A Uber vai oferecer quiet mode, ou o “modo silêncio”, aos clientes que requisitem o seu serviço premium Uber Black.
Isto quer dizer que todos os clientes da aplicação que requisitem um veículo de luxo, vão poder selecionar esta nova opção para garantir uma viajem em silêncio, isto é, sem conversa com o condutor do veículo que estão a utilizar.
Se para os cliente mais tímidos e anti-sociais esta nova característica é muito bem vinda, outros consideram-na uma limitação à liberdade do condutor e um retrocesso na capacidade de gerir relacionamentos sociais entre indivíduos.
Uber vai oferecer quiet mode: para dizer não a conversas inconvenientes
A nova modalidade vai aparecer no interface da aplicação quando o utilizador requisitar um Uber Black. Aqui, poderá escolher entre 3 opções: o “quiet mode“ (“modo silêncio”) que vai dar indicação de que quer uma viajem sem conversa, o modo “happy to chat“ (“feliz por falar”) que informa o condutor que não se importa de conversar, e o modo “no preference” (“sem preferência”) que faz com que a conversa possa acontecer naturalmente.
Os responsáveis da Uber garantem que esta é uma opção que vai ao encontro dos desejos de muitos dos seus clientes. Isto porque a internet está cheia de partilhas de queixas e comentários sobre conversas chatas, bizarras e até mesmo impróprias que muitos dos passageiros da Uber já tiveram de aguentar durante os seus trajetos. Desde perguntas demasiado intrusivas, até comentários que podem deixar o passageiro muito desconfortável, especialmente se a conversa do condutor se revelar uma tentativa de flirt não desejada.
Mas as queixas não são apenas dos passageiros. Muitos condutores já afirmaram que também preferem fazer a viagem concentrados no trajeto e sem ter de embarcar em trocas de ideias ou ter de inventar tiradas espirituosas para impressionar os passageiros.
Sim, impressionar, porque no cerne do problema está também o funcionamento da aplicação, que permite aos passageiros pontuar as capacidades de conversação dos seus condutores. A existência deste suposto ranking faz com que muitos condutores forcem assunto de conversa para conseguir pontuações mais altas, mesmo preferindo conduzir em silêncio.
Uber vai oferecer quiet mode: investimento no serviço de carros de luxo
Apesar da Uber ter crescido com base no seu serviço low cost, a origem da empresa esteve ligada a disponibilização de um serviço de carros de luxo via smartphone e é nesse serviço que a empresa está de novo a apostar.
A introdução do “quiet mode” faz parte de algumas novas opções que vão aparecer no interface premium e que têm por objectivo diferenciá-lo do serviço regular, ajudando a justificar o preço destas viagens que é duas vezes superior.
Os clientes que queiram aproveitar a viagem para descansar ou trabalhar em silêncio, não se importarão de pagar um pouco mais pela corrida, até porque o luxo traz outras opções como escolher à priori a temperatura da viatura, pedir ajuda com a bagagem ou mesmo ter disponível apoio telefónico ao vivo.
Uber vai oferecer quiet mode: desumanizar a viagem
O já chamado “botão do silêncio” que a Uber lançou no interface da sua aplicação pode vir a ter mais implicações do que o inicialmente previsto pela empresa. Isto porque para muitos esta opção que pretende pré-determinar o silêncio humano é considerada um abuso de poder e vai além do desconfortável, já que pode abrir um precedente grave nas relações interpessoais.
Como espécie social que somos, que implicações de futuro pode vir a ter a substituição de uma interação diária normal como a gestão de um conversa, mais ou menos animada, por um requisito digital que se pode ativar ou não ativar?
A longo prazo, mais proibições e preferências podem vir a limitar outro tipo de interações, retirando espontaneidade, maturidade e competências para gerir conversas que queremos ou não queremos ter.
Independentemente do que possa vir a ser o futuro das relações interpessoais, o que é certo é que o “quiet mode” da Uber vai avançar experimentalmente nos EUA este mês. Para já, é preciso pensar que nunca poderá ter um carácter obrigatório já que os condutores do serviço são trabalhadores independentes, não sendo por isso obrigados a cumprir com o requisito.
Ficam apenas a saber qual é a preferência do passageiro e a partir daí podem optar por cumprir esse pré-requisito, para subir no ranking da classificação dos passageiros, ou por dar livre curso a relação interpessoal que a viagem pode criar.
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