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Nas últimas duas décadas, a China progrediu muito em termos tecnológicos, ao investir cerca de 2% do capital em investigação e desenvolvimento. Tanto é assim que, atualmente, é uma das principais concorrentes da tecnologia made in Estados Unidos da América (EUA).
Facebook, Apple, Google, Amazon e outra mão cheia de gigantes tecnológicas estão sediadas em solo americano e muitas delas encontram-se localizadas em Silicon Valley, um oásis tecnológico associado ao progresso, aos investimentos em grande escala, investigação e desenvolvimento.
Mas a maré está a mudar. Até há pouco tempo, a China era sinónimo de cópias baratas e de materiais pouco duradouros, mas não será para sempre assim. Aliás, já não é assim. O duelo tecnologia chinesa vs americana está no seu auge.
China vs EUA: a luta pelo mercado tecnológico
As gigantes tecnológicas de Silicon Valley já tentaram várias vezes entrar no mercado chinês e, simplesmente, não conseguem. Em julho de 2018, o Facebook conseguiu a aprovação para abrir uma subsidiária em solo chinês. No dia seguinte, a licença foi-lhes retirada. Em agosto, a Google estava a trabalhar arduamente numa versão censurada do motor de busca para estar de acordo com as normas da firewall chinesa – o sistema utilizado para controlar o acesso à Internet.
O desespero das duas empresas para entrar no mercado chinês não é movido apenas por motivos de expansão da marca. Está em cima da mesa a oportunidade de controlar a economia global a um nível nunca antes visto. Apesar de existirem empresas de tecnologia com bastante sucesso em todo o mundo, são os EUA que definem a direção a tomar no mercado tecnológico – e o crescimento da China tem desafiado essa posição.
Em 2018, na lista das 20 maiores empresas baseadas na Internet, 9 são chinesas e 11 são americanas. Isto só prova que a luta pela supremacia tecnológica está a ser disputada por estes dois países.
Gigantes chineses também têm o seu próprio acrónimo
As gigantes americanas podem ser reduzidas a um acrónimo – FAANG – que, basicamente, são as inicias das 5 maiores empresas do “Tio Sam”. Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google. Os chineses também responderam com um acrónimo próprio – BAT – Baidu, Alibaba e Tencent. Mas o que fazem estas empresas e contra quem competem?
O Tencent é mais do que um Facebook chinês. Esta empresa possui redes sociais, redes de pagamentos, apps de entretenimento e até tem no seu portefólio um laboratório de inteligência artificial. Se o Facebook tem o Messenger, a Tencent tem o WeChat, que serve para enviar mensagens, mas com um plus – dá para efetuar pagamentos através do WeChat. Mas não olhemos para a empresa como uma cópia barata do Facebook porque esta já ultrapassou o valor da rede social americana – 550 mil milhões de dólares.
Por sua vez, o Alibaba compete com a Amazon. Ambas são uma loja de e-commerce e vendem todo o tipo de produtos. Mas, tal como o Tencent, o Alibaba também tem um plus em relação à Amazon. Permite que consumidores vendam os seus próprios produtos a outros consumidores (uma espécie de OLX) chamado Taobao.
Por fim, temos a Baidu que é o motor de pesquisa na China. Além do motor de pesquisa, também oferece serviços de streaming de músicas (como o Google Music) e antivírus. Entre as duas empresas, a grande corrida está na produção do primeiro carro autónomo.
A grande diferença cultural
De acordo com um artigo da Business Insider, o que está a acelerar o crescimento tecnológico oriental é a cultura. Depois de ler o testemunho de um professor universitário – Dr. Zhang Weining, que passa o seu tempo dividido entre as duas nações – no referido artigo, conseguimos perceber bem a diferença entre esses dois países.
Quando visita o lado rural da China, as conversas que ouve entre os agricultores e aldeões é sobre tecnologia, negócios e inteligência artificial. Por outro lado, quando visita as suas casas no Kentucky e no Texas, o que ouve das pessoas é algo relacionado com política, leis relacionadas com o controlo de armas ou o aborto, e estes debates aumentaram com a administração de Trump.
Zhang acredita que a obsessão dos americanos com política tira-lhes o tempo que podiam gastar com o desenvolvimento de novas tecnologias ou criação de novas empresas.
O professor também aponta um exemplo bastante interessante para este debate tecnológico. Os estafetas – chamados de “kuaidi”. São cerca de 1,2 milhões no país e entregam encomendas, comida e costumam trabalhar cerca de 12 a 14 horas por dia, 6 dias por semana. É algo muito difícil de imaginar nos EUA ou até em Portugal. Mas o que a cultura ocidental não consegue perceber é que os “kuaidi” querem trabalhar e querem esse trabalho todo. O dinheiro que recebem dá para alimentar a família e ainda guardar algum para o futuro.
As pessoas abdicam da liberdade pessoal em detrimento do avanço económico e tecnológico do país. “Se todos trabalham 8 horas, eu trabalho 10. Se trabalham 10, eu trabalho 12”, diz Dr. Zhang sobre a cultura de trabalho chinesa.
O paradigma está a mudar. Dentro de alguns anos, não serão apenas as “lojas do chinês” a dominar o mercado. O avanço tecnológico será muito dominado pela China e isso pode ser ótimo para o progresso mundial. O facto de termos outras ideias, vistas de uma outra perspetiva que não apenas a americana, pode levar-nos a exceder as nossas expectativas.
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