Miguel Pinto
Miguel Pinto
12 Dez, 2024 - 15:39

BCE desce taxa de juro: vem aí um alívio na prestação da casa

Miguel Pinto

O Banco Central Europeu baixou de novo as taxas de juro, agora para os 3 por cento. Uma boa notícia para quem paga crédito à habitação.

juros em queda

O Banco Central Europeu (BCE) reduziu as taxas de juro em 25 pontos base, uma medida já há muito antecipada pelos analistas. Desta forma, a instituição liderada por Christine Lagarde baixa os juros, e a sua taxa principal de refinanciamento, para os 3%. Como é óbvio, esta é uma boa notícia para quem tem crédito à habitação.

Após meses consecutivos de subidas da prestação mensal, as famílias vão sentir algum alívio na carteira, mesmo levando em linha de conta o discurso cauteloso do BCE em termos de política monetária e controlo dos movimentos inflacionistas.

Esta descida já era esperada pelo mercado dado que a inflação na Zona Euro já quebrou (mesmo que temporariamente) a barreira dos 2% e a economia da região tem dado sinais de fraqueza. É expectável que haja novas reduções dos juros em 2025 até que a taxa de referência fique em torno dos 2%.

A decisão do BCE baseia-se numa avaliação atualizada das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da eficácia da transmissão da política monetária. Apesar de a taxa de inflação ter subido para 2,3% em novembro, o BCE considera que o processo desinflacionista está bem encaminhado.

As projeções indicam que a inflação global deverá situar-se, em média, em 2,4% em 2024, 2,1% em 2025, 1,9% em 2026 e 2,1% em 2027. A inflação subjacente, que exclui os preços dos produtos energéticos e alimentares, é projetada para uma média de 2,9% em 2024, 2,3% em 2025 e 1,9% em 2026 e 2027.

Taxas de juro descem: impacto nas famílias

Como foi referido, uma das principais consequências desta descido das taxas de juro prende-se com o alívio em termos dos encargos das famílias no que diz respeito ao crédito à habitação.

As prestações vão de facto baixar nos próximos meses, mas não é de esperar que a descida das taxas seja tão rápida e vertiginosa quando foi a subida.

Mais de 95% dos contratos para compra de casa têm como indexante as principais taxas Euribor (seja a 3, 6 ou 12 meses), que acompanham de perto as taxas diretoras do BCE e as suas oscilações. E isso nem sempre significa uma descida acentuada dos valores que as famílias pagam.

Para se ter uma noção, quem tiver um empréstimo de 200 mil euros a 30 anos (com um spread de 1%) e a Euribor a seis meses, esta descida significa uma descida de 39 euros na prestação mensal.

Veja também Euribor: o que é e de que forma afeta a sua vida

Poupanças prejudicadas

A descida das taxas de juro não significa apenas boas notícias. Para os aforradores é até uma má notícia. É que o alívio da política monetária anunciado pelo BCE também se reflete na remuneração que os bancos proporcionam a quem tem depósitos bancários (como contas a prazo) ou outros produtos financeiros.

Dito de outra forma, os juros que o dinheiro rende também começam a descer. Não nos podemos esquecer que a taxa de remuneração dos depósitos a prazo, por exemplo, já chegou a estar em valores negativos, transformando este tipo de poupança num mau negócio.

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