Pare em que terra for, uma coisa é certa… mais cedo ou mais tarde lá vou eu de cartão na mão com o nome da próxima localidade em letras grandes, para a beira da estrada esperando uma boleia. A mochila fica ao meu lado para perceberem que sou mochileiro.
Sei que um carro vai parar… e em Montevideu não foi diferente! Durante o caminho vê-se muitos jovens a pedirem boleia, algo normal no litoral do Uruguai.
Adeus, Uruguai!
Infelizmente a última boleia deixou-me já dentro da cidade de Montevideu, mas longe do Hostel onde iria ficar. Dos relatos que existem sobre andar à boleia e da minha experiência pessoal é praticamente impossível conseguir uma boleia dentro de uma grande cidade. Assim, e depois de ainda ter tentado a minha sorte, tive que ir de autocarro o resto do trajeto. Cheguei ao Hostel… estava deserto!
Não fosse o dono morar ao lado diria que tinha sido abandonado há poucos dias. Ia ficar a dormir sozinho no Hostel, por sorte os últimos hóspedes deixaram alguma comida (vegetais, azeite, queijo e até vinho e chocolate!). Um luxo a que tive direito. Falei com o dono que me explicou a filosofia do Hostel e, por receber estudantes, agora durante as férias de verão está vazio.
O sol já se tinha posto e apesar de estar cansado por ter passado a maior parte do dia na estrada, acabei por ir dar uma volta e ir ter com o Lucas que estava noutro Hostel, também em troca de trabalho por alojamento e alguma comida. Foi bom voltar a vê-lo ao fim de dois meses.
Partilhámos as histórias por que passámos, os locais onde estivemos e os planos da viagem de cada um. Como é bom encontrar alguém que conhecemos! É quase como se fosse um familiar, nesta viagem onde as pessoas que conheces aparecem e desaparecem num flash.
Montevideu estava deserto, excepto uma ou outra feira e alguns parques, a cidade parecia abandonada, com relativamente pouca coisa para ver, em algumas horas a cidade estava vista. No Hostel praticamente não fiz nada, pois o dono nem sabia bem em que é que eu podia ajudar e também só já estava a pensar nas suas férias.
De novo na estrada, o destino era Colonia de Sacramento, uma das cidades mais bonitas do Uruguai, fundada por portugueses. Ia sem conhecer ninguém, nem ter nada agendado. Quando chegasse logo via como iria fazer para dormir e comer sem gastar dinheiro. Depois de duas boleias e de um almoço oferecido por uma delas, segui a pé até ao centro histórico de Colonia, que tem semelhanças com Paraty.
Porém para mim, Paraty tem outra magia. Encontrei um jardim mesmo ao lado do forte, onde acabei por passar duas noites, além da comida que trouxe de Montevideu, cozinhei um arroz que levava comigo e ainda fui presenteado com um prato cheio de comida, que possivelmente ia para o Iixo, de um restaurante que tinha acabado de fechar.
O objetivo em Colonia era ir à boleia de barco até Buenos Aires, onde cheguei a ter tudo combinado com um argentino que iria de veleiro. Porém, uma mini tempestade tropical acabou por fazê-lo mudar de ideias devido à responsabilidade que era ter que levar-me no barco. Assim segui pela estrada e tenho pela frente 600km até chegar a Buenos Aires.
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