normal para poder usar os outros de forma mais moderada;
- Se carregar no carro, tenha atenção quando usar o GPS e se o aparelho está ao sol, para não aquecer demasiado. Se o seu carregador for por isqueiro, controle a temperatura. Pode aquecer mais do que com os novos sistemas de carregamento, que são mais eficientes;
- Se não usar o telemóvel durante algum tempo, armazene-o desligado num local fresco e sem humidade. O ideal é deixar a bateria a 50%. Se estiver descarregada na totalidade, pode perder as suas capacidades e baixar o tempo de vida. Verifique-a a cada 6 meses;
- Limpar a bateria e o carregador, especialmente nas zonas de contacto, também é uma boa ideia para evitar um smartphone com bateria viada. Não precisa de o fazer mais do que duas ou três vezes num ano.
Como poupar bateria durante a utilização
Uma vez que já sabe que a sua bateria sai da fábrica com um ciclo de vida limitado, tente prolongar ao máximo a sua vida gerindo da melhor forma o seu tempo de duração diário. Quanto menos gasta, menos carrega. E, como é óbvio, não precisa deixar de usar o telemóvel – pode é usá-lo de forma mais eficiente. Ora, veja:
Boas práticas para poupar energia
- Optimize as configurações dos sistemas Andoid e iPhone e tenha sempre instalada a versão mais actualizada do sistema, já que costuma oferecer melhores opções de modos de poupança energética;
- Programe o ecrã para o modo auto-brilho. Deixe-o adaptar-se sozinho às condições de luminosidade para poupar energia;
- Desligue o Bluetooth e o Wi-Fi se o sinal não for forte. Evita que o telemóvel gaste energia à procura de ambos. Mas se o sinal tiver força, é preferível usar a ligação Wi-Fi para aceder a dados. Requer menos energia que a rede do telemóvel;
- Tente não utilizar o aparelho enquanto carrega. Demora mais tempo a carregar e aquece mais com o trabalho extra;
- Desligue uma vez por dia o telemóvel. Deixe-o descansar e arrefecer;
- Prefira o toque sonoro ao modo de vibração, que exige mais energia da bateria para funcionar;
- Se não tem emails urgentes para responder, programe as actualizações para intervalos de 15 ou 30 minutos. O update constante também consome energia;
- Configure as aplicações que consomem muita energia para as suas versões Lite. Entre as aplicações que consomem mais energia estão o Facebook, o Tinder, o Google Maps, o Snapchat, o Youtube e o Netflix. Tenha especial atenção às duas últimas, que são aplicações de streaming, que obrigam a constantes downloads. Esteja atento ainda aos sites de vendas como a Amazon, que estão sempre a actualizar os preços, ligando-se frequentemente ao seu smartphone.
Smartphone com bateria viciada: o que fazer?
Se já está nesta situação e sabe que tem um smartphone com bateria viciada, siga estes passos:
- Desligue o telemóvel e ligue-o à tomada para que este recarregue;
- Retire-o da tomada quando este indicar que atingiu os 100%;
- Ainda sem ligar o smartphone, aguarde alguns minutos e volte a colocá-lo a carregar;
- Se continuar em 100%, dê umas palmadinhas nas suas costas – se a mensagem de bateria carregada não aparecer é mau sinal, pois significa que a bateria está descalibrada;
- Volte a colocá-lo à carga até atingir novamente os 100%;
- Repita o processo até que o telemóvel dê a informação de bateria carregada quando o volta a pôr à carga.
Se o seu problema é ter um smartphone com bateria viciada, teste os nossos passos. Se resolverem o problema, ótimo. Senão, já fica a saber como proceder com o próximo gadget que tiver em mãos.
E quando já não há nada a fazer?
Às vezes, é preciso aceitar a realidade – tem um smartphone com bateria viciada – e preparar-se para se despedir definitivamente da sua bateria. O sobreaquecimento da bateria causa problemas noutras componentes do telemóvel. Ora, é melhor comprar uma bateria nova do que comprar um smartphone novo – certo?
É aqui que muitos smartphones ganham alguma vantagem em relação a alguns topos de gama que existem no mercado. É que no primeiro caso, a bateria é independente do telemóvel (e, por isso, é possível comprá-la separadamente). No caso de alguns smartphones, como o iPhone, a bateria é incorporada no dispositivo.
Saiba quanto custam as baterias novas antes de comprar o seu smartphone
Se, depois disto tudo, ficou obcecado com a vida da sua bateria, não fique. Os cuidados excessivos com a bateria não podem assombrar o prazer e a utilidade que pode retirar do seu smartphone.
Apenas queremos que experimente introduzir no seu dia a dia algumas destas práticas para ver os resultados e evitar ou resolver o problema se um smartphone com bateria viciada. Até porque os fabricantes – cada vez mais – desenham os smartphones que, inevitavelmente, tomam conta das suas baterias.
Se a bateria for mesmo uma questão importante para si, ou se sabe que dificilmente vai por em prática estas sugestões, não é má ideia, quando comprar um smartphone, optar por modelos que facilitem a substituição da bateria e informar-se sobre os custos associados a esses serviços.