Ricardo Ribeiro
Ricardo Ribeiro
05 Dez, 2017 - 09:23

Filme da Semana: The Man with the Iron Heart

Ricardo Ribeiro

“The Man with the Iron Heart” é um filme de época baseado na obra do autor francês Laurent Binet, intitulada de HHhH.

Filme da Semana: The Man with the Iron Heart

Filmes sobre a 2ª Grande Guerra são para mim sempre interessantes. Temos uma lista infindável de excelentes filmes que conseguiram captar muito bem o ambiente de um dos mais negros períodos da história da humanidade. “The Man with the Iron Heart” é mais um bom exemplo disso mesmo.

Crítica de cinema: The Man with the Iron Heart

Heydrich – a ascensão

A personagem principal é Reinhard Heydrich, papel de Jason Clarke, que por influência da sua mulher, Lina, interpretado por Rosamund Pike (de Gone Girl) se junta ao Partido Nazi, mesmo antes deste ter chegado ao poder. É depois de um encontro com Himmler, que viria a ser Ministro do Interior de Hitler, que Heydrich se torna chefe da SS e da Gestapo.

O filme desenrola-se a partir desse momento. Com Heydrich no poder inicia-se a limpeza do partido Nazi e é aqui que podemos perceber uma das falhas do filme. As cenas mais chocantes não são assim tão chocantes. Já não pedia nada que se parecesse com o que se viu na Lista de Schindler, mas apenas um pouco mais de tensão e cenas muito mais cruas. Até os salpicos de sangue foram feitos por computador. Ou pelo menos parecem.

Alternadamente o filme encarrega-se de tentar mostrar que “The man with the Iron Heart” era, afinal, só um homem. Um homem que de manhã podia estar a brincar com os seus filhos e ao final do dia estar a elaborar um plano para o extermínio dos judeus. E é nisto que o filme é bom. O interesse por Heydrich é imediato e a prestação de Jason Clarke dá vontade ao público de querer saber mais sobre ele, numa tentativa de perceber o que vai dentro da cabeça do monstro que deveria ter sido o foco do filme.

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2 em 1

A primeira hora do filme é bastante consistente e imersiva, mas tudo muda na segunda parte. Somos atirados para o lado da resistência checa, como se o filme estivesse dividido em dois. Este é o momento dos heróis. Eis a operação Anthropoid. Objectivo: assassinar Reinahard Heydrich. E aqui mais uma falha. Heydrich é quase esquecido, passando dois soldados da resistência a serem os protagonistas da trama.

O realizador, Sean Hellis, tenta introduzir os dois soldados que levaram a cabo uma das mais importantes operações da 2ª Guerra Mundial, de uma forma emocional e coerente. E quase me importei com eles. Talvez a vontade de ver mais sobre Heydrich me tenha prejudicado e não me tenha deixado criar tanta empatia com os bons da fita.

“The Man with the Iron Heart” parece, então, um pouco bipolar. As duas metades poderiam servir como dois filmes separados. A grande falha deste filme será não ter mesmo mostrado mais sobre a vida de Heydrich, principalmente sobre a sua maneira de pensar e sobre a solução final da questão judaica sobre a qual o alemão deixou trabalho escrito.

O veredicto e a sugestão

“The Man with the Iron Heart” é um bom filme até se esquecer quase por completo da sua personagem principal. Mostra-nos os dois lados da trincheira, mas fá-lo de maneira muito resumida. Este era o filme sobre Reinahard Heydrich. Queria saber mais sobre o homem debaixo daquele uniforme hediondo.

Sobre a operação Anthropoid já temos um filme de 2016, com o mesmo nome da missão secreta, que se foca quase por exclusivo na resistência checa e nos seus protagonistas. É um filme que merece o nosso tempo. Antes ou depois de vermos o “The Man with the Iron Heart”.

Sinopse

The man with the Iron Heart: era assim que Hitler o chamava. Este é o filme que retrata a vida de uma das mais influentes figuras do regime Nazi, Reinhard Heydrich, e a operação que culminou no atentado à sua pessoa, levado a cabo pela resistência checa.

Estrelas: ***

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