Como diz o ditado, os SUV Coupé não são “carne nem peixe”. Não são tão práticos como um jipe convencional nem tão desportivos como os Coupé que nos habituamos a ver. Tentam conjugar a postura mais aventureira dos primeiros, com a estética desportiva dos segundos.
Este tipo de automóveis tem muitas limitações, certo, mas vendem-se sobretudo por uma razão: o estilo. E pouco a pouco têm “roubado” clientes aos restantes segmentos. Mais do que meros automóveis, os SUV Coupe assumem-se como uma extensão da personalidade do proprietário.
Mas até quando durará esta moda? E qual será a seguinte?
SUV Coupé: a moda automóvel do século XXI
Apesar de “meio desajeitado” e do design não ter agradado a todos, a moda dos SUV Coupe iniciou-se no início de 2008 quando a primeira geração do BMW X6 foi lançada.
Apelava sobretudo a um público mais jovem, que pretendia todas as comodidades e conforto de um carro familiar, mas não queria prescindir da parte estética associada aos carros mais desportivos.
Era um automóvel caro. Muito caro. Era praticamente impossível levar 2 passageiros adultos nos bancos traseiros devido ao pouco espaço disponível para a cabeça. Era um automóvel que, pelo seu design peculiar e motorizações potentes, tinha consumos altíssimos (isto em plena crise económica), e em Portugal pagava até Classe 2 nas portagens. Mas foi um autêntico sucesso de vendas.
Todas os seus defeitos eram eclipsados pela sua imponente aparência, e ninguém lhe ficou indiferente. Tanto que anos mais tarde surgiu uma renovada versão do BMW X6, que também “vendeu como pãezinhos quentes”. A moda, pelos vistos, estava mesmo para ficar.
BMW foi “a escola”, mas a Mercedes democratizou-a
Como acontece com qualquer tendência, alguma marca tem de ser a primeira a lançá-la para o mercado, recolhendo os seus sucessos ou insucessos. Mas neste caso, o sucesso foi evidente.
A Mercedes, como “boa aluna”, viu, ouviu e aprendeu a receita. No entanto, quis aplicá-la num outro formato, mais “acessível” a todos, e aí assistimos à democratização da moda dos SUV Coupé. Depois do sucesso do Mercedes GLC Coupé em comparação com o seu irmão SUV mais tradicional, é inegável afirmarmos que existe, não um nicho de mercado, mas uma panóplia de pessoas à procura deste tipo de automóveis.
E assim foi. Rapidamente as restantes marcas premium copiaram a cópia: a BMW lançou o X4, a Audi lançou o Q3 Sportback, a Renault lançou o Arkana, a Land Rover lançou o Evoque, a Cupra aventurou-se e lançou o Formentor… E mais SUV Coupe virão.
Mas a moda não se fica pelo segmento C. O segmento E e o segmento de Luxo vivem também uma feroz competição neste ramo. Para além do “original” BMW X6, a Mercedes apresenta o GLE Coupe, a Audi lançou o Q5 Sportback e o Q8 e até a Porsche lançou uma variante Coupé do Cayenne.
No segmento de Luxo, a Bentley deu o mote para os SUV ridiculamente potentes com o Bentayga, seguindo-se a Rolls Royce com o Cullinan e a Aston Martin com o DBX. No entanto, nenhum destes pode ser considerado um SUV Coupé. A jogada de mestre, neste segmento, foi dada pela Lamborghini com o Urus, que tem reinado neste segmento reduzindo os restantes a meras “agulhas num palheiro” quando comparados os volumes de vendas com o SUV da mítica marca italiana.
A moda dos SUV Coupe é tal que até (imagine-se) a Ferrari muito em breve lançará o Purosangue. E por falar em puro, os mais “puristas” é que certamente não vão ficar nada contentes com esse novo modelo da marca do Cavallino Rampante.
Até quando durará a moda dos SUV Coupe?
Como acontece em qualquer moda, primeiro estranha-se, depois entranha-se. Quando o Cayenne foi lançado, todos criticaram a Porsche por esta jogada. Jogada essa que foi responsável pelo sucesso da marca nos tempos mais recentes e que permitiu até, no início dos anos 2000, que a Porsche não fechasse portas. Anos mais tarde, idem aspas com o Panamera.
No caso dos SUV Coupé, como vemos, todas as marcas estão a atacar este nicho de mercado. Desde as mais premium e elitistas às mais generalistas. E nenhuma marca nos dias de hoje se pode reger por um só modelo.
Para que continuem a existir carrinhas, sedans, hatchbacks ou até furgões, é importante que as marcas estejam financeiramente estáveis, para que possam alargar os seus investimentos a todos os segmentos. Não é viável investir milhões e milhões numa nova geração, por exemplo, de um Audi A6, quando todas as vendas da Audi são canalizadas para os SUV Coupé. Financeiramente não é rentável.
Pouca aerodinâmica
Aliado a isto, os SUV Coupé são carros muito pouco aerodinâmicos. E numa era em que todas as marcas estão a transitar para os elétrico, a ineficiência aerodinâmica será a sua maior inimiga. Neste capítulo, a Audi lançou o e-tron Sportback, mas os números da autonomia quando comparado com automóveis equivalentes refletem o quão prejudicados são estes automóveis quando comprados com um normal sedan de 5 portas.
Assim sendo, e numa estimativa muito pessoal, a saturação do mercado e a transição para o elétrico ditará o fim dos SUV Coupé num futuro não muito distante. Talvez sejam 10, talvez sejam 15 anos. Ninguém sabe ao certo. Este é um mercado que neste momento está a dar muito, muito dinheiro às marcas.
Como sabemos, todas as modas são cíclicas e na indústria automóvel ninguém reinventa “a roda”. Certamente os engenheiros “atrás das cortinas” já estarão a trabalhar nas carrinhas e nos sedans do futuro, mas até ao “SUVxit”, ainda muitos modelos serão lançados.