Automóvel desportivo produzido pela Toyota entre 1978 e 2002 o Supra (cujo nome deriva do prefixo latino que significa “acima”, “ultrapassar” ou “ir mais além”) conheceu durante 24 anos 4 gerações de automóveis que, de forma “transcendente”, superaram tudo aquilo que deles se esperava.
O ano de 2002 marcou o fim da quarta geração e o encerrar de um ciclo que só em 2018 voltaria a ser aberto pela marca japonesa, para gáudio de milhares de fãs que viram a versão do século XXI do novo Supra no Festival de Velocidade Goodwood, Reino Unido. Meses mais tarde chegava a apresentação oficial no Salão Automóvel de Detroit (janeiro de 2019).
Toyota Supra da 5.ª geração: o renascer do mito
E porquê a apresentação nos Estados Unidos da América, porque foi precisamente neste país que o Supra conquistou um dos maiores mercados. De 2019 até ao presente, a Toyota esmerou-se por refinar a 5.ª geração do Supra (J29/DB).
Para esta novíssima geração, a Toyota contou com o know-how da marca alemã BMW. O trabalho conjunto resultou num coupé (Toyota) e num cabrio (BMW) de última geração, equipados com a mais moderna tecnologia e capazes de dar continuidade a uma das caraterísticas nascidas com o primeiro Supra: proporcionar prazer de condução.
Neste projeto Toyota e BMW trabalharam em conjunto partilhando elementos como chassis, motor e transmissão, que têm origem no BMW Z4. Sobre estes, a Toyota fez o seu tunning dinâmico e de software com o cunho que se lhe conhece: precisão.
Mecanicamente os modelos contam com duas motorizações BMW B48B20 de 4 cilindros, de 1998 cm³ (2 litros), que debita 258 cv e o mais refinado BMW B58B30 de 6 cilindros em linha de 2998 cm³ (3 litros) que atinge os 340 cv. Ambos estão acoplados a nova transmissão automática de 8 velocidades, chamada ZF 8HP.
Embora não sendo um Toyota “puro”, o Supra atual respira todas as características que nasceram com as 4 gerações anteriores. Possui motor de 6 cilindros, turbo e tem uma distribuição de peso ideal 50:50.
A versão japonesa só está disponível em coupé, enquanto a alemã só está disponível como cabriolet.
O início do Supra
É preciso recuar a 1978 para conhecermos a 1.ª geração do Toyota Supra (1978 – 1981 – A40/A50) que teve como base de desenvolvimento a plataforma de outro modelo desportivo da casa nipónica: o Celica.
O Celica era um automóvel que tinha caraterísticas muito próprias e que foram responsáveis pelo sucesso do Supra, que se destacou logo por ter dimensões maiores (mais comprido e largo) e por receber suspensão independente (dianteira e traseira) e travões de disco nas quatro rodas.
De todas a mais importante e notória caraterística que o destacou foi a utilização de motor de 6 cilindros (2.6 litros), o primeiro bloco Toyota a receber injeção eletrónica de combustível e desenvolvido especialmente para este modelo.
Mais tarde, em 1981, a primeira geração do Supra recebe novo motor 2.8 litros, bloco que deu origem ao processo de mudança para a segunda geração do coupé.
Este motor, que teve assinalável êxito no mercado norte-americano, cumpria o sprint 0-100 km/h em 10,2 segundos. Um número que metia respeito, naquela época.
Nos Estados Unidos da América, o Supra posicionou-se no mercado como o automóvel que queria destronar modelos como o Datsun Z ou outro dos seus rivais o Mazda RX-7.
Ainda durante a 1.ª geração o Supra, foi comercializado no mercado japonês como Celica XX (1978-1981) e nos restantes mercados mundiais como Celica Supra.
A 2.ª geração chegou com diversas surpresas
A 2.ª geração do Toyota Supra (1981-1985 – A60), que em alguns mercados também ficou conhecida como Celica Supra, chegou ao mercado com algumas novidades.
Entre elas o facto de receber faróis escamoteáveis e aerofólio incorporado na carroçaria.
Outra novidade foi o motor. A marca equipa o Supra da segunda geração com bloco 2.8 litros, que debitava 145 cv. O que representava no sprint 0-100 km/h apenas 8,5 segundos, melhorando em 2 segundos quando comparado com o Supra da 1.ª geração.
A velocidade máxima também aumenta, sendo agora de 200 km/h. Em 1982 a Toyota apura a dinâmica deste motor que passa a debitar 150 cv. No Japão o modelo era mais bravo, com o mesmo motor a anunciar 162 cv.
As caixas de velocidades eram duas: 5 velocidades manual ou, em alternativa, 4 velocidades automática.
A 3.ª geração liberta-se do Celica
Com o trajeto comercial a pautar-se por enorme sucesso, a fasquia das vendas ultrapassa os 20 milhões de unidades fabricadas, o nome Celica cai e o Supra assume-se definitivamente como o desportivo da Toyota.
Esta independência começa logo na plataforma que resulta do trabalho de design efetuado no carro. Trabalho que o deixa mais moderno, robusto, mas que mantém os faróis escamoteáveis, da anterior geração.
A 3.ª geração (1986-1993 – A70) apresenta ainda nova solução mecânica com o motor de 3.0 litros que debitava interessantes 200 cv.
Em 1986, para “apimentar” ainda mais o Supra, a marca evolui o motor equipando-o com turbo (o primeiro da Toyota com esta solução) passando o bloco a disponibilizar 267 cv.
Evolução e segurança
A constante evolução da Toyota e a atenção que sempre deu aos aspetos de segurança dos seus automóveis fez com que o Supra fosse o primeiro desportivo da marca a receber o sistema ABS, em 1987.
As inovações e incremento de potência no modelo que cada vez mais despertava interesse nos mercados internacionais não se ficou por aqui.
Em 1990 novo motor de 6 cilindros e 2.5 litros biturbo que prometia 280 cv e uma velocidade máxima de 250 km/h (limitada eletronicamente). Uma bomba.
4.ª geração carroçaria mais resistente e menos peso
A 4.ª geração Supra é, de todas, a que ficou mais conhecida e bem vincada na memória coletiva.
O modelo foi totalmente redesenhado para acompanhar a tendência da época ao apresentar-se com ar mais robusto, e design onde se destacavam as curvas.
A frente intimidava os demais concorrentes ao receber grandes faróis e ampla tomada de ar no para-choques.
Na traseira destacava-se o grande aerofólio e os farolins com três seções circulares, enquanto o peso da carroçaria baixava em 60 kg graças à adoção de alguns elementos em alumínio (capot, teto e suportes dos para-choques).
Já as motorizações continuavam em ascendente, com duas opções: um bloco 6 cilindros aspirado que anunciava 223 cv e um biturbo que produzia 280 cv. Isto quanto às motorizações disponíveis no Japão.
Mais potência
Os modelos que chegavam aos Estados Unidos da América e à Europa beneficiavam de incremento de potência. Os motores recebiam novas turbinas e injetores de combustível e passavam a debitar interessantes 324 cv.
Quanto à velocidade máxima, o motor biturbo atingia os 290 km/h (mas na realidade era limitado eletronicamente a 180 km/h no Japão, e a 250 km/h nos outros mercados).
Uma curiosidade dos turbos do Supra é que ao contrário de funcionarem juntos – modo paralelo – como é comum, funcionavam em modo sequencial. O primeiro atuava desde as baixas rotações, enquanto o segundo só enchia o “pulmão” a partir das 4.000 rpm. Daí o gozo na condução do Supra. Sempre em alta.
Para espremer toda a potência do motor, a Toyota equipava o Supra com caixa manual de 6 velocidades no biturbo. O motor aspirado continua a fazer uso da caixa de 5 velocidades.
As versões automáticas permitiam a troca manual de caixa e estavam disponíveis para os dois modelos então comercializados.
Questões ambientais ditam o fim do Supra
As questões ambientais que se levantavam nos Estados Unidos da América anunciavam o final do sucesso do Supra naquele mercado. Também as seguradoras interferiam no segmento dos coupés ao exigirem, cada vez mais, valores elevados para este tipo de automóvel.
Por outro lado o Supra não era um automóvel barato: ombreava com o Corvette, um dos modelos charneira no mercado norte-americano.
As vendas diminuem e 1998 dita o fim do Supra nos EUA. No Japão a produção terminaria só em 2002.
A fama que criou não só no Japão, mas principalmente nos EUA e na Europa, foi responsável para que o ícone dos modelos desportivos da Toyota nunca morresse. E prova disso mesmo é a chegada da 5.ª geração em 2019.
Toyota Supra bem sucedido no desporto
O Supra além da excelente carreira comercial portou-se muito bem no mundo do automobilismo, com diversas conquistas entre 1995 e 2003, ano em que participou nas 24 Horas de Le Mans e na incrível prova Pikes Peak.
A estes, somou ainda diversos troféus em campeonatos nacionais e internacionais que ajudaram a solidificar não só a sua carreira, como também a aumentar a legião de fãs, espalhada por todo o mundo. O seu espírito estava bem vivo e o desejo de ser novamente produzido concretizou-se em 2019.
Sucesso no cinema e videojogos
O Toyota Supra é inspirador. Além de automóvel desportivo icónico a sua presença está gravada na mente de quem viu em 2001 o filme The Fast and the Furious (modelo de 1995); 2 Fast 2 Furious, em 2003; Fast & Furious, em 2009; Furious 7, em 2015 (aqui em homenagem ao falecido ator Paul Walker) e em Fast & Furious 9. Neste filme apresenta-se um GR Supra, de 2020. Nos videojogos, e nos simuladores de condução, o Supra marca presença no Grand Theft Auto: San Andreas, Gran Turismo, Forza Motorsport, Need for Speed, Midnight Club, Assetto Corsa e Asphalt 8: Airborne.
Toyota GR Supra: o desportivo
Atualmente o Supra, mais concretamente os modelos GR Supra Legacy e GR Supra Signature estão disponíveis nos concessionários Toyota.
O coupé de 2 lugares é a expressão do prazer de condução da marca nipónica e está disponível a partir de 66.000,00 euros. Descubra-o aqui.