Teresa Campos
Teresa Campos
07 Jan, 2019 - 16:09

Zooterapia: saiba mais sobre a terapia assistida por animais

Teresa Campos

Já ouviu falar em zooterapia? Fique a saber mais sobre a atividade assistida por animais e veja como ela pode beneficiar crianças, adultos e idosos.

Zooterapia: saiba mais sobre a terapia assistida por animais

Muitos se perguntam se é possível fazer zooterapia com o animal de estimação que têm aí em casa. Bem, tudo depende das caraterísticas do mesmo. Contudo, no geral, é necessária uma educação e treino específicos, pelo que deve procurar ajuda especializada para o efeito.

Saiba ainda que, embora em Portugal a zooterapia esteja mais desenvolvida no que respeita às terapias com cães, gatos, cavalos e burros, é também possível beneficiar e muito da terapia com outros animais como os golfinhos, os pássaros ou os coelhos.

Zooterapia: finalidade e principais benefícios

Terapia com animais

O que é?

A zooterapia, a atividade assistida por animais (AAA) ou a terapia assistida por animais (TAA) são designações diferentes para um mesmo conjunto de técnicas de utilização de animais, no auxílio à recuperação de seres humanos com vários problemas de saúde.

Estas técnicas pressupõem atividades multidisciplinares e o cruzamento de diferentes formações profissionais. A ciência já comprovou como este género de terapia é capaz de ter efeitos positivos no tratamento de patologias como a depressão, o stress, problemas cardíacos, hipertensão e cancro.

Origem e evolução

O uso terapêutico dos animais remonta ao século XVIII, época em que foi implementado em Inglaterra por Willian Tuke o convívio entre deficientes mentais e animais, cabendo aos portadores de deficiência cuidar e tratar dos animais de uma quinta. Isso proporcionou estímulos positivos evidentes.

Desde então, a zooterapia tem-se desenvolvido e sido aplicada nas mais diversas áreas, com os mais variados fins. Nos Estados Unidos da América, na década de 50 do século passado, por exemplo, foi posta em prática a cinoterapia (terapia com cães), sob liderança do psicólogo Boris Levinson. Isso foi disseminado pela Europa continental, desde 1980.

Para que serve?

Resumindo o que já foi dito e de uma forma geral, pode dizer-se que a terapia assistida por animais é usada no tratamento de crianças, adolescentes, adultos e idosos, com problemas no desenvolvimento cognitivo e equilíbrio emocional. Contudo, há que notar que esta não é uma cura, mas uma terapia reconhecida e eficaz que pode proporcionar ao paciente um sentimento de bem-estar psicológico e físico.

Benefícios gerais

Benefícios caso a caso

Crianças e jovens

  • Aprender a fazer escolhas, controlar a impulsividade e a preocupar-se com os outros, através de tarefas como dar banho, passear, ou escovar;
  • Aumentar o autocontrolo, a sensação de empatia e o desenvolvimento de aptidões sociais, em crianças com défice de atenção ou com um distúrbio de comportamento;
  • Dar assertividade e obediência, a crianças tímidas e reservadas;
  • Diminuição do medo e hiperconsciência, em crianças hipersensíveis ou autistas.

Adultos

  • Motivar e ajudar no cumprimento das obrigações;
  • Proporcionar felicidades, mesmo a pacientes com diagnóstico depressivo;
  • Redução do stress, o que ajuda no tratamento de diversas fobias e distúrbios de ansiedade.

Idosos

  • Ajudar a recordar eventos passados, mesmo em doentes com Alzheimer;
  • Captar a atenção, obrigando a manter o contacto com a realidade;
  • Tranquilizar, o que é importante em pessoas com tendência de reação agressiva.

Tipos de zooterapia, mais comuns em Portugal

Terapia com cães (cinoterapia) e gatos

O cão e o gato não só são adequados para terapias, como melhoram mesmo a qualidade de vida dos idosos. Confira algumas vantagens.

  • Melhora o estado de saúde em geral. Os idosos que vivem com cães têm menos stress e tristeza; têm um menor risco de sofrer de doenças cardíacas, são mais atentos e concentrados; possuem melhor mobilidade. Tudo isto, devido à presença deste animal de quatro patas, suas caraterísticas e, também, necessidades.
  • Faz companhia. O cão combate a solidão e o isolamento séniores, assim como as suas carências afetivas e emocionais.
  • Fomenta a relação com outras pessoas. Passear o cão estimula não só a mobilidade física, como potencia as ocasiões de convívio entre o idoso e o meio social onde se insere.
  • Aumenta a autoestima. Um cão exige cuidados diários, o que faz com que o sénior se sinta útil e tenha objetivos e responsabilidades diários.
  • Apoio sanitário e funcional. Em casos específicos, alguns cães podem mesmo ser treinados para detetar quebras de açúcar no sangue e ataques epiléticos, por exemplo. Outros ainda podem ser ensinados para servir de guias ou avisar que tocaram à campainha ou que o telefone está a tocar.
  • Presta assistência a pessoas portadoras de deficiência. Alguns cães, chamados de assistência, são treinados para apoiar pessoas com diversas deficiências, a realizar tarefas do dia-a-dia. Exemplos: cão-guia (auxilia pessoas com deficiência visual); cão de alerta (avisa pessoas, por exemplo, com epilepsia, da proximidade de ocorrência de um ataque); cão para surdos (indica fontes sonoras a pessoas com deficiências auditivas); cão de serviço (auxilia pessoas com incapacidades motoras ou com problemas do foro psiquiátrico).

Caraterísticas do cão ideal para um idoso

  • Idade: ser um cão adulto, para evitar a demasiada energia de um cachorro;
  • Tamanho: os cães médios e pequenos são mais manejáveis e fáceis de controlar por um idoso. Cães de grande porte podem potenciar quedas ou desiquilíbrios;
  • Caráter: ser um cão sociável, equilibrado, calmo e carinhoso.

Caraterísticas do gato ideal para um idoso

  • Idade: ser um gato adulto que, não só é mais tranquilo do que um mais jovem, como é mais fácil ficar a conhecer o seu caráter;
  • Caráter: ser um gato calmo, sociável, que goste de receber carinho e de estar junto do dono.
terapia com cavalos

Terapia com cavalos (hipoterapia)

Esta prática constitui um meio de reabilitação para vários tipos de patologias, graças à transmissão de movimentos entre cavalo e cavaleiro. A hipoterapia é uma atividade terapêutica, especialmente recomendada para patologias como deficiências motoras e mentais, paralisia cerebral, paraplegia, sequelas de traumatismo craniano, autismo, distúrbios da fala, síndrome de Down, síndrome do X Frágil, síndrome de Willson e outras doenças de origem genética.

A hipoterapia melhora a elasticidade e a flexibilidade, a coordenação motora, a acuidade visual, tátil, auditiva e olfativa, o domínio respiratório, o aumento da perceção do próprio corpo, a capacidade de concentração e estimula sensações e perceções que aumentam os níveis de afetividade do indivíduo, ajudando-o na sua integração social.

Também incrementam o afecto e inserem o indivíduo na sociedade. Para saber mais, pode recorrer a centros como o Centro Equestre Vale da Cela, em Alfeizerão, que ao longo dos seus cerca de 10 anos de existência, tem registado resultados impressionantes junto de crianças e jovens portadores de deficiência.

Terapias com burros (asinoterapia)

A asinoterapia é, particularmente, sugerida em casos de síndrome de Down, autismo, traumas crânio-encefálicos, AVC, amputações, desordens emocionais, distrofias musculares, dificuldades de atenção, fala e aprendizagem, paralisia cerebral, espinha bífida, distúrbios visuais e auditivos, atraso no desenvolvimento neuro-psicomotor, paralisias e hemiplegias.

Esta terapia faz use de uma série de técnicas de educação e reeducação que procuram superar danos sensoriais, motores, cognitivos e comportamentais. Os seus efeitos refletem-se na personalidade, atividade cognitiva, mobilidade, motricidade fina e global, linguagem e comunicação, autoconceito e autoconhecimento. Desta forma, os pacientes ganham maior confiança, força, equilíbrio, coordenação, mobilidade e prazer.

Associação Portuguesa para a Intervenção com Animais de Ajuda (ÂNIMAS).

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