O conceito de trauma começou por ser utilizado na medicina, como forma de explicar o diagnóstico de ferimentos expostos no corpo dos pacientes. Posteriormente, este conceito foi alargado a outras áreas, nomeadamente à Psicologia, tendo-se relevado importante na explicação e compreensão das diversas patologias mentais.
Trauma: o que é?
Um trauma psicológico é um acontecimento que, tal como acontece com o trauma físico, não é controlável pela pessoa que o vive, e que devido à sua imprevisibilidade, intensidade e gravidade provoca uma experiência intensa com que a pessoa não está capaz de lidar.
Quando somos confrontados com acontecimentos que não conseguimos prever e que, pelo fator surpresa, nos colocam numa posição de impotência, angústia, medo e desamparo, sentimos que não possuímos as aptidões necessárias para lhes fazer frente.
Consequências do trauma
As consequências desencadeadas por um acontecimento traumático podem ser de curta duração ou prolongar-se no tempo, dando origem à perturbação de stress pós-traumático.
Perturbação de stress pós-traumático
Esta perturbação é um problema de ansiedade que surge, como o próprio nome indica, depois de uma pessoa ter sido exposta a um trauma psicológico. Pessoas com perturbação de stress pós-traumático estiveram expostas a traumas de grande gravidade, nomeadamente: ameaça de morte; morte real; ferimento grave; violência sexual; assalto; acidente de automóvel; incêndio; entre outros.
Pessoas com esta patologia estiveram expostas a traumas graves, mas a exposição pode não ter sido necessariamente direta, ou seja, podem por exemplo ter testemunhado acontecimentos que ocorreram a outras pessoas ou ter tomado conhecimento de que determinado trauma aconteceu a alguém próximo.
Pessoas com esta perturbação têm alguns dos seguintes sintomas:
a) Lembranças do trauma que causam mal-estar e que são intrusivas e recorrentes;
b) Sonhos perturbadores recorrentes, cujo conteúdo está relacionado com o trauma vivido;
c) Imagens mentais através das quais a pessoa sente ou atua como se o trauma estivesse a ocorrer novamente;
d) Mal-estar psicológico intenso e prolongado;
e) Reações físicas intensas face à exposição a estímulos que se assemelhem ao trauma;
f) Esforço para evitar memórias, pensamentos ou estímulos relacionados com o trauma;
g) Incapacidade para recordar algum aspeto importante do trauma;
h) Crenças negativas sobre si e sobre o mundo;
i) Culpar-se a si ou a outros pelo trauma;
j) Sentimentos depressivos, com perda de interesse e sensação de vazio;
k) Comportamento irritável, com acessos de raiva e com respostas de sobressalto exageradas;
l) Perturbação do sono e da capacidade de concentração.
Traumas de menos gravidade
Não é preciso estar envolvido numa situação de catástrofe ou perigo de vida para se vivenciar algo como traumático. Basta que, de alguma forma, o nosso organismo nos tenha entendido impossibilitados ou incapazes para lidar com uma dada situação.
Naturalmente que um trauma com esta gravidade menor não dá origem a uma perturbação de stress pós-traumático, mas tal não quer dizer que não provoque desconforto, ansiedade e não molde a nossa vida.
Como superar um trauma
Se viveu um trauma e apresenta sintomas como ataques de choro súbitos, ou de pânico, irritabilidade e explosões de raiva sem razão, diminuição da autoconfiança, humor deprimido ou perda de interesse, deve procurar ajuda. Fale com o seu médico de família ou com um profissional da área da saúde mental.
1) Procure ou mantenha o tratamento: o tratamento implica sempre algum confronto provocado pelas memórias traumáticas, mas não deve desistir;
2) Oiça e comunique com que está próximo de si: aceite o encorajamento que as pessoas lhe transmitem e partilhe aquilo que sente; partilhe à medida que lhe for confortável e perceba que não está sozinho;
3) Não se culpabilize: estar envolvido num acontecimento traumático não foi culpa sua e não poderia ter feito nada para o evitar;
4) Aceite ajuda: pode sentir mais dificuldades em desempenhar as suas tarefas diárias e assumir todas as suas responsabilidades; pedir ajuda não é motivo de vergonha;
5) Seja paciente: recuperar o seu bem-estar, a sua vida e as suas relações pode demorar, mas vai a acontecer; apoie-se nos seus familiares, amigos, e na equipa de saúde que o acompanha.
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