Share the post "Vale de Poldros: aldeia de um só homem no coração do Alto Minho"
Vale de Poldros é uma aldeia de um homem só. Mas a verdade é que raramente está sozinho neste pequeno pedaço de paraíso, encravado nas serranias do Alto Minho, ainda dentro dos limites dos concelho de Monção.
Isto é fácil de explicar. A aldeia já teve particular importância na economia agropecuária da região. Durante o verão, o espaço era ocupado por pastores e agricultores, tonando-se, por breves meses, um verdadeiro aglomerado habitacional de montanha.
Atualmente, Vale de Poldros é uma atração turística, potenciada pelo restaurante que Fernando Gonçalves, o tal único habitante permanente da aldeia, lá decidiu abrir.
Chama-se Val de Poldros e é já alvo de algumas peregrinações gastronómicas para provar uma cozinha regional que teima em não desaparecer. E ainda bem.
Este pode ser o ponto de partida para uma vista pela região, com paisagens de cortar a respiração e sinais, muitos, das tradições de uma economia nómada, que estiveram na base das muitas brandas (pequeno abrigos de pedra) que ainda se podem identificar pelas cercanias.
Vale de Poldros: a aldeia dos “hobbits”
A Branda de Santo António de Vale de Poldros é a que, ainda assim, está melhor preservada nas redondezas do Alto Minho, olhando ao longe o rio Vez a qualquer coisa como 1200 metros de altitude. Daí que as vistas sobre toda a envolvente sejam absolutamente fantásticas.
O advento o turismo resgatou muitos destes espaços do anonimato e até da ruína definitiva. Vale de Poldros não fugiu a esta regra.
O ar acolhedor dos pequenos abrigos beneficiou das parecenças com um cenário da conhecida trilogia “O senhor dos Anéis” e aldeia acabou por ser informalmente batizada como “Aldeia dos Hobbits”. Não está na Nova Zelândia, mas ali algures entre Monção e a meio caminho de Melgaço.
As casas, ou cardenhas, construídas em xisto e granito, transformarm-se num espaço de grande valor patrimonial, sendo testemunha de uma vivência cultural e social já desaparecida. O progresso foi implacável com a forma como as comunidades passaram a encarar as atividades agrícolas e de pastoreio.
A antiga transumância em busca da melhor vegetação quase desapareceu, substituída por maquinaria moderna e rações industriais.
Combate ao despovoamento
Mas voltemos ao único habitante de Vale de Poldros. Fernando Gonçalves fez-se à vida na emigração (esteve em Andorra) até regressar ao seu meio natural em 2004, altura em que decide abrir o restaurante. A ideia era contribuir para estancar o imparável despovoamento da região.
A palavra foi passando de boca em boca e o Restaurante e Bar Regional Val de Poldros entrou nos roteiros do Alto Minho, com a dureza das suas paredes de pedra e a pitoresca decoração campestre a envolver a comida tradicional que ainda ali se prepara, como o cabrito ou a sopa de saramagos. Não perca, mas não se esqueça de reservar lugar.
Se desejar rumar à aldeia com o tempo mais ameno, mas com mais agitação, o mês de junho é o ideal. É a altura em que se festeja o Santo António, com centenas de peregrinos a calcorrearem o duro caminho para venerarem o padroeiro.
O futuro parece estar assegurado para Vale de Poldros. De acordo com a Câmara Municipal de Monção, o grande valor patrimonial deste núcleo de povoamento e de muitas das suas construções justifica um esforço para a sua salvaguarda e valorização.
Além da sua importância, sob o ponto onde vista cultural, estas zonas desempenham um papel relevante como motor de desenvolvimento económico e turístico.
Vale de Poldros: o que ver na envolvente
Estando pela região, há muito que ver, se for com tempo. O Santuário de Nossa Senhora da Peneda, que fica na freguesia de Gavieira, é um lugar recôndito e de uma beleza única e um dos mais importantes e concorridos santuários do Norte.
Não deve perder uma visita a um templo cuja construção de iniciou nos finais do século XVIII. Destaque para a escadaria , com cerca de 300 metros, e as 20 capelas, com cenas da vida de Cristo.
Ainda perto do santuário, não perca a Lagoa dos Druidas. Situada na aldeia de Tibo, oferece aquelas águas límpidas, e frias, que só o Minho consegue proporcionar.
E já que tem os dois pés dentro Parque Nacional de Peneda-Gerês não pode perder a oportunidade para conhecer aquela que é, sem sombra uma das mais fabulosas paisagens do País. Dependendo o tempo e disponibilidade, pode ir a Vilarinho da Furna, conhecer as sete lagoas ou admirar a fabulosa Mata de Albergaria.
Para fechar uma jornada destas em beleza, nada como uma passagem por Melgaço ou Monção, deliciando-se com a gastronomia local e, claro está, a provar o magnífico vinho Alvarinho que faz a justa fama daquelas terras.