Se tem crianças em casa, sabe que a luta contra os jogos pode ser constante – já que as suas consequências negativas são uma preocupação comum dos pais em geral. Mas o que, provavelmente, não sabe é que os videojogos influenciam desempenho escolar – e de forma positiva!
Esta é a conclusão de um estudo divulgado na revista médica JAMA Network Open, que analisou dados de um trabalho amplo sobre o desenvolvimento cognitivo do cérebro adolescente.
Para os resultados, os investigadores visualizaram as respostas dos participantes, dos resultados dos testes cognitivos e imagens cerebrais de cerca de duas mil crianças entre os 9 e 10 anos, divididas em dois grupos: os que nunca jogam videojogos e os que jogam todos os dias durante três ou mais horas.
A duração escolhida de três horas teve por base a superação daquilo que é recomendado pela Academia Americana de Pediatria – que sugere entre uma a duas horas de videojogos por dia para crianças mais velhas.
De que forma os videojogos influenciam desempenho escolar?
Se, numa conversa com outros pais, lhe dissessem que os videojogos ajudam no desempenho escolar, acreditaria? O mais certo é que levantasse algumas suspeitas. Mas quem o diz não é um outro pai, nem outra mãe, muito menos a escola. É, sim, uma afirmação da ciência.
De facto, os videojogos são muitas vezes descartados por serem pouco sofisticados, por não ensinarem nada de novo às crianças ou por dominarem por completo o tempo dos mais jovens.
Estamos certos de que passar demasiado tempo em frente ao ecrã é, claramente, mau para a saúde mental e para a atividade física.
No entanto, os resultados do estudo realizado pela revista médica JAMA Network Open mostram que jogar videojogos pode significar um melhor uso desse tempo em frente ao ecrã – em vez de assistir a vídeos no Youtube, por exemplo (que não têm efeitos cognitivos possíveis de detetar).
Independentemente de tudo, a verdade é que existem alguns benefícios associados à vida real. Desde a estimulação cerebral, o alívio do stresse ou o desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas.
8 benefícios associados aos videojogos nas crianças e jovens
Podem melhorar a destreza manual
Os jogos que são baseados em controlos podem ser excelentes para as mãos. Num estudo que envolveu um grupo de cirurgiões, os investigadores descobriram que aqueles que jogavam videojogos eram mais rápidos a realizar procedimentos avançados e cometeram menos 37% de erros do que os que não jogavam.
Existem inclusivamente videojogos especiais que têm vindo a ser utilizados como fisioterapia para ajudar pessoas com dificuldades motoras nas mãos e pulsos.
Os jogadores podem ter melhores habilidade sociais
A aparência do jogador comum não é a de uma pessoa tímida que usa os videojogos como uma maneira de escapar à realidade. São várias as pesquisas anteriores que envolveram crianças, que descobriram que os que mais jogavam eram mais propensos a ter boas habilidades sociais.
Para além disto, os jogadores tinham ainda um melhor desempenho escolar e eram capazes de construir melhores relacionamentos com outros alunos devido à componente de alguns dos jogos.
Os videojogos podem aumentar a massa cinzenta do cérebro
No estudo mais recente sobre o tema, realizado pela JAMA Network Open, os jogadores mostraram mais atividade em áreas do cérebro associadas à atenção e à memória.
Assim, tais descobertas levantam a “possibilidade de que os videojogos fornecem uma experiência de aprendizagem cognitiva com efeitos neurocognitivos mensuráveis”, conforme referem os autores do estudo.
Contudo, não é ainda possível saber se o melhor desempenho cognitivo leva a mais jogar ou se é o facto de jogar mais que melhora esse desempenho.
Podem ajudar a solucionar problemas com facilidade
Um dos benefícios dos videojogos é o facto de serem capazes de ajudar a criança ou jovem a solucionar problemas com facilidade e esta questão pode ser bastante interessante em ambiente escolar.
Se refletirmos bem, os jogos que são baseados em missões e com vários níveis são projetados como autênticos quebra-cabeças complexos, que levam horas para serem resolvidos.
Assim, aprender a pensar rápido e a criar estratégias num ambiente de fantasia de ritmo acelerado pode ser uma habilidade traduzida para o mundo real.
Promovem a participação dos alunos nas aulas
Existe, ainda, um relatório sobre os “benefícios dos videojogos na educação K-12“, que conclui que estes promovem o envolvimento e a resiliência, estimulam a colaboração e incentivam a participação dos alunos.
Tudo isto pode melhorar as atitudes das crianças e jovens relativamente à aprendizagem e promover assim oportunidades de cooperação e liderança através de clubes de jogos e desportos digitais.
Os videojogos podem tornar as crianças mais ativas fisicamente
A maioria das consolas tem agora a tecnologia capaz de tirar os jogadores do sofá e colocá-los de pé e em movimento. De facto, o futuro dos videojogos de realidade virtual vai levar as coisas a outro nível.
Este tipo de iniciativas, fazem com que os jovens e crianças que gostam de jogar passem mais tempo em movimento sem que fiquem parados nas mesmas posições durante horas seguidas.
Incentivam o trabalho em equipa
São vários os jogos que têm obrigatoriamente de ser jogados com outras pessoas e em equipa para que se consigam desvendar problemas e resolver situações.
Por isso mesmo, este tipo de atitude faz com que os mais pequenos ganhem desde novos um bom sentido de resolução de problemas e através do trabalho em equipa.
Ensinam idiomas, estimulam a criatividade e a memória visual
Através dos chats e do idioma de que cada jogo, torna-se mais fácil aprender línguas desde cedo – nem que sejam poucas palavras e muito específicas. A verdade é que os videojogos ajudam bastante a ganhar curiosidade por outros idiomas que não o nosso.
Além disto, estimulam a criatividade através da realidade simulada e virtual, de gráficos, cores e situações pouco prováveis. Já a memória também não fica de fora, visto que é necessário decorarem determinados pormenores para conseguirem alcançar a meta do jogo.
Como podemos ver, os videojogos ajudam no desempenho escolar através de uma série de benefícios que estão associados e que foram estudados por alguns investigadores. E apesar de ser um tema um pouco controverso, é importante ficarmos a par sobre estas questões para que consigamos, também nós, dormir melhor à noite.