Todos assistimos à disseminação descontrolada da variante Delta na Índia e às consequências nefastas que essa propagação trouxe a grande parte da população indiana, ceifando vidas, indiscriminadamente.
À semelhança de outras estirpes, a variante Delta também já chegou a outros países, nomeadamente a Portugal, onde os especialistas acreditam ser ou estar prestes a ser a estirpe dominante. Perceba o que se sabe até agora sobre ela.
Variante Delta: sintomas e transmissibilidade
Desde que a variante Delta (ou B.1.617.2) surgiu e se começou a espalhar, que é sabido que esta estirpe se carateriza por sintomas mais severos e que surgem mais rapidamente, o que pode traduzir-se em mais internamentos hospitalares. A explicação pode estar no facto das concentrações do vírus no organismo serem superiores e diminuírem muito mais lentamente, do que acontece com as outras variantes.
Com a variante Delta, já houve registo de que 12% dos doentes ficaram em estado grave em apenas 2 ou 3 dias após a manifestação dos primeiros sintomas da doença. Além disso, a variante Delta parece ter trazido novos sintomas, que até agora não se manifestavam ou não se mostravam revelantes, como é o caso das dores de cabeça e de garganta e do pingo no nariz. Por outro lado, a perda de olfato parece já não ser tão prevalente nesta estirpe.
Este é outro dos riscos desta variante Delta. O facto dos seus sintomas se assemelharem aos de uma constipação banal podem não servir de sinal de alerta e fazer com que as pessoas continuem a fazer a sua vida habitual, contribuindo ainda mais para a disseminação do vírus.
Todos estes aspetos têm gerado preocupação junto da Organização Mundial de Saúde que indica, ainda, que esta é uma variante 60% mais transmissível, inclusive entre crianças. O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América já classificou a variante Delta como uma variante de preocupação.
Variante Delta e vacinas
Além disso, não está excluída a possibilidade desta estirpe ser capaz de infetar mesmo as pessoas que já receberam as duas doses da vacina contra a COVID-19. Stella Kyriakides, Comissária Europeia para a Saúde, reforçou que há provas de que a variante Delta pode diminuir a força do escudo protetor fornecido pelas vacinas, especialmente quando o esquema de vacinação ainda não está completo. Mais uma razão, para acelerar o processo de vacinação o mais depressa possível.
Contudo, é de notar que também foi publicado um estudo pelas autoridades de saúde britânicas, que assegura que duas doses das vacinas Pfizer ou AstraZeneca protegem mais de 90% contra hospitalizações, em caso de infeção com a variante Delta.
Disseminação em Portugal
Neste momento, de acordo com o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, a variante Delta já está disseminada por todo o país. Isto, porque ela se transmite muito nas faixas etárias entre os jovens e os adultos de 40 anos, as quais se deslocam frequentemente dentro de Portugal.
Portanto, para o especialista, a disseminação desta variante pelo país será uma questão de tempo, já que será muito difícil contê-la na área metropolitana de Lisboa, onde parece estar agora mais concentrada.
À SIC Notícias, o matemático do Instituto Superior Técnico (IST), Henrique Oliveira, adiantou ainda:
“Estamos convencidos que a variante Delta se vai tornar dominante em Lisboa muito rapidamente. O problema é que Lisboa, sendo a capital, estabelece contactos com todas as regiões, nomeadamente em período de lazer. Temos de ter o cuidado de controlar ao máximo o número de contactos porque estamos de facto numa quarta vaga.”