Share the post "Vale a pena tirar uma licenciatura em Portugal? Faça as contas"
Os números não mentem: em Portugal, os licenciados que têm um trabalho dependente ganham cada vez menos. A indicação é revelada através do relatório mais recente do Instituto Nacional de Estatística (INE). De acordo com os dados do INE, existe um decréscimo significativo a acontecer desde os anos 1990, mas que foi agravado com a chegada da crise financeira e da Troika, em meados de 2014.
Com as novas revelações, num país onde há cada vez mais cursos no ensino superior, fica a pergunta: Ainda vale a pena fazer uma licenciatura em Portugal? Neste artigo, vamos abordar algumas questões pertinentes ao assunto e ajudar a perceber até que ponto esta escolha justifica-se nos dias de hoje.
Quanto ganha um licenciado em Portugal?
O INE revelou que a média dos salários pagos aos licenciados no país está situada nos 1.223 euros. Este número mostra que há uma descida relevante no valor, representando um decréscimo de 20%, aproximadamente. Os cálculos baseiam-se nas médias dos últimos 20 anos, ou seja, a média dos salários atuais foi comparada com os dados oficiais do ano de 1998 – altura em que o salário de um licenciado se encontrava na média de 1.518 euros líquidos mensais.
Um dado interessante revelado no mesmo relatório é que o ano de 2014 foi apontado como a altura em que os salários atingiram o pico, sendo registada uma média salarial de 1.568 euros pagos aos licenciados em Portugal. Três anos depois, como explicar o acentuado decréscimo mostrado através dos números atuais? Não é difícil apontar algumas razões: A crise económica dos últimos anos, a chegada da Troika ao comando das contas do país, os cortes salariais, o aumento dos impostos, as dificuldades enfrentadas pelo atual mercado de trabalho e, como consequência, o agravamento dos índices do desemprego nacional.
Média de salários em Portugal X escolaridade
Para responder à pergunta inicial que nos trouxe a este artigo, há mais números que precisamos de somar às contas – ou subtrair, na realidade.
Será que ainda justifica fazer uma licenciatura em Portugal? Ora bem, de acordo com o mesmo relatório da INE, os portugueses que têm o ensino secundário recebem, em média, um ordenado mensal de 777 euros líquidos. Há quase 20 anos, também em 1998, o valor estava situado nos 865 euros.
Para simplificar as contas, tome nota: hoje, a diferença entre o salário de um licenciado e o salário dos profissionais que concluíram o 12º ano é de 446 euros por mês, que, ao fim do ano, resultam num montante de 6.244 euros. Se fizermos os cálculos tendo em conta o número de anos ativos profissionalmente – 40 anos – e partindo do pressuposto de que a diferença salarial seria mantida ao longo deste período, a diferença no rendimento seria de 249.760 euros.
A investigação do INE mostra ainda que aqueles que apenas concluíram o 9º ano da escolaridade contam com uma média salarial de 639 euros mensais. No entanto, há um diferencial a apontar: este número teve um comportamento diferente e evoluiu no sentido contrário – ou seja, em 1998, quem tinha este nível de escolaridade recebia salários inferiores aos que são observados nas estatísticas atuais. Naquele ano, a média salarial para estes casos estava situada nos 610 euros.
Salários maiores versus investimento
Em resumo, podemos concluir que os licenciados ganham salários maiores, quando comparados aos profissionais que apresentam uma escolaridade de grau inferior. No entanto, esta diferença nos números não é larga e isto tem especial interesse quando é abordada a questão do investimento financeiro que estes jovens fazem num curso superior.
Será que estamos num país de técnicos? Ou, por outro lado, será que estamos a fomentar o crescimento do ensino superior sem, no entanto, repensar a estrutura que envolve o processo de empregabilidade em terreno nacional? Estará o país preparado para este enorme” boom” de licenciados, mestres e doutores? As questões são mais do que muitas, mas uma coisa é certa: cada vez mais, os jovens portugueses que investem tempo e esforço para construir uma carreira sólida descobrem que, para além das fronteiras, o mercado moderno está voltado para a valorização daqueles que se especializam numa área e têm um curso superior. Resta saber se Portugal vai apanhar boleia pelo mesmo caminho, ou se vai continuar a carimbar os passaportes nacionais.
Está a terminar o ensino secundário? Tem dúvidas sobre o futuro e não sabe em que escolaridade apostar nesta nova etapa da vida académica? Então, continue atento aos nossos artigos de educação e universidade. Temos dicas importantes e sugestões valiosas para quem quer apostar na educação de nível superior para conquistar o futuro.