A surdez pode ser definida como uma limitação na capacidade auditiva. Este problema pode atingir pessoas de qualquer idade, género e raça. Esta condição prejudica não só a audição, como a linguagem e a capacidade de comunicação.
Esta incapacidade auditiva pode ter diferentes graus, nomeadamente ligeiro, moderado, severo e profundo. Há dois tipos principais de surdez: a hipoacusia de transmissão e a neurosensorial.
Na primeira tipologia, não existe uma boa propagação do som do exterior para o ouvido interno; enquanto na neurosensorial o problema está no ouvido interno, no nervo auditivo e no próprio cérebro. Em alguns doentes, coexistem os dois tipos de surdez.
Surdez: sintomas a que deve estar atento
Geralmente, o sintoma mais evidente de surdez está relacionado com a diminuição ou alteração da audição, dificultando a perceção dos sons e a compreensão das palavras.
Já nas crianças, o sinal de alerta de surdez pode ser o facto da criança registar um atraso na fala, não dizendo qualquer palavra antes dos 15/18 meses. Quando há casos de surdez em crianças com idades entre os 2 e os 5 anos, a causa mais frequente é a otite serosa. Esta situação deve ser diagnosticada e tratada por um médico o mais depressa possível, de modo a evitar infeções agudas e otites crónicas.
Níveis de deficiência auditiva
- Limiares entre 0 a 24 dB: Audição Normal
- Limiares entre 25 a 40 dB: Deficiência Auditiva Leve
- Limiares entre 41 e 70 dB: Deficiência Auditiva Moderada
- Limiares entre 71 e 90 dB: Deficiência Auditiva Severa
- Limiares acima de 90 dB: Deficiência Auditiva Profunda
Causas dos vários tipos de surdez
A surdez tem várias causas possíveis. Ela pode ser súbita, congénita ou adquirida.
Surdez súbita
Um quadro de surdez súbita traduz-se, como o nome indica, numa perda auditiva repentina, normalmente unilateral. Ela pode ser acompanhada de zumbidos e vertigens e é mais frequente em pessoas entre os 40 e os 60 anos de idade.
Entre as causas deste quadro podem estar:
- tumor benigno do nervo auditivo;
- problemas genéticos;
- doenças auto-imunes;
- doenças vasculares;
- doenças infeciosas;
- doenças tóxicas;
- doenças traumáticas.
O tratamento deste problema pode passar, entre outras coisas, pela toma de medicação com corticóides sistémicos ou pela injecção trans-timpânica. Em alguns casos, pode ser recomendado o recurso a anti-víricos, trombolíticos e vaso-ativos e vasodilatadores.
Nestas situações, é fundamental a consulta de um médico, capaz de diagnosticar e tratar este problema o mais rapidamente possível.
Surdez congénita
A surdez congénita manifesta-se logo ao nascimento e pode ter origem hereditária, em malformações do ouvido ou estar associada a problemas durante a gestação ou o nascimento, de que é exemplo a infeção da grávida por citomegalovírus. Mais de metade dos casos de surdez congénita estão relacionados com causas hereditárias.
Eis algumas das suas causas possíveis:
- síndrome de Down;
- síndrome de Usher;
- síndrome de Treacher Collins;
- síndrome de Crouzon;
- síndrome de Alport;
- infeções intra-uterinas, como rubéola, citomegalovirus e herpes simples;
- complicações associadas com o factor Rh do sangue;
- prematuridade;
- diabetes materna;
- toxemia durante a gravidez;
- anoxia.
Surdez adquirida
A surdez adquirida diz respeito à surdez posterior ao nascimento.
Em algumas situações, ela pode estar relacionada com bloqueios na entrada do ouvido, os quais podem estar associados à presença de cerúmen (cera), corpos estranhos (especialmente no caso das crianças) ou otites externas (infeção da pele à entrada do ouvido, muito comuns em quem frequenta praias ou piscinas).
Outra causa possível da surdez são as otites. Alguns sinais de alerta deste problema são: saída de pus do ouvido; paralisia do nervo facial; meningites ou outras afeções intracranianas.
A osteoespongiose também pode provocar surdez, sendo uma causa normalmente genética e mais comum em mulheres a partir dos 30/40 anos de idade. Na origem deste problema, está uma alteração do metabolismo ósseo na articulação entre o estribo (um dos ossículos que transmite o som) e a janela oval (membrana interna que comunica para o interior do ouvido).
O neurinoma do acústico é um tumor benigno que também pode provocar uma surdez progressiva, normalmente unilateral.
O envelhecimento ou a presbiacúsia também pode causar surdez, já que se traduz na degenerescência do ouvido interno e de outras partes do sistema auditivo. Neste caso, a perda auditiva é progressiva e atinge, principalmente, as frequências mais elevadas.
Entre outras causas possíveis de surdez, estão:
- gripe;
- acidentes vasculares cerebrais;
- variações na pressão (decorrentes de viagens de avião, mergulho,…);
- infeções do ouvido médio;
- encefalite;
- sarampo;
- varicela;
- papeira;
- otosclerose;
- doença de Menière;
- fármacos que lesam as estruturas do sistema auditivo (ototóxicos);
- exposição a níveis elevados de ruído;
- traumatismos da cabeça ou do ouvido.
Diagnóstico e tratamento
A surdez deve ser devidamente diagnosticada por um médico que terá de recorrer a alguns exames, como: otoemissões acústicas, potenciais evocados, audiometria, impedanciometria, entre outros.
Em termos de tratamentos, eles vão variar bastante, em função da causa da surdez.
Em quadros mais ligeiros, pode ser suficiente proceder à remoção do cerúmen, aplicar algumas gotas e/ou tomar determinados antibióticos.
Noutras situações, pode ser necessário recorrer a uma intervenção cirúrgica. Em caso de otite média com derrame, otite média crónica, otosclerose, exostoses e osteoespongiose, pode ser recomendado fazer uma cirurgia, como miringocentese com colocação de tubos transtimpânicos, timpanoplastia, timpanomastoidectomia técnica aberta ou fechada, cirurgia de exostoses e de otosclerose.
Em determinados pacientes, pode ser aconselhado o recurso a equipamentos específicos, como implantes osteo-integrados e implantes cocleares.
Nas pessoas mais velhas, uma solução para atenuar as consequências negativa da perda auditiva continua a ser o uso de aparelhos auditivos.
Prevenção
Para evitar a surdez congénita, é essencial ter algumas precauções como:
- assumir todos os cuidados pré-natais recomendados;
- cumprir o plano nacional de vacinação;
- fazer os rastreios neonatais disponibilizados.
De modo a prevenir a surdez adquirida, é importante tomar algumas medidas, tais como:
- evitar a exposição ao ruído e aos sons de alta intensidade;
- controlar os valores tensionais e os níveis de gorduras e açúcar no sangue;
- não tomar substâncias e/ou medicamentos tóxicos para o ouvido;
- fazer rastreios auditivos.