Share the post "Autoconsumo de energia: quais as vantagens e quanto pode poupar?"
Para o autoconsumo de energia, a solução é clara: o sol é de todos e todos o podemos usar, mais propriamente à energia por ele emitida. Por isso, pode aproveitar para produzir a sua própria energia, tornando-se, assim, independente da rede pública, reduzindo a fatura de eletricidade e diminuindo a pegada ecológica.
Isto acontece em Portugal desde 2014, altura em que os consumidores portugueses puderam começar a instalar unidades de produção de autoconsumo de energia. Isto é, produzir para si próprios. Para tal, é necessária a instalação de um sistema, habitualmente fotovoltaico, que permite, então, produzir energia limpa e amiga do ambiente, visto que apenas é aproveitada a energia do sol que nos presenteia diariamente.
O autoconsumo é o consumo assegurado por Unidades de Produção para Autoconsumo (UPAC), sendo que cada produtor pode ter uma ou mais unidades. De igual modo, além do autoconsumo, essa energia pode ser armazenada e até transacionada, isto é, vendida à rede.
Está a pensar em investir num sistema de autoconsumo?
Então, de acordo com a DECO, deve ter em conta algumas considerações para perceber se o sistema de autoconsumo de energia é de facto adequado para si e para as suas circunstâncias. Tome nota:
- Verifique se a sua habitação tem as condições mínimas para a instalação de um sistema deste tipo, nomeadamente, uma correta orientação solar, existência de zonas não sombreadas durante o dia, ou que tenham sombra apenas durante curtos períodos, e proximidade entre o local de produção e o de consumo;
- Pelo menos numa fase inicial, escolha um sistema para autoconsumo puro, em que a totalidade da energia produzida seja absorvida e consumida na instalação de utilização;
- Verifique se o seu perfil de produção está alinhado com a energia que será capaz de produzir;
- Antes de avançar com a instalação peça um estudo do local em causa. Esqueça as vendas à distância, porque poderão não tirar o máximo de proveito da localização;
- Compre sempre um equipamento que cumpra todos os requisitos legais;
- Após a instalação, certifique-se de que o instalador lhe dá todos os manuais e certificados de garantia dos vários componentes. Além disso, deve exigir que lhe seja explicado o funcionamento dos vários componentes e quais os procedimentos de manutenção;
- No caso de vender energia à rede, faça as contas e certifique-se de que vale mesmo a pena e está a lucrar com o processo.
Vantagens de um sistema de autoconsumo de energia
Depois de avaliadas as circunstâncias, atente às principais vantagens deste sistema de produção de energia para consumo próprio.
Não precisa de projeto elétrico
Para potências até 1,5kW, ou seja, seis painéis fotovoltaicos de 250W, não é necessário fazer um projeto elétrico, basta apenas fazer uma comunicação. Pode optar por uma empresa que trate de todo o processo.
Pode vender a energia excedente
A energia excedente pode ser injetada na Rede Elétrica Pública e vendida à EDP Distribuição ou por outro comercializador do mercado livre.
O valor da venda é calculado tendo em consideração a indexação do preço de energia elétrica no mercado diário (OMIE) com uma penalização sobre esse valor, que depende também da entidade lhe compra a energia.
Para que possa vender o excedente de energia, caso exista, são necessárias quatro etapas. Deve ter:
- UPAC registada na Direção Geral da Energia e Geologia;
- Contador bidirecional;
- Código de Ponto de Entrega de produção (além de um CPE de consumo);
- Contrato de venda de energia.
Poupança de custos
Visto que produz a sua própria energia, seja parcial ou totalmente, está a poupar na fatura da eletricidade.
Menos dependência dos preços da eletricidade
Como produz energia para autoconsumo está menos suscetível a ser afetado pelas oscilações do preço de venda da eletricidade.
Rentabilização de espaço
Visto que os sistemas são instalados habitualmente nos telhados, não se depara com um problema de espaço.
Retorno do investimento a médio prazo
Após o investimento inicial na instalação de um sistema de autoconsumo de energia, e dependendo da quantidade da produção, o retorno dar-se-á entre 5 a 8 anos.
Equipamento duradouro de baixa manutenção
Os painéis têm uma vida útil que ronda os 25 anos e não necessitam de muita manutenção ao longo do tempo.
Aumenta o valor da casa no mercado imobiliário
Ao colocar um painel solar fotovoltaico na sua casa para autoconsumo de energia está a aumentar o valor comercial da mesma no mercado imobiliário. Ora, a eficiência energética nunca foi tão valorizada como atualmente.
Desvantagens dos painéis solares fotovoltaicos
Os painéis solares fotovoltaicos também possuem algumas desvantagens às quais deve juntar na balança para tomar uma decisão.
Custos elevados de instalação
É certo que com este passo estamos mesmo a diminuir a nossa pegada ecológica. Porém, tal não acontece a custo zero, aliás, o preço de aquisição deste sistema é elevado.
No mercado português, o preço de um kit completo de painel solar fotovoltaico com apoio de baterias com capacidade de 2kWh ronda os dois mil euros. No entanto, dificilmente isto é suficiente para produzir a energia que precisa para consumo próprio. Assim, os custos devem ser multiplicados pelo número de painéis que precisa.
Apenas há produção de eletricidade durante o dia
Além de que é necessário que esteja sol, porque um dia encoberto ou chuvoso é um grande inimigo dos sistemas de autoconsumo de energias.
Nesse sentido, o que pode acontecer é que nos meses de inverno não se consegue produzir toda a energia necessária para consumo. Ainda sim, há uma diminuição do valor a pagar na fatura da eletricidade.
Orientação solar do telhado
Dada a necessidade de contacto com o sol, a localização da casa e a orientação solar do telhado são também constrangimentos que podem influenciar a quantidade de energia produzida.
Quando vai conseguir obter o retorno do investimento?
O portal Poupa Energia, plataforma de comparação de tarifários de eletricidade e gás natural, fez uma simulação que indica qual o Plano de Retorno de Investimento (PRI) de uma UPAC com painéis fotovoltaicos para uma habitação no distrito de Lisboa, com um consumo de 3.000 kWh/ano, uma potência contratada de 6,9 kVA e um preço de energia de cerca de 0,14 €/kWh:
- Potência do solar fotovoltaico: 2kW
- Nº de painéis fotovoltaicos: 6
- Área ocupada pelo solar fotovoltaico: 12m2
- Consumo de energia do edifício : 3.000kWh
- Produção de energia solar: 2.286kWh
- Energia excedentária: 430kWh
- Energia excedentária: 19%
- Autoconsumo: 1.856kWh
- Consumo de energia renovável: 62%
- Custos energéticos anuais: 393€
- Receita anual com fotovoltaico: 263€
- Redução anual da fatura energética: 67%
- Investimento estimado (incorpora os custos com os módulos solares, com inversor e os respetivos custos de instalação): 2.148€
- Custos anuais com operação e manutenção: 43€
- Período de retorno: 8,2 anos