A origem do cancro do colo do útero é, quase sempre, a mesma: uma infeção pelo HPV – sigla inglesa que define o Papilomavírus Humano, altamente transmissível por vias sexuais. É uma doença que progride lentamente, sem grandes sinais de alerta para a mulher que adoece. A principal forma de prevenção é dada pela ciência, através da Vacina HPV.
Mas a verdade é que este tipo de cancro não é o único risco trazido por este vírus para as nossas vidas – tumores malignos no pescoço e cabeça podem ter o HPV como causa.
Então, quem deve tomar e quando? Será esta uma vacina apenas para raparigas, ou também os rapazes devem tomar? É gratuita? Tire as suas dúvidas.
Vacina HPV: tudo o que precisa de saber
Estima-se que o HPV infeta cerca de até 80% de homens e mulheres, com uma incidência acentuada nos jovens adultos, após os primeiros anos que se seguem ao início da vida sexual.
Quem deve tomar, quando e para quê?
O vírus do HPV pode infetar tanto homens, como mulheres, daí a toma da vacina ser recomendada a indivíduos de ambos os géneros, para evitar a infeção por HPV e as suas consequências, como é o caso de lesões e cancros – como o do colo do útero.
Caraterísticas da Vacina Papiloma Humano
A Vacina Papiloma Humano oferece imunidade contra os vários tipos de HPV – existem mais de cem.
Apesar de na Europa estarem aprovadas 3 vacinas contra o HPV (Vacina bivalente que protege contra os tipos de HPV 16 e 18; Vacina quadrivalente que protege contra os tipos de HPV 6, 11, 16 e 18; Vacina nonavalente que protege contra 9 tipos de HPV (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58), em Portugal apenas se encontra disponível a vacina nonavalente (administrada em duas doses).
A vacina disponível no nosso país protege contra os tipos de HPV que mais causam o cancro do colo do útero em Portugal.
Riscos na não vacinação
Os tipos de HPV mais comuns são os 16 e 18, que são responsáveis por mais de metade dos cancros do colo do útero e por outros cancros, como os da vagina, ânus, cabeça e pescoço.
Além dos cancros, importa lembrar que o HPV, nomeadamente os tipos 6 e 11 são, maioritariamente, responsáveis pelos condilomas acuminados genitais (verrugas genitais), por lesões e por uma doença grave, como a papilomatose laríngea.
Vacina HPV em Portugal: para rapazes e raparigas
A Comissão de Vacinas da Sociedade de Infecciologia Pediátrica e da Sociedade Portuguesa de Pediatria aconselha a Vacina Papiloma Humano não só às meninas com 10 anos, mas também aos adolescentes do género masculino, mesmo que não estejam abrangidos pelo Programa Nacional de Vacinação.
Neste momento, esta vacina faz parte do PNV e é gratuita para as raparigas dos 10 aos 17 anos e para os rapazes nascidos em 2009, ou depois. No entanto, pode ser tomada em qualquer idade, mas o seu custo ultrapassa os 400€, caso não seja comparticipada.
Apesar de, recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter anunciado que uma dose da vacina HPV demonstra uma eficácia semelhante àquela que é observada pela toma de duas does intervaladas, em Portugal permanece o protocolo habitual: as duas doses da Vacina Papiloma Humano devem ser administradas com, pelo menos, dois meses de intervalo e até ao período de um ano para a vacinação completa.
Vacina altamente recomendável
Fazer a vacina HPV é altamente recomendável, uma vez que a medida revela-se eficaz antes e depois de se ter contactado com o HPV. Mesmo quem já tenha tido lesões pré-malignas, beneficia em fazer a vacina, pois recidive menos.
Fazer a vacina precocemente é ainda mais vantajoso, pois oferece uma proteção e uma resposta do sistema imunitário mais célere. Além disso, a vacina HPV é eficaz nas reativações do vírus porque, ao contrário da infeção natural – ou seja, a vacinação confere imunidade.
Como alerta final, convém dizer que o HPV provoca, muitas vezes, uma infeção assintomática. Daí, o rastreio ser fundamental, não só através do papanicolau, mas também por meio do teste HPV (o qual não é comparticipado e tem um custo aproximado de 80€).
Caso a infeção progrida e se torne mais invasiva, ela pode começar a manifestar alguns sintomas, tais como hemorragia vaginal anormal, corrimento vaginal com sangue e odor intenso e dores na região pélvica e lombar.
Por isso, consulte o seu médico e equacione a possibilidade de fazer a vacina HPV, se ainda não a tiver tomado.