Um estudo do Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis concluiu que o risco de burnout está a afetar cerca de 8 em cada 10 trabalhadores no país, alertando que a intervenção no âmbito da saúde mental deve ser uma prioridade presente para as empresas.
Profissionais que atuam nas áreas da educação, saúde e administração pública são os mais afetados. De seguida, na lista dos trabalhadores em maior risco, estão os que trabalham nos setores do comércio e retalho, além dos transportes e da área social.
O estudo em causa destacou que é urgente que sejam trabalhadas as lideranças e desenvolvidas, pelas entidades patronais, estratégias com foco na gestão de conflitos.
Risco de burnout afeta maioria dos trabalhadores em Portugal
Durante a investigação do Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis foram analisados à volta de dois mil profissionais, das áreas já citadas e ainda da restauração, alojamento e indústria, entre outras.
Quase 80% dos trabalhadores apresenta riscos elevados de desenvolverem problemas do foro mental, apresentando pelo penos um sintoma de burnout.
Foram avaliadas diversas organizações em atividade no país e, de seguida, o foco recaiu sobre setores de atividade mais específicos. Os investigadores concluíram que alguns envolvem mais risco, face a outros.
Entre os fatores que desencadeiam a exaustão extrema dos profissionais foram destacadas esferas como exigência excessiva, psicológica ou física, relações tóxicas com colegas e/ou lideranças, e recursos – ou a falta deles.
A falta de reconhecimento e competências pouco ou mal aproveitadas podem, também, ser outros dos fatores que contribuem, gradativamente, para a instalação de um quadro de burnout.
Portugueses com sinais de exaustão extrema
Sintomas relacionados a a piora da qualidade do sono, mudança nos padrões de relacionamento interpessoal e baixa tolerância são identificados como forma de avaliar o risco de burnout.
Cerca de 80% dos trabalhadores analisados referiram ter, pelo menos, um sintoma de burnout – como irritabilidade, tristeza, exaustão e cansaço extremo, mas 63% afirmaram mesmo ter os três ao mesmo tempo.
Na análise, os trabalhadores referiram que, muitas vezes, não se sentem valorizados e que as gestões estão focadas mais nos resultados do que no bem-estar de quem presta serviços.
Como o burnout afeta o trabalhador?
O profissional em risco de burnout tem várias das áreas da sua vida afetadas. Na realidade, pessoas em situação de cansaço extremo têm a saúde laboral, física e social comprometidas.
O que poderia parecer ser um problema apenas do trabalhador, na realidade, afeta as empresas de forma expressiva. Uma das consequências do risco de burnout é o baixo rendimento do profissional, que apresenta uma redução no seu desempenho.
O profissional assume a tendência de trabalhar menos, com mais níveis de stress, cometendo mais erros e estando envolvidos em mais conflitos no ambiente laboral.
Intervenção e prevenção
O estudo refere que é crucial que as empresas estejam atentas às mudanças possíveis de realizar e às formas de intervenção no âmbito da saúde mental dos seus colaboradores. Foi destacado que o comprometimento do trabalho de um colaborador tende a influenciar, de forma negativa, o trabalho em equipa.