Share the post "Reino Unido vai proibir vapes. Chegará ao resto da Europa?"
O governo do Reino Unido anunciou recentemente que irá proibir a venda de vapes (cigarros eletrónicos) a partir de junho de 2025, numa tentativa de combater o crescente consumo destes dispositivos entre os jovens.
A decisão surge após uma crescente preocupação pública e política com os efeitos nocivos que o uso destes dispositivos pode ter na saúde dos adolescentes e jovens adultos.
Apesar de os cigarros eletrónicos serem inicialmente promovidos como uma alternativa mais segura ao tabagismo tradicional, o seu uso entre os jovens tem vindo a aumentar exponencialmente, levando o governo a tomar medidas drásticas.
Nos últimos anos, o uso de vapes tornou-se extremamente popular entre os adolescentes, com muitos jovens a adotarem o uso destes dispositivos mesmo sem nunca terem fumado tabaco convencional.
Crescimento do uso de vapes entre jovens
O mercado dos vapes cresceu rapidamente, com uma variedade de sabores e designs apelativos, algo que tem atraído uma audiência mais jovem. Estudos recentes revelaram que o número de jovens com idades entre os 11 e os 18 anos que os experimentaram duplicou nos últimos dois anos.
Esta tendência alarmante tem sido associada à proliferação de sabores como “pastilha elástica”, “tutti-frutti” ou “goma de morango”, que atraem os mais novos.
Além disso, muitos são comercializados com embalagens coloridas e atraentes, semelhantes a doces ou produtos de consumo diário, tornando-os particularmente apelativos a um público jovem e inexperiente.
Preocupações de saúde
Embora os vapes sejam geralmente considerados menos prejudiciais do que os cigarros tradicionais, especialistas em saúde alertam que os seus efeitos a longo prazo ainda são amplamente desconhecidos.
O uso de nicotina nos vapes pode criar dependência, levando os jovens a desenvolverem um hábito difícil de quebrar. Além disso, algumas investigações sugerem que os compostos químicos usados nos líquidos dos vapes podem causar danos nos pulmões, embora ainda não haja consenso científico sobre os seus efeitos de longo prazo.
Os médicos também alertam que, embora os cigarros eletrónicos tenham sido inicialmente criados como uma ferramenta de cessação tabágica para adultos que tentam deixar de fumar, eles acabaram por introduzir um novo risco para os jovens, que começam a usar vapes sem qualquer historial de consumo de tabaco.
Este fenómeno é descrito como a “porta de entrada” para o tabagismo, com o risco de os jovens passarem a consumir o cigarro tradicional.
A resposta do governo britânico
Em resposta a estas preocupações, o governo britânico anunciou que a partir de junho de 2025 será então implementada uma proibição total da venda de vapes no país.
A medida inclui a proibição de venda de todos os dispositivos eletrónicos de vaporização, independentemente de conterem ou não nicotina. Os estabelecimentos comerciais terão até essa data para escoar o stock existente, após o que a venda será considerada ilegal.
Esta decisão visa proteger a saúde pública e, em particular, os jovens, que são os mais vulneráveis a iniciar hábitos prejudiciais. A ministra da Saúde britânica, Helen Whately, declarou que “não podemos permitir que uma nova geração de jovens se torne dependente de nicotina através de dispositivos que são injustamente comercializados como inofensivos. Esta proibição é uma resposta necessária ao crescente uso de vapes entre os adolescentes e jovens adultos.”
Reações e críticas
A decisão de proibir os vapes gerou uma ampla gama de reações. Grupos de saúde pública, como o NHS (Serviço Nacional de Saúde), elogiaram a iniciativa, afirmando que é um passo necessário para combater a dependência de nicotina entre os jovens e prevenir futuros problemas de saúde.
Por outro lado, a indústria e alguns defensores da cessação tabágica argumentam que a proibição total pode ser contraproducente.
Afirmam que os vapes têm ajudado muitos adultos a deixar de fumar cigarros tradicionais, e que proibir completamente estes dispositivos pode fazer com que muitos fumadores regressem ao tabaco convencional, que é significativamente mais prejudicial.
Algumas vozes dentro da indústria sugerem que uma regulação mais rigorosa, em vez de uma proibição total, seria uma solução mais equilibrada. Entre as propostas está a restrição de sabores e embalagens mais apelativas, bem como a implementação de limites de idade mais rigorosos na compra de vapes.
O futuro
Esta proibição será uma das medidas mais severas tomadas a nível mundial para controlar o uso de cigarros eletrónicos, e será acompanhada de campanhas educativas e programas de apoio à cessação tabágica.
Resta ver como esta proibição afetará tanto a saúde pública como a indústria de vapes no Reino Unido, mas é claro que o governo está determinado a enfrentar de frente o aumento alarmante do uso de vapes entre os jovens. E a pergunta que se impõe: chegará esta medida a outros países europeus?