Afonso Aguiar
Afonso Aguiar
03 Mai, 2021 - 14:58

Trotinetes elétricas: a sustentabilidade ganhou uma nova vida

Afonso Aguiar

As trotinetes elétricas são uma alternativa mais prática à deslocação urbana. Conheça as vantagens e as regras de circulação previstas na legislação.

Mulher em trotinete elétrica

As trotinetes elétricas estão, cada vez mais, a ganhar o seu espaço em Portugal. Enquanto antigamente raramente se via uma nas ruas portuguesas, agora de Norte a Sul do País é comum ver jovens e adultos a passear nestes veículos.

Tal como todas as novidades, ainda há muitos que desconhecem as vantagens deste meio de locomoção. Isso não quer dizer, no entanto, que não se torne moda. Basta verificar que, em janeiro de 2020, a multinacional Lime expandiu-se para a capital portuguesa.

Considerada uma das principais startups do ano de 2019, esta empresa permite o aluguer e partilha de trotinetes elétricas. Para além disso, tem pontos de “estacionamento” colocados em vários cantos da cidade, bastando para isso utilizar a aplicação homóloga.

Além disso, fruto do confinamento e da necessidade de viajar mas, ao mesmo tempo, apanhar ar fresco, pode-se dizer que esta solução veio para ficar. Principalmente se tivermos em conta que, ao contrário das bicicletas, não é necessário uma grande destreza para aprender a conduzir.

O que é uma trotinete elétrica?

Uma trotinete é um veículo de duas rodas, sendo as mesmas colocadas em extremidades opostas, debaixo de um apoio horizontal, local onde quem circula costuma apoiar os pés.

É bastante parecido com um Segway, diciclo popularizado em Portugal na década 2010. No entanto, ao contrário deste, as rodas não estão lado a lado, mas sim uma à frente e outra atrás.

As trotinetes elétricas têm um motor que garante a contínua circulação do veículo. No entanto, o seu funcionamento é diferente dos motociclos e mais parecido com as bicicletas elétricas, uma vez que para ativar o motor não é necessário “dar à chave” e acelerar com o pedal.

Basta, então, acelerar uma ou duas vezes com os pés no chão de forma a ganhar balanço para o mesmo ligar-se automaticamente.

Vantagens e desvantagens das trotinetes elétricas

Vantagens

As trotinetes elétricas têm bastantes vantagens quando comparadas com os veículos convencionais (automóveis, motos, triciclos, quadriciclos, etc.):

  • Ecológicas: com um motor elétrico poluem pouco;
  • Fáceis de transportar e estacionar: uma vez que são veículos mais pequenos, são fáceis de transportar manualmente e também de estacionar. São bastante práticas, por exemplo, quando pretende ir de comboio para o local de trabalho, mas a estação fica a alguma distância ou da morada de residência, ou do sítio onde labora;
  • Seguras e fáceis de manobrar: uma vez que a velocidade das mesmas é limitada, são bastante seguras. Para além disso, dadas as dimensões, conseguem manobrar-se facilmente;
  • Económicas: As trotinetes elétricas têm valores a rondar a centena de euros, o que é bastante menos do que, normalmente, um automóvel, uma mota ou até uma bicicleta elétrica;
  • Conectividade: a maior parte das trotinetes elétricas têm algum tipo de sistema de conectividade com o telemóvel, podendo, por exemplo. controlar o estado da bateria.

Desvantagens

Por outro lado, também apresentam algumas desvantagens:

  • Mau tempo: uma vez que não tem qualquer tipo de proteção para a chuva e o vento, não são uma boa opção para os dias de inverno;
  • Velocidade limitada: ou seja, dificilmente conseguirá chegar rapidamente ao seu destino.

Além disso, há quem aponte a pouca autonomia e durabilidade das baterias como um defeito. No entanto, esses argumentos poderão ser contrapostos. Afinal, com uma bateria comummente entre os 250 e os 500 Watts, mas já com algumas a aproximar-se de valores de 1Kw, dificilmente poder-se-ia pedir mais do que 30 a 40 quilómetros.

O mesmo pode ser dito em relação à durabilidade, uma vez que as mesmas aguentam cerca de mil ciclos de carregamento. Mesmo considerando o desgaste natural com o tempo e o “efeito memória” (também apelidado de “bateria viciada”), com a introdução das baterias de lítio, que vieram anular ou diminuir esses defeitos, as baterias das trotinetes elétricas permitem, pelo menos, circular cerca de dois mil quilómetros ao longo da sua vida.

Características de uma boa trotinete elétrica

Homem a andar de trotinete elétrica

Geralmente, as trotinetes elétricas distinguem-se umas das outras com base em três fatores:

  • A potência e autonomia da bateria (medida em Watts);
  • Os sistemas de conectividade incorporados; e
  • O peso (que, por sua vez, influencia a velocidade e a aceleração da mesma).

Preço

Apesar de mais baratas do que outros veículos já citados, comprar uma trotinete elétrica implica a gastos na ordem das centenas de euros, aproximando-se ou ultrapassando, em alguns casos, os mil euros.

Assim, importa analisar muito bem cada opção para escolher a trotinete elétrica mais indicada para si.

Trotinetes elétricas: exigências e legislação

No Código da Estrada, as trotinetes elétricas são equiparadas a bicicletas elétricas. Portanto, desde a revisão de 2014 do Código da Estrada têm alguns direitos não existentes anteriormente.

Assim, têm prioridade à direita e podem circular tanto em ciclovias, como na estrada. Podem, ainda, circular paralelamente, desde que não causem embaraço ao trânsito, tal como na berma da estrada.

Além disso, para serem ultrapassadas por um automóvel, é necessário que este mantenha uma distância de pelo menos 1,5 metros.

Embora equiparadas a veículos, não é necessário carta de condução para conduzir trotinetes elétricas. Não obstante, importa ter conhecimento do Código da Estrada.

Finalmente, o uso do motor está limitado a 250 Watts por segundo e a uma velocidade máxima de 25km/h.

O uso de capacete

Relativamente ao uso de capacete, há atualmente uma discussão. Tudo começou numa operação da Polícia de Segurança Pública (PSP) em dezembro de 2018, em Lisboa, quando a mesma decidiu fiscalizar o uso de capacetes por parte dos utilizadores de velocípedes elétricos (bicicletas e trotinetes) da Gira (rede de partilha pública de bicicletas).

Depois dessa ação de fiscalização, tanto a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), como a Câmara Municipal da capital portuguesa, acabaram por advertir que, segundo a sua interpretação, os utilizadores não necessitavam de usar capacete.

Em causa estava a interpretação do que era velocípedes com motor, sendo que segundo o disposto no nº5 do artigo 82 do Código da Estrada, os condutores de velocípedes com motor e de trotinetes com motor, entre outros,

devem proteger a cabeça usando capacete devidamente ajustado e apertado.

Porém, a EMEL e a Câmara de Lisboa contrapunham que tanto as bicicletas como as trotinetes são “eletricamente assistidas” e não de uso obrigatório do motor.

Após reuniões sem sucesso das três entidades, foi a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) esclareceu que o capacete não é obrigatório nas bicicletas e trotinetes elétricas.

No entanto, esta decisão é alvo de dúvida. A DECO, por exemplo, salienta no seu site que não concorda com a interpretação da ANSR e levanta a questão se a mesma tem autoridade para tomar tal decisão.

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