Share the post "Táxi portuense com quase 2 milhões de quilómetros no Museu Mercedes"
Poucos serão os que têm uma história que os coloque no firmamento de pessoas especiais exemplo de perseverança, tenacidade e orgulho. É o caso de José Mota Pereira, dono de um táxi portuense, que ao longo de 13 anos percorreu cerca de dois milhões de quilómetros com o seu Mercedes-Benz 200D, de 1988, que atualmente é uma das estrelas no Museu da marca alemã, em Estugarda.
O táxi, que foi conduzido durante 13 anos por José Mota Pereira, é agora um dos modelos que integra a fantástica exposição de automóveis do Museu da Mercedes, que num belo edifício reúne 125 anos de história da marca.
O automóvel figura ao lado de alguns veículos marcantes da Mercedes-Benz, como o primeiro automóvel construído pela marca alemã. O Museu visitado por 850 954 pessoas (número registado em 2019) reúne, em 9 andares em espiral, a história dos carros da marca, que cruza com os principais acontecimentos que marcaram o Mundo. Ao todo são 160 veículos em exposição entre outras 1.500 peças.
Como foi descoberto o táxi portuense
O táxi português foi descoberto (em 2006) na sequência de uma ação levada a cabo pela Daimler que solicitou à Mercedes-Benz para junto da rede oficial de oficinas da marca apurar os registos de quilometragem das viaturas assistidas.
É neste contexto que surge o automóvel Mercedes-Benz 200D, de 1988, conduzido por José Mota Pereira, taxista portuense, que ao longo de 13 anos a percorrer as ruas da cidade Invicta, e arredores, acumulou 1.965.000 quilómetros. O táxi foi sempre assistido na Sociedade Comercial C. Santos, facto que “impressionou a Daimler”, segundo comunicado da empresa alemã.
José Mota Pereira explica tudo
O taxista, que aos 77 anos ainda continua a trabalhar, explica em entrevista à rubrica Socinterview, da Sociedade Comercial C. Santos, como decorreu o processo que culminou com a ida do seu automóvel para o Museu da Mercedes-Benz, onde brilha desde 2006.
José Mota Pereira fala do seu Mercedes-Benz com o afeto de quem fala de um familiar, tal o carinho que nutria pela máquina que o acompanhou durante 13 anos, pelas ruas e estradas da região do Porto.
“A Mercedes procurava, segundo depois eu soube, um carro que tivesse muitos quilómetros, e, naturalmente, se calhar também o estado dele, o estado de conservação do carro. As duas coisas terão motivado a Mercedes a interessar-se. Depois, mais à frente, entraram em contacto comigo para negociarmos o carro e eu dispensar o carro à Mercedes”.
O taxista pormenoriza que o automóvel foi, entretanto, substituído pelo táxi que conduz atualmente – Mercedes-Benz Classe E W120, de 2001 –, que já acusa quase a mesma quilometragem do carro que pode ser visitado no museu da marca em Estugarda.
O W124, em 2006, era utilizado por um dos dois filhos de José Mota Pereira:
“Tinha-lhe oferecido o carro porque ele adorava aquele carro. O meu filho mais velho dizia ‘tu não tens garagem suficiente para guardar o carro, vais ter dificuldades, deixa ir o carro, porque ao menos, assim, vamos à Alemanha dar um passeio e vemos o carro lá na Mercedes, porque eles lá vão estimá-lo melhor do que tu estimas aqui”.
Automóvel foi a rolar até Estugarda
Após tomada de decisão de venda da viatura à Mercedes-Benz tudo indicava que a história deste brilhante automóvel terminaria. Mas não foi o que aconteceu a este fantástico táxi portuense.
No dia do transporte da viatura para Estugarda por um técnico da marca alemã, o natural seria a máquina ser transportada num camião, ação que normalmente é tomada nestes casos, devido ao estado de conservação que o carros denotam.
No entanto, não foi o que aconteceu. O técnico da Daimler que se deslocou ao Porto para acompanhar a viatura cancelou o transporte “por camião assim que viu o excelente estado de conservação, tendo decidido, no momento, que ia regressar à Alemanha a conduzir. E a viagem correu lindamente”.
W124 é recordado com emoção
O Mercedes-Benz W124 que pode ser visitado no Museu da marca, em Estugarda, tem estatuto de membro da família de José Mota Pereira. Afinal fez parte integrante da vida profissional e, também pessoal, e isso tornou-o num automóvel especial.
É com comoção que o taxista do Porto fala do seu antigo Mercedes-Benz:
“Evito muitas vezes falar muito desse carro, porque às vezes a gente faz um papel assim um pouco chato de emocionar-se por causa de um carro. Não é o carro. O carro fez parte da nossa vida e foi uma peça de ferramenta que nos ajudou”, pormenoriza.
“Acompanhou-me em várias situações difíceis, muito difíceis e que ele é que suportou a carga maior”. E acrescenta “aquele carro nunca andou em cima de um camião por avaria”.
Sobre o Mercedes-Benz Classe E W120 de 2001 que agora é o “companheiro” de trabalho, José Mota Pereira refere que já tem quase a mesma quilometragem (1.830.000 quilómetros) do W124, e apresenta-se com um excelente estado de conservação.
“As pessoas não acreditam, por exemplo, que o tablier é de origem e nem que aquela consola de madeira é de origem. Eu às vezes digo assim: Se calhar, tenho que dar aqui umas riscadelas, para perceberem que isto é de origem”, afirma.
Acompanhe a singular história de José Mota Pereira e do seu já famoso táxi portuense contada na primeira pessoa aqui.