Share the post "Piaggio: não foi fácil o sucesso deste ícone de duas rodas"
A Piaggio, fundada a 23 de abril de 1946, é uma marca global e impulsionadora da mobilidade sustentável nas cidades. Se bem que há 77 anos esse não fosse um tema que causasse grande preocupação às sociedades dos cinco continentes onde a marca está presente. Com mais de 19 milhões de unidades comercializadas, note-se.
No mais, a Piaggio tornou-se num ícone, numa forma de cultura, numa paixão. Sim. Porque muitos dos fãs da marca são verdadeiros apaixonados por uma scooter – a Vespa – que tem tanto de belo como de inspirador, pois passou por várias gerações e soube adaptar-se à realidade.
Tanto que a sua estória, que se confunde com o nascimento da Piaggio, integra modelos elétricos, mais sustentáveis e preparados para o futuro.
A Vespa é o fio condutor de toda a história da Piaggio. Além de cruzar várias gerações, ajudou a criar culturas, em diferentes contextos, adaptou-se aos tempos e protagonizou momentos de rara beleza na sétima arte. Além de ser, claro, o modelo mais bem sucedido da marca italiana.
Vespa presente em todo o Mundo
A Vespa faz sorrir muitas pessoas por esse Mundo fora. É um veículo que conseguiu sobreviver a muitas adversidades, durante 76 anos, mas também trouxe muitas alegrias. Nunca perdeu a linha de design icónica que eleva a silhueta original.
Criada por Corradino D’Ascanio, um engenheiro visionário, atualmente a Vespa é uma marca global e, desde 1946, construída ininterruptamente. Alguns números que caraterizam o modelo:
- – 2006 – Mais de 100.000 unidades produzidas;
- – 2017 – Produção ultrapassa 180.000 unidades;
- – 2018 – Produção atinge 200.000 unidades.
Nos últimos dez anos foram produzidos mais de 1.800.000 novas unidades da Vespa, estando presente nos mercados europeu e ocidentais, incluindo as américas, Vinh Phuc, no Vietname (este serve o mercado local e o Extremo Oriente), e também na Índia. Neste país os modelos com assinatura italiana saem da fábrica de Baramati, fundada em 2012, com o objetivo de construir Vespas que eram dirigidas ao mercado italiano.
Protótipo (1943) não agradou
Viajando ainda pelo “mundo” da Piaggio recorde-se que o primeiro protótipo, designado Moto Piaggio 5, ficou pronto em 1943, mas não agradou ao então chefe do Grupo Piaggio, Enrico, filho de Rinaldo Piaggio, que com o seu irmão Armando administrava a empresa. O protótipo resultava da decisão de Enrico em diversificar a atividade da empresa, até então vocacionada para a construção aeronáutica.
No entanto, o modelo (MP5) também chamado de “Paperino” (nome italiano para Pato Donald) não agradou e Enrico pede a Corradino D’Ascano para rever o projeto. O único problema que se levantou na altura foi que o engenheiro aeronáutico responsável pela criação, e posterior construção, do primeiro helicóptero moderno, não tinha interesse por motocicletas, considerando-as desconfortáveis e pouco práticas.
Ainda assim, D’Ascano, acaba por abraçar o projeto que deveria responder a alguns pressupostos lançados por Enrico: ser um veículo simples, robusto e económico. Além disso deveria ser fácil de conduzir (tanto para homens, como para mulheres) e de poder transportar um passageiro. Outra condição colocada por Enrico era que não deveria deixar as roupas do condutor sujas.
Corradino D’Ascanio: do helicóptero à Vespa
Corradino D’Ascanio coloca mãos à obra e, com a colaboração de Mario D’Este, surge o primeiro projeto da Vespa, que viria a ser fabricado na re-inaugurada fábrica da Piaggio em Potedera, Itália, em abril de 1946.
A pequena scooter teve êxito imediato, muito devido à situação económica em que o país vivia após ter sido arrasado pela Segunda Guerra Mundial. Os italianos estavam sedentos de novidades e a Vespa posicionou-se como um veículo preferencial para deslocações.
No seu design é bem visível as similitudes com a aeronáutica que Corradino D’Ascanio tão bem soube transpor para a Vespa. Como exemplo está a roda dianteira fixada só de um dos lados (tipo bengala), inspirada no trem de aterrissagem dos aviões. O motor está colocado junto da roda traseira, numa zona tapada, o que reduz o barulho de funcionamento e evita sujar o condutor e passageiro.
O motor, de dois tempos, tinha apenas um cilindro, a caixa de velocidades era de 3 mudanças. O tanque de combustível recebia apenas 5 litros de gasolina e a velocidade máxima era de 60 km/h. Com o tanque cheio era possível cumprir uma distância de cerca de 40 quilómetros.
Quando a funcionar, o som do motor suava como um zumbido ao que Enrico Piaggio terá exclamado “Parece uma vespa!”. E foi precisamente com esse nome que o modelo foi registado em 1946.
Apresentado nesse mesmo ano o modelo vendeu de imediato 2.484 unidades. No ano seguinte subiu para 10.535. A pequena Vespa tornou-se num sucesso. Sucesso que se mantém até aos dias de hoje.
Cinema influencia sucesso
O filme “A Princesa e o Plebeu” (1953), de William Wyler, com Gregory Peck e Audrey Hepburn nos principais papéis foi filme impulsionador da Vespa. O filme conta a história da visita a Roma de Ann (Audrey Hepburn), uma princesa, que resolve “passear” anonimamente pela cidade. Acaba por perder-se e envolve-se com Joe Bradley (Gregory Peck), um repórter que, ao reconhecê-la, tem a oportunidade de um “furo”, mas que no final… Bem, o melhor é mesmo ver o filme.
É precisamente o passeio dos dois pelas ruas de Roma numa Vespa que catapulta a pequena scooter para a ribalta do êxito comercial. Atualmente é no filme animado da Disney e Pixar intitulado “Luca” (disponível no Disney+) que a Vespa volta à sétima arte. Ao longo da história a Vespa atua como companheira de viagem, entre a realidade e a imaginação.
Piaggio: dos modelos de combustão aos eficientes elétricos
Após 75 anos de produção a Vespa mantém o condão de despertar paixões e amizades. Ao longo dos tempos a Piaggio soube adaptar o modelo às exigências do mercado e acaba mesmo por lançar este ano de 2021 uma Vespa comemorativa dos 75 anos, à semelhança do que fez aquando dos 50 anos do modelo.
A Vespa marcou a mobilidade individual e mantém-se hoje atualizada. A construção continua a ser robusta. Os modernos modelos estão equipados com motores evoluídos e soluções técnicas de apoio à condução, o que agrada aos utilizadores. O design, esse, mantém-se imortal, sublinhando a elegância da Vespa.
Com o passar dos anos a Piaggio expandiu-se e, atualmente, agrupa um conjunto de outras marcas que a tornam num forte grupo em todo o mundo. Fazem parte deste universo Aprilia, Derbi, Gilera, Ligier, Moto Guzzi, Piaggio, Piaggio Aero, Vespa e Laverda.
Os modelos atuais, o comemorativo e a Vespa Elettrica
Como já referimos, para comemorar o 75.º aniversário da Vespa, a Piaggio concebeu uma nova série especial, denominada “Vespa 75”, desenhada para os modelos Primavera (com motores de 50 cc, 125 cc e 150 cc) e GTS (125 cc e 300 cc). Trata-se de uma interpretação contemporânea que sublima os tons em voga nos anos 1940. Paralelamente a esta edição, a marca disponibiliza um leque de modelos que não deixa ninguém indiferente. A saber:
Vespa GTS Super
Vespa GTS Super 300 recebe motor de alto desempenho 300 HPE e controlo de tração ASR de série. É considerada a Vespa mais rápida e potente de todos os tempos. Está disponível a partir dos 5.680 euros.
Vespa GTS
A Vespa GTS é, na gíria, conhecida por “Vespone” ou “Grande Vespa” devido a possuir um chassis de maiores proporções. Carateriza-se por ser rápida, desportiva e agradável de conduzir. Domina a cidade. Está equipada com motores de 4 tempos 125 cc, 150 cc e 300 cc arrefecidos a líquido. Mas, desafia também o condutor para viagens fora da cidade. Tem equipamento moderno que inclui sistema de travagem ABS e controlo de tração ASR. Disponível a partir dos 5.569 euros
SEI Giorni
Modelo inspirado na história vencedora da Vespa de competição mais famosa, a Sei Giorni combina a mais alta tecnologia com um design que se traduz em conforto e desportividade. O modelo original Vespa Sport “Sei Giorni”, construída para a Sei Giorni Internazionale, em 1951, em Varese, Itália, ganhou 9 medalhas de ouro. A versão moderna combina tecnologia e paixão por viajar. Disponível a partir dos 7.150 euros.
Vespa Primavera
Jovem, inovadora, ágil e dinâmica, com vista à proteção do ambiente, a Vespa Primavera (versões 50 cc, 125 cc e 150 cc) é protagonista do seu tempo. Herda a frescura e alegria de viver que a marca projeta à 75 anos. Disponível a partir dos 3.705 euros.
Vespa Sprint
Dá continuidade à tradição e ao entusiasmo da juventude. Concebida como evolução do recente projeto Vespa Primavera (recebe as mesmas motorizações), tem um corpo pequeno e leve, mas prático e protetor, todo em aço. Caracteriza-se pela linha jovem e por estar equipada com jantes em alumínio. Disponível a partir dos 3.775 euros.
Vespa Elettrica
No mercado desde o final de 2018 a Vespa Elettrica é uma obra de arte sobre rodas, com motor elétrico e com um grande objetivo: mudar o paradigma das deslocações nas cidades. Tornar a mobilidade mais sustentável. Silenciosa e fácil de montar é produzida na unidade fabril de Pontedera e, traduz a revolução contemporânea da marca que sempre esteve à frente do seu tempo. A Vespa Elettrica é também, um veículo ligado devido às funcionalidades do Vespa MIA. Trata-se de sistema multimédia que permite a ligação de um smartphone à Vespa Elettrica. A partir deste as pequenas máquinas podem ser geridas através de uma interface homem-máquina que incorpora instrumentos digitais e um ecrã TFT a cores. A Vespa Elettrica está disponível na versão com velocidade máxima limitada a 45 km/h e na versão de 70 km/h. Disponível a partir dos 6.637 euros.