Eram cinco da manhã quando cheguei ao Peru, depois de uma viagem que durou quase doze horas de autocarro. Tinha uma mensagem que me explicava como tinha que chegar a um hostel, que estava em construção em Pisac, a quarenta minutos de Cusco, onde supostamente se encontrava a organização do festival Pachamama Conexión.
Quando cheguei à porta de um edifício que estava em construção, que correspondia mais ou menos à descrição, vi um peruano e perguntei se conhecia o hostel e o festival, de imediato disse-me para entrar e fui convidado a tomar o pequeno-almoço com eles. Era o dia em que chegariam os voluntários e, enquanto aguardávamos que chegassem todos, fomos juntando madeira para fazer fogueiras durante o evento.
Pela tarde fomos até ao Vale Sagrado dos Incas, onde seria o festival. As montanhas imponentes que envolviam o local eram verdes e vermelhas das rochas que pareciam queimadas dos sol e que, por vezes, sobressaíam entre as árvores e os arbustos.
O local era uma quinta com três casas da época colonial e alguns vestígios em pedra do tempo dos Incas. Havia vários relvados e um deles era entre as três casas, com uma palmeira em cada canto e onde sempre tomávamos o pequeno-almoço sobre os primeiros raios de sol que rompiam pela montanha.
O momento de comer era um dos meus favoritos, talvez devido à fusão da comida que era confeccionada por um peruano e um italiano e que todos os dias nos presenteavam com um banquete delicioso, onde apontava sempre nos meus registos uma nova receita.
No primeiro dia, fizemos a divisão de grupos e eu fiquei a ajudar na equipa que estava a pintar as telas para o palco principal. Tínhamos umas telas gigantes e com cores fluorescentes, pintámos numa tela roxa para que durante a noite, sob a luz negra, sobressaíssem apenas os desenhos.
Quando os desenhos estavam quase prontos, apareceu a oportunidade de ajudar a construir uma estrutura de decoração em canas e logo me voluntariei para ajudar. No norte da Argentina aprendi a fazer um teto em canas e fiquei apaixonado por esse tipo de construção, sendo que uma das razões porque quis fazer voluntariado neste festival era para aprender mais sobre construção natural combinada com a parte artística. A oportunidade perfeita!
O grupo de voluntários era grande e apesar da grande maioria ser argentina, havia várias nacionalidades como colombianos, venezuelanos, brasileiros, franceses, alemães e italianos. Há noite, iluminados pela lua cheia, fazíamos uma fogueira debaixo de um pinheiro e havia sempre alguém que animava a noite com uma guitarra na mão, onde se juntava por vezes um djambé.
Um dia combinámos fazer uma caminhada noturna até ao topo da montanha onde havia umas ruínas que – não querendo exagerar – fizeram-me pensar que estava em Matchu Pitchu, devido à sua imponência e também por estar em escada sobre a inclinação da montanha.
Na próxima semana vou contar como nos cederam a pizzaria para o festival. A viagem continua em Puririy.
Veja também: