Os telemóveis 5G vão reinar nas ações de marketing de todos os grandes fabricantes de telemóveis mundiais já a partir de 2019. A quinta geração da nova rede de comunicações móveis foi aprovada em 2018 para fins comerciais e é esperado que as operadoras de telecomunicações e fabricantes de telemóveis deem início à utilização do 5G até ao fim de 2019 ou no início 2020.
O objetivo é que, em 2022, haja uma cobertura generalizada desta rede, que promete ser entre 10 e 100 vezes mais rápida do que a atual 4G LTE.
Telemóveis 5G vão ter rede com uma velocidade surpreendente
Enquanto que o máximo de velocidade de transferência de dados expectável da 4G LTE-A é de 300Mbps-1Gbps (megabits ou gigabits por segundo), esta fasquia sobe bastante com a 5G, que promete uns impressionantes 1-10Gbs.
As melhorias esperadas nas velocidades médias também são boas notícias. Enquanto que para a 4G LTE-A a velocidade rondava os 15-50 Mbps, na 5G a velocidade média promete ser no mínimo de 50Mbps.
Claro que na realidade tudo vai depender de como as operadoras vão desenhar as suas redes, atualizar as suas torres de emissão ou os seus modems, e de quantos utilizadores vão estar ligados ao mesmo tempo, mas tudo indica que podemos esperar grandes melhorias, especialmente na baixa latência que pode chegar a ser inferior 1 milissegundo.
Mas como é que 5G consegue tanta capacidade de transferência?
5G e as ondas milimétricas de alta frequência
Para conseguir comunicar com os dispositivos móveis, a quinta geração da rede móvel vai utilizar um gama de frequências de rádio no espectro eletromagnético que ainda não tinha sido utilizado pela 4G. Para isso, vai recorrer às ondas mmWave (milimetric wave lenght ou ondas milimétricas), também chamadas de ondas de alta frequência, que vão ocupar a faixa de 24GHz aos 90GHz e que prometem uma maior largura de banda.
O único senão desta tecnologia, e que ainda está a ser avaliado, tem a ver com o facto destas ondas, verdadeiras “autoestradas” na quantidade de dados que podem enviar ao mesmo tempo, serem facilmente bloqueadas por objetos físicos como uma parede, uma árvore, uma mão ou mesmo pelo mau tempo com chuva.
Neste momento, a solução pensada está no regresso da antena, ou melhor, no regresso de múltiplas antenas aos dispositivos móveis, para que a comunicação possa estar sempre garantida.
Telemóveis 5G: como vão ser e o que vão oferecer
Modelos com mais de 10 antenas?
Sim. Como as ondas milimétricas são de baixa penetração, é de esperar que os novos telemóveis incorporem no seu design várias antenas que permitam manter o acesso ao sinal.
Se as antenas vão ser visíveis ou não, vai depender muito do fabricante. Para já, algumas soluções já foram avançadas e passam por colocar módulos minúsculos de antenas a todo a volta do rebordo do telemóvel.
A Qualcomm até já criou um modulo desses, o QTM052, que possui quatro antenas incorporadas em menos de um centímetro de equipamento. É esperado que os fabricantes incluam pelo menos três destes módulos nos seus dispositivos.
E quantos mais melhor porque estas antenas mmWave vão suportar beamforming, uma técnica de processamento de sinais que utiliza algoritmos para enviar e receber sinais da torre da operadora, escolhendo a melhor rota possível. O que as antenas vão fazer é procurar o caminho que evita ao máximo os obstáculos físicos capazes de enfraquecer a comunicação.
Mais caros e mais pesados?
A resposta é “sim” para mais caros e “talvez” para mais pesados. A implementação da compatibilidade com a quinta geração da rede móvel vai exigir aos fabricantes repensar o design que sempre evoluiu para ser mais elegante, mais fino e leve.
Incorporar tantas alterações físicas no modo de receção do sinal e baterias capazes de alimentar tal tecnologia vai exigir um grande esforço dos fabricantes para que o resultado final não faça os utilizadores continuar a preferir um modelo 4G mais atrativo.
E todo este investimento vai sair caro aos utilizadores finais. Empresas como a OnePlus – que já prometeu lançar em 2019 o seu primeiro modelo 5G -, asseguram que ficará entre 200€ e 300€ mais caro do que o seu atual topo de gama.
Realidade aumenta e realidade virtual?
Sim, para as duas. Só a largura de banda pode levar a imaginar telemóveis 5G capazes de utilizar estas duas tecnologias eficazmente.
A realidade aumentada acrescenta uma camada virtual ao mundo visto através de um telemóvel 5G, o que, por exemplo, pode ajudar o seu utilizador a encontrar um produto numa prateleira de supermercado ou mesmo um amigo numa multidão.
Já a realidade virtual vai permitir que o seu telemóvel simule mundos criados em computador e que sejam imersivos quando vistos através de óculos VR, headsets que cada vez mais os fabricantes apostam em criar para ligar aos seus telemóveis.
Poderá assim ser possível, por exemplo, assistir a um jogo no telemóvel sentindo-se dentro do estádio, e só a capacidade de velocidade 5G pode permitir o avanço para este tipo de aplicações.
Videochamadas 3D e vídeo holográfico?
Sim, para as duas. O Skype já testou a tecnologia das chamadas 3D, que exigem que várias câmaras sejam adicionadas ao sistema informático para conseguir mudar a perspetiva de quem faz a chamada.
O objetivo é variar a posição e o ângulo dessas câmaras, para dar a impressão de que o utilizador está na mesma sala da pessoa com quem está a falar. Quanto ao vídeo holográfico, ele também já foi testado. Veja a experiência da Vodafone no vídeo abaixo.
O objetivo é que os telemóveis possam projetar imagens para fora do seu ecrã. Já há alguns protótipos construídos com um projetor incorporado, por isso, só faltava a capacidade da rede 5G para se conseguir enviar os gigantescos e pesados ficheiros holográficos.
Telemóveis 5G: os modelos anunciados
Os novos telemóveis 5G vão ter de incorporar mais elementos extra que os atuais 4G. Câmaras, projetores de vídeo, antenas, múltiplos sensores e sabe-se lá quantas mais novidades.
Tudo isto implica alterações no seu design físico, o que pode atrasar o lançamento de novos modelos. Os especialistas afirmam que só mesmo em 2020 ou 2021 estes telemóveis se vão tornar comuns.
Da Apple não há notícias e não deve ser de esperar tão cedo – todos sabemos o quão sensível é a empresa às alterações aos seus designs e pode demorar o seu tempo para incorporar a nova tecnologia de forma “elegante” num iPhone. Mas do mundo Android os anúncios não se fazem esperar e destacamos estes 4 modelos “fantasmas”.
1. Samsung Galaxy S10 Plus
Será lançado em 2019, e pode ter um modelo com compatibilidade com a rede 5G. As expectativas associadas ao modelo incluem a possibilidade de ter ecrã desdobrável, carteira de criptomoedas em blockchain e quatro câmaras incorporadas. O preço pode rondar os 2500 dólares. Mas são tudo conjeturas.
2. Huawei P30 ou Mate 30
Também promete ser dobrável e integrar a novidade das câmaras de lentes líquidas, com uma focagem mais rápida e em tempo real. O preço ainda não é conhecido, mas como a empresa chinesa consegue sempre baixar a fasquia da concorrente sul-coreana, talvez consigamos alguma poupança face ao modelo anterior.
3. OnePlus 7 ou 7T
Este modelo ainda está envolvido em mistério. Sabemos apenas que o diretor da empresa afirma que todos os seus esforços estão concentrados em lançar ainda em 2019 um modelo que mostre o quanto estão empenhados na nova geração de rede móvel e em aproveitar as novidades que ela possa trazer. É caso para dizer que o segredo é a alma do negócio.
4. Moto 5G Mod
Já com design definido, o seu lançamento – em 2018 – esteve envolvido em polémica porque a empresa estava a lançar o primeiro telemóvel 5G do mundo quando ainda não havia fornecedores de rede móvel a suportar a tecnologia.
No fundo, podemos considerar que a Motorola fez um pré-lançamento, que vale pelo facto de mostrar como poderá ser o aspeto dos novos modelos com 5G. O preço, esse, ainda não foi anunciado.
Apesar dos pré-lançamentos e de todo o burburinho em torno dos modelos que ainda podem vir, os especialistas aconselham cautela no investimento e apontam 2020 como o melhor ano para efetuar a compra de telemóveis 5G. Até lá já será possível perceber o que funciona e não funciona nos novos modelos e as operadoras têm tempo para adaptar o terreno para dar cobertura à nova rede móvel.