Nos últimos dias, o tabaco aquecido tem estado na ordem do dia, uma vez que estudos científicos têm vindo a demonstrar uma ligação entre este tipo de tabaco e vários casos de pneumonia que estão a surgir.
Também em Portugal o caso tem merecido a atenção dos especialistas, sociedades científicas e organizações de saúde, que se mostram bastante preocupadas com o crescente consumo de produtos destes produtos. Já a indústria tem vindo a afirmar que os riscos são consideravelmente mais reduzidos.
Estas alegações são contestados por uma larga fatia da comunidade científica e organizações de saúde. Afirmam que os riscos para a saúde dos utilizadores podem mesmo ser graves e significar um perigo para a sua saúde.
A realidade é que mesmo depois desta tomada de posição por parte das sociedades científicas e médicas contra o tabaco aquecido, em Portugal haverá cerca de 200 mil utilizadores destes dispositivos.
Mas qual é afinal o que motiva a desconfiança por parte dos especialistas?
Tabaco aquecido: o que dizem os investigadores?
Não se trata apenas de um motivo, mas de vários. Os especialistas afirmam que os produtos de tabaco aquecido contêm nicotina (substância esta que é aditiva e que existe também no tabaco) provocando uma dependência nas pessoas que os usufruem.
Além de conterem nicotina, os produtos de tabaco aquecido também contam na sua composição com outro tipo de substâncias nocivas para a saúde dos seus utilizadores que não existem no tabaco e que são, na maioria das vezes, aromatizados.
Outro motivo que leva à crescente preocupação dos especialistas é o facto de que o uso deste tipo de produtos permite ao “fumador comum” imitar o seu normal comportamento enquanto fuma um cigarro convencional.
O que, por sua vez, pode fazer com que um fumador inicie este novo hábito e opte pelo tabaco aquecido em vez de parar simplesmente de fumar.
Por outro lado, os produtos de tabaco aquecido acabam também por ser um motivo de preocupação porque acabam por se tornar numa tentação para os mais jovens e para os não fumadores e uma forma de adquirirem o hábito do tabaco.
Para finalizar, os especialistas afirmam que este tipo de novos produtos e hábitos tabágicos, fazem com que se faça um uso duplo entre o cigarro convencional e o tabaco aquecido. Ou seja, em vez de o fumador optar só por um dos hábitos, a tentação é para juntar os dois.
Quais os riscos associados?
Primeiramente, o que os investigadores querem alertar com o estudo que foi lançado é o facto de que não existe ainda qualquer evidência que consiga demonstrar que os produtos de tabaco aquecido são menos prejudiciais do que o cigarro convencional.
Além disso, afirmam que mesmo um baixo consumo de tabaco aquecido produz doença significativa.
Por este mesmo motivo, outro tipo de risco que poderá estar associado ao consumo deste tipo de dispositivos, pode mesmo ser o risco de iniciação do tabaco convencional e de drogas.
Afinal, estes novos produtos podem mesmo levar os adolescentes a iniciar o hábito de fumar, seja ele através do tabaco convencional, do tabaco aquecido ou até mesmo da experimentação de drogas.
Quando um adolescente sente que algo virou moda no seu círculo de amigos, a tendência é para experimentar. E a partir do momento em que ele experimenta, o que inicialmente era uma brincadeira poderá rapidamente tornar-se num hábito nocivo para a saúde.
É muito importante também salientar que apesar de a indústria afirmar que os produtos de tabaco aquecido contêm menos produtos tóxicos, não significa que o risco de doença seja reduzido.
Para que consiga ter uma noção mais real do tipo de malefícios que o tabaco aquecido pode conter, os especialistas afirmam que “o primeiro estudo experimental comparando diretamente os efeitos do fumo de cigarro, vapor de e-cig e aerossol mostrou que este último provoca o mesmo tipo de danos nas células pulmonares que o fumo de cigarro, mesmo em baixas concentrações”.
É possível por isso constatar que assim como o tabaco convencional, e apesar de ainda não ser possível observar os danos a longo prazo deste tipo de produtos, eles constituem também um elevado risco para a sua saúde bem-estar.
O que é o tabaco aquecido?
Os produtos de tabaco aquecido são dispositivos eletrónicos com um pequeno cigarro que contém tabaco e que é colocado na caneta designada para o efeito.
A partir do momento em que o cigarro é colocado na caneta e ativado o dispositivo para que possa então fumar, este dispositivo eletrónico produz aerossóis com nicotina e outro tipo de químicos que são inalados diretamente pelo utilizador.
Estima-se que em Portugal existam mais de 200 mil utilizadores de tabaco aquecido.