Uma mãe que perdeu a filha num crime hediondo quer explicações e pede celeridade na resolução do caso. A maneira mais eficiente para chamar a atenção da policia? Uma mensagem dividida em 3 Billboards Outside Ebbing, Missouri. Ficou curioso? Tem razões para tal.
Crítica de Cinema: 3 Billboards Outside Ebbing, Missouri
3 Billboards Outside Ebbing, Missouri é dirigido por Martin McDonagh, que escreve também o filme. Frances McDormand é Mildred, a protagonista, papel que lhe valeu a sua quinta nomeação para o Oscar de melhor actriz.
Mildred é uma personagem de quem facilmente se gosta e com quem se cria rapidamente uma ligação emocional, não tivesse ela perdido uma filha num violento crime. À medida que vemos o filme a avançar, damos conta de que, afinal, o sentimento de pena que tínhamos para com ela seria o mais básico de todos. Uma personagem feminina muito forte, que põe em cheque aquela dúvida comum: os meios justificam os fins?
Outra personagem com papel preponderante nesta história é o chefe da polícia de Ebbing, Willoughby, protagonizado (brilhantemente) por Woody Harrelson. Muito respeitada na sua cidade, Ebbing vê o serviço da sua corporação de policia, e o seu, posto em causa quando Mildred resolve colocar os três cartazes à beira da estrada.
Haveria, ainda, mais algumas personagens assinaláveis, mas nenhum outro se assemelha à personagem que Sam Rockwell trouxe à vida: Dixon, um agente da policia. No inicio do filme – e isto é um pequeníssimo spoiler –, fica a pairar no ar que Dixon pode ter espancado um negro, por ser racista. É a personagem que odiamos do inicio ao fim, mas que gostaríamos de ajudar – porque é apenas uma alma mal orientada.
Mesmo sabendo que é um tema que está presente na sociedade dos cinquenta estados dos EUA, o racismo é sempre um assunto retratado de maneira semelhante em todos os filmes. Felizmente 3 Billboards Outside Ebbing, Missouri tem uma abordagem muito sui generis e faz mais a favor da luta contra o racismo do que Get Out, a meu ver.
Nunca subestimem uma mãe que perdeu um filho
3 Billboards Outside Ebbing, Missouri não é um filme perfeito. Não tem uma excelente fotografia, nem uma sensacional banda-sonora. O foco do filme é a história e as suas personagens.
Há uma cena entre Mildred e Willoughby, onde este a interroga acerca da sua filha, que é espetacularmente assombrosa – entre outras tantas, que nos deixam perplexos – porque, pura e simplesmente, não estávamos à espera do que acabámos de ver.
O final do filme é um pouco ambíguo demais, talvez demais para o gosto da maioria dos espectadores, mas que não deita por terra aquilo que foi feito até ali.
Estrelas: *****
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