É verdade. A partir do próximo ano, a Volvo abandona de vez a produção de carros com motores a diesel, concentrando em exclusivo na aposta que tem vinda a realizar no segmento dos automóveis elétricos.
O último carro com este tipo de combustão vai ser produzido na fábrica de Torslanda e será um XC90. Mas não vai rolar muito. Das linhas de produção da fábrica, seguirá diretamente para o Museu da Volvo, posicionando-se assim como um modelo histórico na vida da empresa fundada em 1927, em Gotemburgo, pelo engenheiro Gustav Larson e pelo economista Assar Gabrielsson.
A estratégia da Volvo ficou bem vincada durante a Semana do Clima de Nova Iorque. “Até 2030 planeamos vender apenas carros totalmente elétricos e até 2040 pretendemos ser uma empresa com impacto neutro no clima”, adiantou a marca, frisando tratar-se de “um dos planos de transformação mais ambiciosos de qualquer fabricante de automóveis tradicional”.
A decisão anunciada na Climate Week NYC surge no seguimento de outra tomada no ano passado de abandonar o desenvolvimento de novos motores de combustão.
Neste sentido e, segundo nota da Volvo Cars, em novembro de 2022 esta vendeu a “participação na Aurobay, a joint venture que abrigava todos os nossos ativos restantes em motores de combustão. Não gastamos mais uma única coroa do nosso orçamento de P&D no desenvolvimento de novos motores de combustão interna”.
Elétricos suplantam motores a diesel
A par do anúncio feito o CEO da Volvo Cars, Jim Rowan, sublinha que os grupos propulsores elétricos são o futuro e que os mesmos são superiores em desempenho aos motores de combustão.
As vantagens é que geram menos ruído, menos vibração e têm menor custo de manutenção para os clientes. Além disso têm zero emissões de escape.
A este propósito, Jim Rowan acrescenta que a marca está focada “na criação de um amplo portfólio de carros premium totalmente elétricos que cumpram tudo o que os nossos clientes esperam de um Volvo, sendo ainda uma parte fundamental da nossa resposta às alterações climáticas”.
Liderança e ação
A Volvo Cars tem o futuro desenhado. Como se este fosse um automóvel premium de alta performance. A eletrificação é a coisa certa a fazer, considera a marca sueca, referindo o recente relatório Global Climate Stocktake publicado pelas Nações Unidas, que sublinhou a urgência da emergência climática enfrentada pela humanidade, bem como a necessidade de ação.
“O que o mundo precisa agora, neste momento crítico para o nosso planeta e para a humanidade, é de liderança”, afirma Jim Rowan. “É chegada a hora de os líderes industriais e políticos serem fortes e decisivos e apresentarem políticas e ações significativas para combater as alterações climáticas. Estamos empenhados em fazer a nossa parte e encorajar os nossos pares, bem como os líderes políticos de todo o mundo, a fazerem a sua”.
Numa clara tomada de posição sobre a forma como encara os temas associados ao clima, e a necessidade de liderança e ação no imediato, Anders Kärrberg, diretor de sustentabilidade da Volvo Cars, participou num evento organizado pela Coligação Accelerating to Zero (A2Z) na recente Climate Week NYC.
Lançada na cimeira climática COP27, a Coligação A2Z fornece uma plataforma multi-stakeholder para os signatários da Declaração de Glasgow sobre Veículos de Emissão Zero, da qual a Volvo Cars faz parte.
Através da plataforma é possível colaborar e coordenar ações dando seguimento ao objetivo comum da coligação de “tornar 100 por cento das vendas globais de automóveis e carrinhas novas livres de emissões de escape até 2040, e o mais tardar até 2035, nos principais mercados”.
Com linhas de ação bem definidas, o objetivo de eletrificação da Volvo Cars é mais ambicioso do que se pode imaginar. Com a sua ação visa “inspirar outras empresas a serem mais ousadas na tomada de medidas contra as alterações climáticas”.
O recente anúncio sobre a decisão de deixar, definitivamente, a utilização de motores diesel, a participação no evento da Coligação A2Z, bem como noutras ações que decorreram na semana do Clima de Nova Iorque, a empresa sueca quis mostrar o quão está comprometida com o ambiente.
Mercado evoluiu e procura mudanças
A decisão da Volvo Cars em deixar de utilizar os motores diesel já no início de 2024 traduz, em parte, a rapidez com que o mercado, e nomeadamente a indústria automóvel, reagiu à crise climática.
Em 2019 as vendas de viaturas novas, na Volvo, era liderada pelos motores diesel, enquanto os modelos eletrificados davam os primeiros passos.
Em pouco mais de quatro anos o mercado inverteu, em grande parte devido aos rigorosos regulamentos sobre emissões dos escapes dos veículos a combustão (gasolina/gasóleo).
Também a evolução da procura por alternativas mais sustentáveis e zero emissões impulsionou a decisão de todos os envolvidos no setor. Pelo que se assiste, desde então e até à atualidade, a uma mudança de paradigma, e à procura por automóveis eletrificados, com grupo propulsor totalmente elétrico ou híbrido plug-in.
O bom desta mudança, que ainda tem longo caminho a percorrer, é que devido a existirem menos automóveis a diesel a circular nas ruas/estradas, resulta um efeito ambiental positivo, nomeadamente na qualidade do ar nas cidades.
Menos CO2 e gases tóxicos como o óxido de azoto (NOx) têm um efeito positivo, no ambiente, tornando a vivência das comunidades mais sã.