Share the post "UNESCO: novos tesouros no património cultural imaterial da Humanidade"
Reunido na cidade paraguaia de Luque, o Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO anunciou a inclusão de 61 novos elementos na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade. Esta distinção visa preservar práticas e tradições que conferem identidade às comunidades, fomentam a diversidade cultural e reforçam a criatividade humana.
Desde a criação da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, em 2003, a UNESCO tem vindo a destacar expressões culturais que transcendem fronteiras e que, muitas vezes, enfrentam o risco de desaparecimento. Mais do que uma lista de honras, este reconhecimento é um apelo à preservação de tradições que promovem a continuidade cultural e o respeito pelas diferentes heranças culturais do mundo.
A arte equestre portuguesa: nova joia do património nacional
Portugal alcançou um novo marco ao ver a arte equestre portuguesa adicionada à prestigiada lista da UNESCO. Este reconhecimento reflete uma tradição que combina funcionalidade, beleza e uma ligação profunda entre cavalo e cavaleiro.
De acordo com a UNESCO, a prática destaca-se pela harmonia e respeito mútuo, baseando-se numa comunicação voluntária e na ausência de força. O cavalo puro-sangue Lusitano é essencial nesta arte, reconhecido pela sua flexibilidade, maneabilidade e capacidade de resposta às instruções do cavaleiro.
Eventos como romarias, feiras e festividades são palcos naturais para a celebração desta tradição, onde os trajes típicos e os arneses ornamentados reforçam a identidade visual e cultural da prática.
Com esta nova entrada, Portugal soma agora oito tradições na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade:
- Fado (2011)
- Dieta mediterrânea (2013)
- Cante alentejano (2014)
- Figurado em barro de Estremoz (2017)
- Caretos de Podence (2019)
- Falcoaria (2021)
- Festas do Povo de Campo Maior (2021)
- Arte equestre portuguesa (2024)
Diversidade cultural: novos reconhecimentos globais
Para além da contribuição portuguesa, a lista de 2024 inclui práticas e produtos de 88 países, refletindo a diversidade cultural global. Entre os destaques estão o saké japonês, uma bebida milenar feita à base de arroz que tem até um Dia Mundial (1 de outubro), e o pão de mandioca, típico de países como Cuba, Haiti e Venezuela.
Outra inclusão notável é o queijo Minas brasileiro, produzido artesanalmente no estado de Minas Gerais. Disponível nas versões fresco, meia cura e curado, esta iguaria reflete a riqueza do património gastronómico da América Latina e destaca-se pelo seu processo de produção tradicional.
Também na lista estão os ovos da Páscoa pysanky da Ucrânia, decorados com padrões elaborados através de cera, um trabalho minucioso que simboliza fertilidade e renovação. O sabonete de azeite da Palestina, fabricado há séculos, é um exemplo de como produtos simples podem carregar profundo valor cultural e económico, sendo mais um reconhecimento atribuído pela UNESCO.
O Festival da Primavera na China é outro destaque, uma celebração vibrante que marca o início do Ano Novo Lunar e está profundamente enraizada nas tradições culturais do país. Por fim, a cultura de sidra das Astúrias, em Espanha, ilustra como a união entre tradição, agricultura e celebração social reforça os laços comunitários e valoriza os saberes locais, sendo um exemplo notável da preservação da identidade regional.
Impacto do reconhecimento no património cultural
A inclusão no Património Cultural Imaterial da Humanidade não é apenas um reconhecimento simbólico. Este título oferece benefícios concretos, como o incentivo ao turismo cultural, maior visibilidade para as comunidades locais e apoio à preservação de práticas ameaçadas pela globalização.
Para Portugal, o reconhecimento da arte equestre reforça o orgulho nacional e destaca a relevância das tradições portuguesas no panorama internacional. Por outro lado, a diversidade de práticas reconhecidas este ano pela UNESCO sublinha a riqueza cultural de um mundo em constante transformação.